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MENSAGENS FINAIS |
A Natureza Humana de Cristo
By Adventistas Históricos da Penha
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO
A
falsificação mais perigosa é aquela que mais de perto se parece com a
verdade. É por isso que as falsificações religiosas são tão mortais e
freqüentemente toleradas, ao invés de serem identificadas e expostas. Os
Cristãos, em geral, têm medo de serem mal compreendidos se atacarem algo que
se parece tanto com a coisa mais pura na religião. Já que geralmente existe
apenas uma fina linha separando o melhor do pior, eles temem ser acusados de
atacar o genuíno, se se opuserem à falsificação.
Será que
Satanás fabricou algum tal tipo de perversão da mais sagrada das doutrinas
do Cristianismo? De fato ele fez, e as delicadas diferenças têm feito até
mesmo teólogos e eruditos muito reticentes em se oporem a ela abertamente.
Muitos
sinceros Cristãos argumentam que as visões paralelas são tão próximas que
nenhuma dúvida deveria existir sobre isso. Outros acreditam que a diferença
é largamente semântica e envolve apenas graus de significado no uso das
palavras.
Seria
possível que nosso poderoso adversário psicológico pudesse antecipar essas
previsíveis reações humanas e habilidosamente criar sutis desvios da verdade
que dificilmente seriam reconhecidos e resistidos? De fato, eu creio que ele
seria um tolo se não explorasse seus seis mil anos de experiência nas
ciências mentais. É por isso que o caminho do erro sempre jaz tão perto do
caminho da verdade inegável. Satanás apostou que o Cristão médio relutaria
em tomar posição contra algo tão próximo da verdade, especialmente se tal
verdade envolvesse a obra da Cruz, ou a imaculada vida do Filho de Deus.
Quem gostaria de aparecer em oposição a essas santas realidades? Parece
muito mais seguro simplesmente tolerar a posição depravada do que arriscar
ser mal compreendido em atacar a falsificação quase perfeita.
Estou
convencido de que Satanás inteligentemente produziu e popularizou um erro
disfarçado, que levou a uma rede de erros relacionados. E todos eles
circulam ao redor dos assuntos mais sagrados e queridos ao coração de um
Cristão comprometido – justificação pela fé, a encarnação de Jesus, e a
vitória sobre o pecado.
Não pode
haver dúvida de que a série de visões errôneas estão relacionadas umas às
outras por uma convincente cadeia de lógica e razões humanas. Se um ponto é
verdadeiro, então todos os outros pontos devem necessariamente também ser
verdadeiros. Mas se um ponto estiver em erro, os outros pontos perdem sua
credibilidade.
2. O PECADO ORIGINAL
É muito
provável que a cadeia foi iniciada pela injeção da doutrina do pecado
original dentro da teologia da igreja primitiva. Começando com a posição
biblicamente válida da natureza carnal inerente do homem, a qual o predispõe
a pecar, a idéia gradualmente evoluiu para que a culpa de Adão também
fosse imputada a seus descendentes. Agostinho foi responsável, mais do que
qualquer outro, por propagar esta visão da culpa transmitida. Através de
Lutero e dos reformadores, ela encontrou seu caminho dentro de muitas das
igrejas Protestantes.
Embora a
doutrina criasse uma tremenda controvérsia na igreja primitiva, muitos
Cristãos modernos parecem aceitar a visão da maioria hoje sem muita reflexão
ou questionamentos profundos. É fácil ver que existe apenas uma única
diferença marginal entre as duas visões, tanto naquela época quanto agora. A
natureza enfraquecida e pecaminosa de Adão foi passada para seus filhos
através das leis da hereditariedade, tornando impossível para eles não
pecarem, enquanto permanecessem em um estado não convertido. Desde que os
pecados deles eram o resultado do pecado de Adão, foi fácil para eles
deslizarem para dentro do erro de acreditar que eles compartilhavam a culpa
dele.
