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MENSAGENS FINAIS |
Opinião Pessoal: Jairo Filho Medita Sobre a Natureza Divino-Humana do Salvador
Introdução “A humanidade do Filho de Deus é tudo para nós. É a corrente de ouro que liga nossa alma a Cristo, e por meio de Cristo a Deus. Isto deve constituir nosso estudo. Cristo foi um homem real; deu prova de Sua humildade, tornando-Se homem. Entretanto, era Ele Deus na carne. Quando abordamos este assunto, bem faremos em levar a sério as palavras dirigidas por Cristo a Moisés, junto à sarça ardente: "Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa." Êxo. 3:5. Devemos aproximar-nos deste estudo com a humildade de um discípulo, de coração contrito. E o estudo da encarnação de Cristo é campo frutífero, que recompensará o pesquisador que cave fundo em busca de verdades ocultas.” ME 1, 244 Que maravilhoso é podermos meditar sobre o infinito sacrifício que Cristo fez por nós! Como Aquele que é o nosso Criador pode se tornar um de nós para que nós pudéssemos nos tornar um com Deus é um estudo que possui tanta profundidade que por mais que pesquisemos, poderemos certamente nos sentir como uma pequena criança catando conchas na praia, tendo ainda o mar por descobrir. Todavia, como o testemunho apresentado acima aclara, este estudo recompensará o pesquisador que cave fundo. Assim, busquemos cavar o mais fundo que pudermos em busca das maravilhosas verdades que jazem ocultas relativas ao “mistério da piedade”. Que Deus possa nos abençoar com tesouros de grande valor espiritual através deste estudo. “Sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que Se manifestou em carne foi justificado em Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória.” I Tim. 3:16.
1 - O nascimento de Cristo Em Filipenses lemos: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” Filipenses 2:5-8 O que significou ter Jesus assumido a forma de servo? “Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras das tuas mãos. Todas as coisas sujeitaste debaixo dos seus pés.” Hebreus 2:7, 8 “...o Salvador deixou os palácios celestiais e veio em pessoa à Terra para ensinar aos homens como obter a habilitação para a vida mais elevada. Durante trinta anos, Ele habitou como homem entre os homens, passou pelas experiências da vida humana como criança, como jovem, como homem; suportou as mais severas provas, para que pudesse apresentar uma vívida ilustração das verdades que ensinava. Durante três anos, como Mestre enviado de Deus, instruiu os filhos dos homens; então, deixando a obra a coobreiros escolhidos, ascendeu ao Céu.” CPPE, 49, 50 Por um pouco de tempo, Jesus foi feito homem, um pouco menor que os anjos, pois os homens em natureza são menores que os anjos: “O apóstolo Pedro aponta distintamente a classe que será manifestada nestes últimos dias. "Principalmente aqueles que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia e desprezam as dominações. Atrevidos, obstinados, não receiam blasfemar das autoridades; enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor.” DT, 108 Quando foi feito homem, que natureza teve? Jesus, falando ao Pai, diz: “Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo Me preparaste.” Heb. 10:5 Vemos que o Pai preparou um corpo para o Seu Filho. Assim, a natureza humana de Jesus foi preparada, ou criada, pelo Pai: “Sua natureza humana teria de passar pela mesma prova e provação que Adão e Eva. Sua natureza humana foi criada; ela nem sequer possuía os poderes angélicos. Era humana, idêntica à nossa.” ME 3, 129 Assim, temos que, quando Jesus “se esvaziou, assumindo a forma de servo”, conforme é-nos dito em Filipenses, Ele assumiu o corpo que o Pai preparou para Ele. Mas o que significa o “se esvaziou”? “Cristo Tinha Corpo Humano e Mente Humana Seu corpo e Sua mente eram humanos. Ele era osso dos nossos ossos e carne da nossa carne.” ME 3, 129, 130 A mente divina, que Jesus possuía antes de vir à Terra, era onisciente. Agora, Jesus passou a ter mente humana. O corpo de Jesus, que era espírito, passou a ser de carne – “e o Verbo se fez carne”. Assim, o que era “divino” de Cristo, não estava mais nEle, quando ele veio para o ventre de Maria. Aonde ficou então a Divindade de Cristo por ocasião de Sua encarnação no útero de Maria? A Bíblia nos indica através do Salmo messiânico de número 22, que retrata os pensamentos de Cristo dirigidos ao Pai: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?... Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça: Confiou no SENHOR! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer. Contudo, Tu és quem me fez nascer; e me preservaste, estando eu ainda ao seio de minha mãe. A Ti me entreguei desde o meu nascimento; desde o ventre de minha mãe, tu és meu Deus.” Salmos 22:1, 7-10 As palavras de Jesus “A Ti me entreguei desde o meu nascimento” expressas no texto acima, mostram a quem foi entregue a Divindade de Cristo quando Ele foi para o útero de Maria. Ela foi entregue para Aquele que um dia a havia dado para Ele quando O gerou. Tão impotente era Cristo desde que “esvaziou-se” de Si mesmo, de Sua Divindade, que até mesmo Sua vida era preservada pelo Pai, conforme Ele aclara no texto acima que lemos: “Tu és quem me fez nascer; e me preservaste, estando eu ainda ao seio de minha mãe”. Por isso, Jesus, como ser humano, diz ao Pai: “desde o ventre de minha mãe, tu és meu Deus”. Mas qual parte de Cristo veio então para o útero de Maria, que provaria que o Ser que dela nasceu era o Filho de Deus? O testemunho nos apresenta uma informação que pode contribuir para o esclarecimento: “A alma divina de Cristo encheu-Se de infinita compaixão pelo par caído. Ao verificar sua condição desditosa e desesperançada, ao ver que pela transgressão da lei de Deus eles caíram sob o poder e controle do príncipe das trevas, propôs o único meio que poderia ser aceitável diante de Deus, dando-lhes outra oportunidade e colocando-os novamente sob um período de prova. Cristo consentiu em deixar Seu lugar de honra, Sua autoridade real, Sua glória com o Pai, humilhando-se ao humanizar-Se e ao entrar em luta com o poderoso príncipe das trevas, a fim de salvar o homem.” DT, 21 “Cristo fez um sacrifício infinito. Deu Sua própria vida por nós. Tomou sobre Sua alma divina o resultado da transgressão da lei de Deus. Pondo de lado Sua coroa real, dignou-Se a descer, passo a passo, até o nível da humanidade decaída.” ME 3, 128 “Os pecados do mundo achavam-se sobre Ele, bem como o senso da ira de Seu Pai enquanto Ele padecia o castigo da lei transgredida. Estas coisas é que Lhe esmagavam a alma divina. Foi o ocultar-se o semblante do Pai - um senso de que Seu próprio e amado Pai O havia abandonado - que Lhe trouxe desespero. A separação causada pelo pecado entre Deus e o homem foi plenamente avaliada e vivamente sentida pelo inocente e sofredor Homem do Calvário.” TS 1, 233 Nos três testemunhos apresentados acima, uma expressão é comum. Ambos afirmam que a “alma divina” de Cristo se encheu de compaixão pelo homem caído a ponto de fazê-lo decidir a rebaixar-se ao nível da humanidade para redimir o homem. Em Sua encarnação, Cristo tomou sobre esta “alma divina” o resultado da transgressão – a natureza caída do homem. E no Calvário, o senso da ira de Seu Pai esmagava Sua “alma divina”. A “alma divina” que Cristo possuía antes da encarnação continuou sendo a mesma que Ele possuía durante a encarnação. Isto prova que o menino Jesus que nasceu de Maria segundo a carne era o mesmo Filho de Deus que partilhava o trono celestial com Seu Pai. Todavia, não podemos dizer que Sua “alma divina” era Sua mente divina, porque, conforme vimos no texto do testemunho que lemos a pouco, Jesus possuía uma mente humana. Também não se pode afirmar que a “alma divina” era Sua Divindade, porque, como a Bíblia afirma, Cristo “esvaziou-se” de Si mesmo, ou seja, de Sua própria essência e substância. Por ora, fiquemos com a afirmação do testemunho: a “alma divina” de Cristo - Filho de Deus e Cristo – Filho do Homem, era a mesma. A Bíblia mesma se utiliza a expressão “alma divina” de Cristo. Ela relata que Pedro, falando aos judeus, proclamou a respeito de Jesus:
A palavra “alma” é utilizada no texto acima para representar a própria vida de Jesus., a nos traz o mesmo conceito de “alma divina” expresso nos testemunhos analisados acima. Não podemos explicar com todos os detalhes como foi que a “alma divina” de Cristo foi posta no óvulo de Maria a fim de que o Filho de Deus encarnasse, pois segundo a Bíblia, este é um mistério, chamado de “mistério da piedade”:
Temos um conhecimento revelado nas Escrituras do que seja a “alma humana”, mas não podemos definir o que seja a “alma divina”. Assim, sendo, por ora, o máximo que, creio, podemos dizer sobre este processo (a entrada do que os testemunhos denominam “alma divina” no óvulo de Maria) é que ele parecer ser semelhante ao processo de clonagem, onde o “DNA” de um ser vivo é colocado em um óvulo, fazendo com que a partir deste óvulo se desenvolva uma vida. Há contudo uma diferença entre o processo de clonagem e a encarnação de Cristo, que é: enquanto o “clone” desenvolve-se a parte do ser vivo, tornando-se um segundo ser vivo que coexiste juntamente com o primeiro, na encarnação de Cristo, Ele mesmo veio para o útero de Maria; e o termo “alma divina” que vimos nos testemunhos refere-se a uma parte essencial do próprio Cristo, que prova inequivocamente que o homem Jesus Cristo que nasceu é o mesmo Filho de Deus que partilhava o trono do Pai. Para exemplificar o exposto acima, tomamos o exemplo da ovelha que foi clonada a pouco por cientistas britânicos, chamada “Dolly”. A ovelha Dolly, vivia independentemente do seu clone. Quando nasceu o clone de Dolly, passaram a existir duas ovelhas “Dolly”, com corpos independentes. Tal fato não ocorreu na encarnação de Jesus, pois nesta, Ele que era o Filho de Deus, não se dividiu em dois, nem tampouco de multiplicou em dois seres, mas veio Ele mesmo para o útero de Maria. Considerando a encarnação de Cristo, não há como negar que quando Ele tornou-se homem, vindo ao útero de Maria, passou a ser o Filho de Deus em um novo sentido. Isto é dito pelo próprio testemunho: “Veio ao mundo em forma humana, a fim de viver como homem entre os homens. Assumiu os riscos da natureza humana, para ser provado e tentado. Em Sua humanidade, era participante da natureza divina. Em Sua encarnação obteve nova intuição do título de Filho de Deus. Disse o anjo a Maria: "A virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus." Luc. 1:35. Ao mesmo tempo que era Filho de um ser humano, tornou-Se o Filho de Deus num novo sentido. Assim Se achou Ele em nosso mundo - o Filho de Deus, mas ligado, pelo nascimento, à raça humana.” ME 1, 227 Da encarnação de Cristo, o fato que mais toca a nós, seres humanos, é que Cristo se tornou um de nós, homem exatamente como nós o somos, desde o seu nascimento. Isto, embora não saibamos exatamente, em detalhes muito aprofundados, como ocorreu, é o que mais importa a nós, porque mostra que Ele foi igual a nós até mesmo por ocasião de Sua gestação no útero de Maria e de Seu nascimento – homem de carne e osso, sujeito às mesmas dificuldades, provações e fraquezas que nós. A completa humanidade de Cristo desde o Seu nascimento é comprovada ao se comparar o nascimento de Cristo, conforme descrito em Lucas, com o nascimento de qualquer outro ser humano criado. Sobre o nascimento de Jesus, as sagradas Escrituras afirmam: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a Sua sombra; por isso, também o ente Santo, que há de nascer será chamado Filho de Deus.” Luc. 1:35 Sobre o nascimento do homens em geral, as Escrituras declaram: “Envias o Teu Espírito, e são criados, E assim renovas a face da Terra.” Salmos 104:30 Deus envia o Seu Espírito e assim comunica vida aos fetos que se encontram nos ventres de suas mães na Terra. A Bíblia declara que foi da mesma forma que Jesus nasceu: “Descerá sobre ti o Espírito Santo...o... Santo há de nascer”. Assim, sendo Cristo tão exatamente igual a nós quanto ao nascimento, não há qualquer motivo para pensarmos que Ele possa em algum momento ter sido diferente de qualquer ser humano normal que tenha nascido neste planeta. Sua natureza era igual a nossa, quando Ele esteve como homem aqui na Terra. Cristo desceu até o nível de nossa natureza, a fim de poder reconciliar-nos com Deus e elevar-nos até a altura e beleza do Seu caráter, de modo que Ele e Seu Pai possam ser um em nós: “Mas a Bíblia, com suas verdades dadas por Deus expressas na linguagem dos homens, apresenta uma união do divino com o humano. Tal união existia na natureza de Cristo, que era o Filho de Deus e o Filho do homem. Assim, é verdade quanto à Bíblia, como acerca de Cristo, que 'o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós'. João 1:14.” ME 1, 25