Mas há uma diferença
muito importante entre a inclinação para o pecado e a culpa do pecado, e é
esse pequeno grau de diferença que tem disparado uma série de outros erros
doutrinários. Disse o profeta: "O
filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho"
(Ezequiel 18:20).
3. O BATISMO INFANTIL
Como uma
conseqüência natural da crença no pecado original, a igreja Católica
desenvolveu uma forte doutrina do batismo infantil. Apenas pelo seu
sacramento de aspersão poderia a maldição da culpa de Adão ser removida do
bebê. Uma vez que a salvação da criança dependia de um batismo apropriado,
prioridade absoluta era atribuída a este ritual. Se uma escolha tivesse que
ser feita entre a vida da mãe e a vida do bebê não nascido, a mãe era
sacrificada. Os médicos e enfermeiras Católicos eram instruídos na arte de
batizar um feto no útero se houvesse alguma dúvida sobre um nascimento vivo.
A
doutrina do pecado original também deu origem ao dogma da imaculada
concepção de Maria. Se todo bebê nascia com a culpa em sua alma, então
alguma coisa precisava ser feita para preservar Jesus dessa culpa – senão
Ele não poderia ser um sacrifício perfeito pelo pecado. A solução Católica
atribuiu a Maria uma concepção miraculosa também, que a preservou do efeito
do pecado original. Portanto, Jesus teria nascido de uma mãe humana sem
participar da suposta culpa de Adão.
Como uma
conseqüência estendida de sua visão de Jesus como, no total, diferente do
homem, a igreja Católica também introduziu o ilegítimo sistema do sacerdócio
humano. Se o Filho de Deus não habitou na natureza caída do homem, então a
escada não foi descida do céu até a terra. O abismo continua sem uma ponte
entre um Deus santo e a humanidade caída. Dessa forma, alguns outros meios
deveriam ser providenciados para completar a conexão.
Primeiro,
ela foi atribuída aos sacerdotes na terra, os quais era sabido possuírem
carne pecaminosa. Depois, um papel mediador foi reivindicado para aqueles
que haviam habitado em carne pecaminosa mas foram canonizados pela igreja
como santos no céu. Finalmente, aos anjos e à mãe de Jesus foi concedido o
status de intercessor entre o homem e Deus.
Já
podemos começar a ver a reação em cadeia das conseqüências de um pequeno
desvio da verdadeira doutrina.
4. NATUREZA CAÍDA OU NÃO-CAÍDA ?
Agora
vamos observar o efeito do pecado original nas igrejas Protestantes. Como
elas puderam evitar o dilema de suas crenças relacionadas com a natureza de
Cristo? Embora eles rejeitassem a tradição Católica da imaculada concepção,
eles inventaram uma doutrina que era igualmente não-escriturística, e que
removia Cristo totalmente da família caída de Adão. Esta visão declarava que
Jesus encarnou de uma maneira especial, que O preservou da participação na
natureza dos descendentes de Adão. Em vez disso, Ele nasceu com a natureza
não-caída de Adão e viveu Sua vida santa no estado incorrupto de humanidade
inocente.
Novamente, somos surpreendidos com a maravilhosa duplicidade da
falsificação. Ele realmente veio na natureza humana, eles dizem, mas deveria
ser na natureza não-caída de Adão, de forma a protegê-Lo da poluição do
pecado original.
A verdade
é que este pequeno desvio estendeu o fundamento para uma série de outras
conclusões falsas que atacam algumas das mais acariciadas verdades do
Protestantismo.
Em primeiro lugar, tal
doutrina é diametralmente oposta ao claro ensinamento da Bíblia. Pelo menos
seis vezes somos assegurados que Jesus teve uma natureza humana exatamente
como a nossa. Em Hebreus 2:11 lemos: "Tanto
o que santifica, como os que são santificados, vêm todos de um só. Por esta
causa Jesus não se envergonha de lhes chamar irmãos."
Irmãos são de uma mesma carne e natureza familiar. Cristo é o único que
santifica, e nós estamos sendo santificados; e todos somos de uma única
carne, de modo que Ele pode nos chamar de Seus irmãos. Isto estabelece o
ponto além de qualquer dúvida.
"Pois
na verdade Ele não tomou sobre si a natureza de anjos, mas Ele tomou sobre
si a semente de Abraão"
(Hebreus 2:16, KJV). Como poderia Ele participar da semente de Abraão se Ele
tomasse sobre Si a natureza do Adão não-caído? A ênfase aqui é que Ele não
tomou sobre Si alguma natureza exótica, sem pecado, tal como a que os anjos
ou o santo Adão pudessem ter tido, mas a mesma natureza que os filhos de
Abraão possuíam. Eles tinham corpos e mentes enfraquecidas pelo pecado.
Assim também Ele. Isto não envolve culpa. Estar sujeito ao pecado não é ser
culpado dele. Ele foi tentado da mesma forma que nós somos, todavia Ele
nunca, nem mesmo uma única vez, entreteceu ou cedeu ao pecado. Ele nunca
desenvolveu qualquer propensão em direção ao pecado por dar-lhe caminho. Ele
permaneceu imaculado pelo pecado e foi sempre totalmente puro e santo.
"Por
isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos
irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes
a Deus"
(Hebreus 2:17).
5. POR QUE A NATUREZA HUMANA?
Por que
Ele nasceu na mesma carne e natureza que temos? Para que Ele pudesse ter
entendimento de nossas fraquezas e inclinações para o pecado, e ser um Sumo
Sacerdote misericordioso por nós. As palavras "em todas as coisas"
realmente significam "em todas as coisas"? É claro.
Paulo declarou que Jesus
"nasceu
da descendência de Davi segundo a carne"
(Romanos 1:3). Seria contrário à razão interpretar estas palavras como
significando que Cristo herdou uma natureza santa, não-caída de Maria.
Qualquer que fosse a semente de Davi segundo a carne, nosso Senhor
participou da mesma. Todos os descendentes de Davi, exceto um, cedeu a suas
inclinações hereditárias e cometeram pecados pessoais. Jesus, como todos os
outros, herdou a natureza de Davi segundo a carne, mas Ele não cedeu à
fraqueza inerente daquela natureza. Embora tentado em todos os pontos como
nós somos, Ele não respondeu com um único grau de indulgência a qualquer
dessas tentações. Sua vida foi uma constante fortaleza de invencível poder
espiritual contra o tentador.
Ao contar
completamente apenas com a força sempre presente de Seu Pai, Ele demonstrou
a vitória que é possível para toda a semente de Davi, segundo a carne,
experimentar.
Novamente lemos: "Portanto,
visto que os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou
das mesmas coisas"
(Hebreus 2:14). Note como o escritor inspirado enfatiza a semelhança do
corpo de Cristo com o do homem. ELE MESMO TAMBÉM PARTICIPOU DAS MESMAS
COISAS (no inglês, HE ALSO HIMSELF LIKEWISE, significando ELE TAMBÉM
ELE MESMO DA MESMA FORMA). Essas palavras são usadas consecutivamente, mesmo
sendo repetitivas e redundantes. POR QUÊ? De forma a impressionar-nos de que
Jesus realmente entrou na MESMA natureza que o homem possuía. Exatamente
como os filhos participam da mesma carne e sangue, ELE MESMO TAMBÉM DA MESMA
FORMA tomou a MESMA! Como alguém pode ser confundido por esta linguagem
não-ambígua?