2 - A humanidade de Cristo Pelo nascimento de Cristo na Terra, notamos que ele era exatamente como nós. Mesmo tendo uma “alma divina”, a mesma que possuía antes da encarnação, tinha agora uma “alma humana”, pois Ele era a união do divino com o humano, como vimos pelo testemunho acima. A alma humana, segundo a Bíblia, é constituída por um corpo de carne, ou de homem, com uma mente humana e um “sopro de vida”, ou “espírito”. Quando a alma humana morre, o “espírito” volta a Deus, que O deu, e o corpo pende inerte, morto, iniciando, após três dias corridos, um processo de putrefação, também chamado de “corrupção”. Já vimos a pouco que o fato de Jesus possuir uma “alma divina” não significa que Ele possuía a vida em Si mesmo, ou seja, a Sua Divindade, pois vimos que desta Ele Se esvaziou, entregando-a para o Pai, e colocando-se então na mão de Seu Pai para que Ele lhe preservasse até mesmo a existência. Isto ocorreu em passos. É por isso que o testemunho afirma que Ele, na encarnação, desceu passo a passo até o nível da humanidade decaída: “Deu Sua própria vida por nós. Tomou sobre Sua alma divina o resultado da transgressão da lei de Deus. Pondo de lado Sua coroa real, dignou-Se a descer, passo a passo, até o nível da humanidade decaída.” ME 3, 128 É interessante também notar que o testemunho acima, falando da encarnação de Cristo, afirma que Cristo deu Sua própria vida por nós. Uma vez que o texto está tratando da encarnação de Cristo, e não do Calvário, podemos entender a frase “deu Sua própria vida por nós” como referindo-se ao fato de Cristo ter se esvaziado de Si mesmo, para assumir a natureza humana. Podemos notar aqui um cumprimento das Palavras de Cristo: “Por isso, o Pai me ama, porque Eu dou a minha vida para a reassumir.” João 10:17 Isto realmente foi um infinito sacrifício, maior do que qualquer um de nós, egoístas como somos, poderia sequer imaginar efetuar em prol de uma criatura inferior. A vida divina de Cristo, a “vida em si mesmo”, a Divindade, dada por nós manifesta um amor que foge à nossa finita compreensão: “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele.” I João 4:9 Assim, Jesus viveu como homem, partilhando a sorte da humanidade, vivendo como cada um de nós vive aqui na Terra, sentindo fome, sede, frio e cansaço. Nada houve que nós passamos aqui pelo qual Ele não tenha passado. “Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, Se tornasse semelhante aos irmãos... Pois, naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.” Heb. 2:16-18 “foi Ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.” Heb. 4:15 A prova de que, embora fosse Filho de Deus (por ter sua “alma divina”) e Filho do Homem ao mesmo tempo, Jesus subsistia na Terra por meio de Sua alma humana, a temos na cruz. Quando o Homem do Calvário estava para consumar o incomensurável sacrifício em prol da humanidade, bradou: “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito. E dito isto, expirou.” Luc. 23:46 Jesus morreu como qualquer homem morre: “e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” Eclesiastes 12:7 Percebemos que Jesus não somente viveu como um ser humano, como cada um de nós, como também morreu como um ser humano. Assim, o estado de Cristo em Sua morte era o mesmo estado em que se encontra cada ser humano que morre: “Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios.” Salmos 146:4 “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” Eclesiastes 9:5, 6 Esta era a condição do corpo humano de Cristo que repousava na tumba de José de Arimatéia. Tendo sido perfeitamente homem, como nós, Cristo não estava em lugar algum quando morreu. Sofreu o que Bíblia afirma ser a “segunda morte” equivalente ao “lago de fogo” (Apoc. 20:14), morte a qual aqueles que a sofrem não poderão jamais ser trazidos à existência. Sua “alma divina” não estava vagando ou viva aguardando a ressurreição do corpo. Todavia, desde Seu nascimento, aquilo do qual Ele se esvaziou, ou seja, a Sua Divindade, havia permanecido nAquele do qual ela um dia procedeu quando O gerou – o Pai, conforme vimos ao início deste estudo.