6. JESUS POSSUIU FRAQUEZAS HEREDITÁRIAS
Incidentemente, essas palavras inspiradas definitivamente nos dizem que
Cristo tomou parte da mesma natureza que os filhos que "são
participantes da carne e sangue". Isto não nos diz, sem dúvida, o tipo
de natureza que Cristo possuiu? Adão teve algum filho nascido antes que ele
pecasse? Nenhum! O fato é que todos os filhos que já nasceram neste mundo
herdaram a mesma natureza humana caída de Adão, porque eles nasceram depois
que Adão pecou. O livro de Hebreus declara que Jesus "também participou
das mesmas coisas." As mesmas quais? A mesma carne e sangue que os
filhos herdam de seus pais. Que tipo de carne as crianças herdam de seus
pais? Apenas carne pecaminosa. Algum outro tipo de carne, exceto carne
pecaminosa, alguma vez foi conhecida entre os descendentes de Adão? Nenhuma,
seja qual for. Se Jesus participou da mesma carne e sangue que os filhos,
tinha que ser carne e sangue pecaminosos. Não há nenhuma outra conclusão
a ser tirada. Todavia, Ele mesmo era sem pecado!
Uma
escritora, reconhecendo esta clara posição bíblica, descreveu isto
sucintamente nestas palavras:
"Teria
sido uma quase infinita humilhação para o Filho de Deus, revestir-Se da
natureza humana mesmo quando Adão permanecia em seu estado de inocência, no
Éden. Mas Jesus aceitou a humanidade quando a raça havia sido enfraquecida
por quatro mil anos de pecado. Como qualquer filho de Adão, aceitou os
resultados da operação da grande lei da hereditariedade. O que estes
resultados foram, manifesta-se na história de Seus ancestrais terrestres.
Veio com essa hereditariedade para partilhar de nossas dores e tentações, e
dar-nos o exemplo de uma vida impecável."
( O Desejado de Todas as Nações, pág. 48 ).
Esta
declaração descreveu a operação das leis da hereditariedade e está em
perfeito apoio à declaração de Paulo, de que Jesus participou da mesma carne
e sangue que os filhos recebem de seus pais. Isto está referindo-se à
hereditariedade também. Se Cristo tivesse nascido com a natureza não-caída
de Adão, a própria sugestão da influência hereditária seria ridícula ao
extremo. Não poderia haver lugar para qualquer tipo de tendências
hereditárias em uma natureza adâmica que nunca conheceu tanto o nascimento
quanto a ancestralidade. Se Ele não possuísse nenhuma fraqueza herdada, por
que o autor de Hebreus diria que Ele participou da mesma carne e sangue que
os filhos recebem dos pais? Certamente é porque o Criador não incorporou
nenhuma fraqueza inerente na criação original. Adão não possuía nenhuma
batalha para lutar contra tendências hereditárias. Ele possuía o poder em si
mesmo para escolher sempre não pecar.
Jesus, como homem,
reivindicou ter esse mesmo tipo de poder? Não. Ele disse: "nada
faço de mim mesmo, mas falo como o Pai me ensinou"
(João 8:28). Repetidamente, Cristo falou de ser dependente de Seu Pai para o
que Ele dizia e o que Ele fazia. Ele escolheu viver Sua vida aqui como um
homem da mesma maneira que nós temos que vivê-la. Para salvar a Si mesmo do
pecado e dos perigos da carne, Ele dependeu constantemente e unicamente do
poder de Seu Pai. Foi desta forma que Ele superou o diabo, fechou cada
avenida da tentação, e viveu uma vida de perfeita obediência. Por nunca
ceder ao apelo inerente da carne, Ele deu um exemplo do tipo de vitória que
pode vir a cada filho de Adão através da dependência do Pai.
Satanás
tentou Jesus no deserto a usar Seu poder divino para satisfazer Sua fome
agonizante. Satanás sabia que Jesus tinha o poder de deidade para operar
aquele milagre. Sua esperança era que ele pudesse provocar Cristo a depender
de Sua divindade para alívio. Por que isso teria sido um tal triunfo para
Satanás? Ele poderia ter usado isto para sustentar suas acusações de que
Deus requeria uma obediência que nenhum homem na carne poderia produzir. Se
Jesus falhasse em superar o tentador na mesma natureza que temos e pelos
mesmos meios disponíveis para nós, o diabo teria provado que a obediência é,
de fato, um requisito impossível. Satanás entendeu muito bem que Jesus não
poderia usar Seu poder divino para salvar a Si mesmo e salvar o homem ao
mesmo tempo. Foi isto o que tornou o teste uma experiência tão severa e
agonizante para Cristo.
Se Jesus
realmente herdou a natureza comprometida de Adão, então por que Ele não
pecou como o resto dos descendentes de Adão? Porque Ele era cheio do
Espírito Santo de Deus desde o útero e possuía uma vontade completamente
entregue e uma natureza humana santificada. Podemos nós participarmos do
mesmo poder para guardar-nos de pecar? Sim. Jesus, ao viver Sua vida de
vitória sobre o pecado, não utilizou Sua divindade, mas confinou-Se ao mesmo
poder disponível a nós através da conversão e santificação.
7. CRISTO VENCEU EM NOSSA PRÓPRIA NATUREZA
Não
tivesse Ele obtido a vitória sobre Satanás na mesma natureza que temos, que
encorajamento poderia ser tirado de Sua vitória? Não é necessário me mostrar
que era possível para Adão não ceder ao pecado. Eu já sabia disso. O que eu
preciso saber é se eu posso superar o pecado, sendo minha natureza o que é.
Satanás acusou Deus de
requerer algo que não podia ser feito. A razão pela qual o homem caído não
podia produzir obediência é claramente descrita em Romanos 8:3-4: "Pois
o que era impossível à lei, visto que estava enferma pela carne, Deus,
enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou
o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não
andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito."
Estes
versos são simplificados quando fazemos algumas perguntas: O que a lei não
poderia fazer por nós porque éramos muito fracos na carne para guardá-la?
Ela não podia salvar-nos.
Porque
nós não podíamos guardá-la devido à fraqueza da carne, o que fez Deus? Ele
enviou Jesus para obedecer à lei perfeitamente na carne. Ele condenou o
pecado na carne pela total vitória sobre ele.
O que a
Sua vitória na carne tornou possível para nós? "Para que a justiça
(os justos requisitos) da lei se cumprisse em nós". Ela
habilitou-nos a obedecer.
Como Sua
vitória na carne tornou-nos possível obedecer? Pelo milagre da conversão,
que muda nossa caminhada, da carne para o Espírito. Então Cristo em nós,
através do Seu Espírito, comunica vitória sobre o pecado para nossas vidas.
Estas
verdades óbvias apontam um dos grandes problemas em se acreditar na natureza
humana pré-lapsária de Cristo (isto é, a natureza de Adão antes da queda).
Se Sua vitória sobre Satanás, na carne, foi com o propósito de habilitar-me
a cumprir os requisitos da lei, como poderia Sua vitória ajudar-me de alguma
forma, se ela foi obtida em alguma outra carne que não a minha? Aqui é onde
esta falsa doutrina ataca o belo princípio da justificação pela fé.
Justificação pela fé é a comunicação e a atribuição dos resultados de Sua
vida sem pecado e morte expiatória. Inclui tanto justificação quando
santificação. Ela atribui, ou credita, a nós os méritos de Sua experiência
sem pecado para libertar-nos da penalidade do pecado. Isto é justificação.
Para libertar-nos do poder do pecado Ele não apenas e meramente nos conta
como justos, mas Ele realmente comunica sua força para superar o pecado. Em
ambos os casos, Ele pode apenas conceder-nos o que Ele conseguiu através de
Sua própria experiência encarnada como o Salvador do mundo.
Alguém pode afirmar que
desde que a justificação apenas envolve uma atribuição do registro sem
pecado de cristo em nossa conta, isto poderia ter sido feito em qualquer
tipo de corpo. Mas é isto verdade? O propósito da encarnação foi redimir o
homem caído e não o homem que não pecou. Para fazer isto Ele tinha que "condenar
o pecado na carne"
(Romanos 8:3). Nossos pecados, que procedem da carne, deveriam ser
condenados por Ele, e a única maneira que isto poderia ser feito era
conquistar aquela carne pecaminosa e submetê-la à morte da cruz.
Jesus
veio tirar o pecado do mundo, como declarou João. Como Ele poderia tirar o
pecado que não estivesse mesmo na carne que Ele assumiu? Para ser mais
preciso, como Ele poderia "condenar o pecado na carne" em uma carne
sem pecado?
Paulo disse: "Estou
crucificado com Cristo"
(Gálatas 2:19,20). Por que ele posteriormente declara que nós "fomos
batizados na Sua morte"
(Romanos
6:3)? Todo pecador deve passar, pela fé, através da experiência da
crucificação e ressurreição com Cristo. De modo a passar da morte para a
vida, cada um de nós deve identificar-se com Aquele que nos representou como
o segundo Adão. Nossos pecados estavam nEle. Quando Ele morreu, nós
morremos; e a penalidade pelos nossos pecados foi satisfeita e exaurida.
Você pode
ver que Ele teve que carregar nossa natureza caída até àquela cruz, de modo
a tornar possível que nossa natureza pecaminosa fosse colocada para morrer?
Qualquer coisa a menos teria falhado em satisfazer a justiça de Deus. Cristo
teve que render a humanidade condenada ao salário completo do pecado naquela
cruz, de modo a tornar a expiação possível por nós. De outra forma, não
poderíamos nos identificar com Ele ou sermos crucificados com Ele.
Obviamente, a redenção requer que Jesus viva e morra com a natureza do homem
caído, de forma a fornecer a ligação vital da justificação.
Agora
vamos olhar para os requisitos da santificação.
8. PARTICIPANDO NA VITÓRIA DE CRISTO
A
santificação não é um mero crédito ou contabilidade. É a comunicação de algo
a nós. Assim como Ele atribui justificação para nos libertar da culpa
do pecado, Ele agora comunica santificação para nos libertar do poder
do pecado. O que é a santificação que Ele comunica? É a nossa real
participação na vitória de Cristo sobre o pecado. Pela fé entramos dentro e
nos apropriamos da força da vitória que Ele experimentou na carne. Em outras
palavras, ele é capaz e desejoso de viver em nós a mesma vida de superação
que Ele viveu como um homem nesta terra. Ele reproduzirá em nós Sua própria
experiência sem pecado. Isto é santificação.
Se Jesus
veio ao mundo com a natureza não-caída de Adão para manifestar uma vida sem
pecado, como poderia aquela natureza não-caída ser reproduzida em mim?
Homens caídos não são santificados por participar da experiência não-caída
de Adão. Eles são santificados ao vencer o pecado em sua natureza caída,
através do mesmo poder que Jesus utilizou para vencer o pecado. Não há
nenhuma forma de nós participarmos da experiência não-caída de Adão. Se este
foi o meio pelo qual Jesus superou Satanás, não há nenhum modo para Ele
comunicá-lo a mim. Mas se Jesus obteve a vitória sobre Satanás na natureza
caída dos descendentes de Adão, então eu posso participar nela com Ele. Este
tipo de vitória pode ser superposta sobre minha própria vida, porque ela foi
obtida na mesma natureza que eu possuo.
Uma
experiência sem pecado, vivida em alguma natureza alienígena não-caída, não
poderia ser creditada a mim, nem jamais poderia ser possuída por mim. A
natureza caída nunca pode, nesta vida, ser restaurada ao estado do homem
não-caído. Mas nós podemos receber a vitória sobre o pecado, a qual Jesus
obteve na carne como um de nós.
9. OS DOIS EXTREMOS
Nesta
conexão é interessante estudarmos a breve história vivida por um grupo de
Cristãos em Indiana (EUA), que reivindicavam ter carne santa. Por volta do
ano 1900 um corpo particularmente grande de membros de igreja conservadores
tornou-se obcecado com a idéia de que Jesus viveu Sua vida sem pecado na
natureza do Adão não-caído.
Assumindo, corretamente, que Sua experiência vitoriosa na carne poderia ser
comunicada a cada Cristão através da fé, eles começaram a ensinar que a
mesmíssima vida incorrupta sem pecado de Adão poderia ser vivida pelos
homens caídos. Esta visão fanática levou-os a acreditar que eles pudessem
reproduzir a absoluta santidade e perfeição do Adão não-caído. Este é apenas
um bem documentado exemplo das ramificações deste falso ensinamento.
A outra
extremidade para a qual os homens são levados, ao aceitar o erro da natureza
pré-queda de Cristo, é exatamente o oposto à teoria da "carne santa". Eles
simplesmente afirmam que, visto que Jesus venceu na natureza sem pecado de
Adão, nós não podemos possivelmente esperar compartilhar Sua vitória
enquanto permanecermos em corpos de carne pecaminosa. Cristo poderia apenas
comunicar o que Ele tem para dar, e posto que Ele não obteve vitória sobre o
pecado em nossa natureza caída, Ele não poderia compartilhá-la conosco.
Portanto, é impossível vencer como Cristo venceu.
Assim,
podemos ver como a verdade bela e simples da santificação é minimizada e
removida da experiência da justificação pela fé. Já vimos como o erro do
"pecado original" gerou duas outras perversões, a saber, que Jesus possuía a
natureza não-caída de Adão, e que a santificação não pode ser comunicada ao
homem por Jesus. De fato, muitos proponentes do pecado original nem mesmo
acreditam que é possível superar todo o pecado nesta vida. Eles negam as
repetidas declarações das Escrituras de que o homem caído pode realmente
participar da natureza divina de Cristo. De alguma forma eles não conseguem
perceber e aceitar o mistério celestial, tão freqüentemente afirmado na
Bíblia, de que Jesus tomou a natureza caída do homem sobre Si e, todavia,
nunca foi culpado de pecado. Para eles a culpa herdada de Adão é tão
penetrante na natureza humana que ela apenas pode ser vencida quando a
trasladação tomar lugar na vinda de Cristo.
10. VIVENDO SEM PECADO
É difícil para nós
crermos que Jesus, em Sua humanidade, pudesse manter uma mente absolutamente
pura, impecável, durante seus 33 anos e meio neste mundo? É possível para
qualquer um em carne humana, mesmo sob o poder de Deus, alcançar um tal
ponto de vitória sobre o pecado? A resposta da Bíblia é clara: "Pois
embora andando na carne, não militamos segundo a carne. As armas da nossa
milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus... Derrubamos raciocínios
e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levamos
cativo todo pensamento à obediência de Cristo"
(2 Coríntios 10:3-5).
Esta
promessa é feita com relação aos pecadores na carne, os quais voltam-se para
o poder libertador do Evangelho. Quanto mais nosso abençoado Senhor, seria
capaz de clamar a força capacitadora de Seu Pai para guardá-Lo de pecar! A
Palavra de Deus assegura-nos que podemos participar da natureza divina de
Jesus e ter a "mente de Cristo." Sua experiência sem pecado na
carne é uma garantia de que qualquer um de nós pode ter a mesma vitória se
dependermos do Pai como Ele fez.
Isto
significa que ao vencer o pecado Ele não possuía nenhuma vantagem sobre nós.
Ele lutou contra o inimigo na mesma natureza e com as mesmas armas
espirituais que estão disponíveis para nós. Se Ele possuiu qualquer vantagem
sobre outros homens foi simplesmente que Sua natureza humana inerente nunca
foi posteriormente debilitada pela indulgência pessoal no pecado.
Podemos
igualar o padrão perfeito da vida sem pecado de Jesus? Não. Todos nós temos
degradado a natureza humana também, ao rendermo-nos à carne. Não apenas
trouxemos a maldição da morte sobre nós mesmos ao quebrar a lei de Deus, mas
tornamo-nos a nós mesmos mais vulneráveis a Satanás ao cooperarmos com ele.
Jesus nunca respondeu a um único estímulo, e Satanás não podia achar nada
nEle. Ele viveu toda a Sua vida como a mente rendida e a vontade do
inteiramente santificado. Ele não cometeu nenhum pecado pelo qual ser
expiado.
Mas mesmo
embora não possamos igualar o padrão, devemos procurar ardentemente refletir
aquela vida santa de Jesus tão completamente quanto possível. Pela graça de
Deus, podemos colocar de lado cada pecado conhecido e ser perfeito em nossa
esfera, com nenhuma consciência de acariciado mal proceder.
Isto
significa que estaremos nos gabando de viver sem pecado? Pelo contrário,
quanto mais nos aproximamos de Cristo, mais sentiremos nossa indignidade.
Aqueles que alcançam o padrão de Cristo serão os últimos a reconhecer isto,
quanto mais gabar-se disto. É importante que Deus tenha um povo obediente no
final dos tempos, para que Ele possa apontar como uma prova de Seu caráter?
A Bíblia revela que todo o conflito cósmico entre Deus e o mal pode ser
traçado ao desejo original de Satanás em tomar o lugar de Deus e governar o
universo. Foi o seu programa de falsa acusação que provocou a rebelião no
céu e alienou um terço dos anjos. Satanás apresentou de forma inapropriada o
caráter de Deus e acusou o Criador de fazer exigências não razoáveis e
impossíveis.
Como se
poderia provar que o diabo estava errado? Deus tinha que fornecer uma
demonstração que silenciaria o adversário para sempre. Foi uma longa e
dolorosa demonstração, que levou o Filho de Deus a descer em um corpo humano
de homem caído e, dentro dos limites desta natureza, superar tudo o que
Satanás pudesse atirar contra Ele. Tivesse Ele utilizado qualquer poder
divino para vencer o pecado, que não estivesse disponível a outros na carne,
Satanás teria usado isto para sustentar suas reclamações de que ninguém
poderia guardar a lei de Deus.
Na cruz, Jesus
demonstrou ao universo inteiro que Satanás estava errado. Ele provou que era
possível, na carne, ser obediente através da dependência ao Pai. O passo
final da prova terá lugar quando o caráter de Cristo tiver sido reproduzido
naquele pequeno remanescente perseguido, que permanecer fiel através da
tempestade de fogo do Armagedon e além. Muito tempo depois que os joelhos de
Satanás tiverem se dobrado em reconhecimento à justiça de Deus, e eons após
ele e seus seguidores tiverem provado as conseqüências eternas de seu
pecado, os 144.000 continuarão ainda dando testemunho da honra e integridade
do governo de Deus. Ao seu novo cântico de vitória e libertação ser escutado
por anjos, mundos não-caídos e pela inumerável multidão de santos, todos
unir-se-ão em um oratório de louvor, dizendo: "Amém.
Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força,
ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém."
(Apocalipse 7:12).
É fácil
entender porque aquele pequeno grupo que canta o cântico de Moisés e do
Cordeiro será tão assinaladamente honrado ao permanecerem o mais perto do
trono de Deus. É através da experiência deles que o caráter de Deus será
vindicado, afinal.
Em
resumo, podemos ver como o antigo erro da culpa atribuída de Adão levou a
uma cadeia de enganos relacionados. As verdades mais significativas da
salvação foram habilmente falsificadas. A humanidade de Jesus foi negada, a
justiça comunicada de Cristo foi desafiada, e a possibilidade de vitória
sobre o pecado foi ridicularizada. É apenas ao reconhecermos a falsidade
básica que podemos evitar as perversões que a seguem. Que Deus nos dê a
sabedoria para permanecermos firmemente sobre a palavra apenas, e rejeitar
toda doutrina que não estiver enraizada nEle. Material Formatado e Corrigido Por: Adventistas Históricos da Penha (Leigos)
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