3 - A ressurreição de Cristo Tendo descansado Jesus no sábado, a Terra efetuava o movimento de rotação em ansiedade pela ressurreição de Seu Criador. Nas primeiras horas da manhã de domingo, um estupendo evento estava por ocorrer. Por maior que tenha sido o evento da crucifixão, não pode sobrepujar o momento do levantar dAquele que a partir de então será para sempre as “primícias” dos que dormem, sendo glorificado e enviando o Seu Espírito como agente regenerador de todos os que pela fé a Ele se apegarem. O apóstolo Paulo, inspirado por este espírito relatou poucos anos mais tarde a cena da ressurreição nestas palavras: “Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Tu és meu Filho, Eu, hoje, te gerei.” Atos 13:32, 33 É maravilhoso o relato da “geração” de um pecador converso para as fileiras de Cristo; é maravilhoso o relato do grande sacrifício de Cristo na cruz. Todavia, que cena pode sobrepujar em grandiosidade e impressividade a todo o Universo de seres criados a geração de um próprio Deus ante seus olhos? Pois este espetáculo, incompreensível para um ser criado, pôde ser presenciado pelos anjos, conforme nos relatam as palavras do apóstolo Paulo, referindo-se ao ocorrido no domingo da ressurreição: “Tu és meu Filho, Eu, hoje, Te gerei”. Tal como Cristo foi gerado a partir de Seu Pai no princípio, fato que Lhe conferiu a Divindade, Cristo é gerado novamente. A vida de um Deus, “vida em Si mesmo” a vida de Sua Divindade, que Ele deu ao Pai quando veio ao mundo para encarnar, Ele a reassumiu: “Por isso, o Pai me ama, porque Eu dou a minha vida para a reassumir.” João 10:17 Isto Ele o fez por direito, porque tendo Ele efetuado um sacrifício infinito, tendo se humilhado em um grau jamais visto ou imaginado por qualquer criatura, foi exaltado por Deus em um grau infinito, muito acima de qualquer outra criatura, conforme está escrito em Filipenses: “a Si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” Filipenses 2:8-11 Ao ser gerado pelo Pai, não o foi como houvera sido quando nasceu, “antes que houvessem outeiros” (Prov. 8:22-25). Em um particular houve diferença. Quando, “antes que houvessem outeiros”, Jesus foi gerado pela primeira vez, possuía “corpo” de Deus. Agora, é gerado dentro do corpo humano preparado pelo Pai e que recebera quando nasceu, e mais tarde foi dilacerado pelos pregos da cruz e pela lança que traspassou Seu lado. Este corpo ferido seria para sempre o marco memorial do sacrifício infinito mediante o qual foi pago o resgate pela redenção do homem, cumprindo os reclamos da lei de Deus e estabelecendo-a definitivamente como norma de um governo de amor, alegria, felicidade e misericórdia em todo o Universo. Por amor de nós e daqueles que, quando no Céu, redimidos, perguntarem “que feridas são estas nas Tuas mãos?” (Zac. 13:6), escolheu Jesus carregar para sempre em Si as marcas do amor infinito, unido-se ao homem por laços eternos, habitando neste corpo de carne, conforme afirma o testemunho: “Ao tomar a nossa natureza, o Salvador ligou-Se à humanidade por um laço que jamais se partirá. Ele nos estará ligado por toda a eternidade. "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito." João 3:16. Não O deu somente para levar os nossos pecados e morrer em sacrifício por nós; deu-O à raça caída. Para nos assegurar Seu imutável conselho de paz, Deus deu Seu Filho unigênito a fim de que Se tornasse membro da família humana, retendo para sempre Sua natureza humana.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 25 Sua natureza humana, com seu corpo de carne, que necessita comer para se manter, foi retida. Recebeu Sua Divindade para habitar para sempre neste corpo de carne que jazia moribundo junto ao sepulcro de José. Havia sido “ressuscitado pelo Pai”, quando foi gerado novamente, uma vez que Ele, que não tinha vida, agora passou a ter vida, não a vida que possuem as criaturas, dependente de Deus para sua subsistência, mas a vida de um Deus, existente por Si mesmo. O testemunho, falando da vida de Cristo em Sua forma atual, confirma isto: “Cristo é o Filho de Deus, preexistente, existente por Si mesmo.... Ele era igual a Deus, infinito e onipotente. ... É o Filho eterno, existente por Si mesmo. Manuscrito 101, 1897.” Evangelismo, pág. 615 Observe que o testemunho acima, escrito em 1897, afirma, no tempo presente: “Cristo é...existente por Si mesmo”. Tendo Cristo sido de tal forma ressuscitado pelo Pai (gerado novamente), mostram-se verdadeiras as passagens bíblicas que apresentam que Deus O ressuscitou. Apresentamos abaixo dois destes textos: “e matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dos mortos, do que nós somos testemunhas” Atos 3:15 “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-O no madeiro” Atos 5:30 O primeiro texto bíblico apresentado acima (Atos 3:15) mostra que Deus ressuscitou não apenas um homem Cristo Jesus, mas sim o “Príncipe da vida”. Mais que um título, este nome mostra o que Jesus poderia fazer. Tendo sido gerado novamente pelo Pai, possuía vida em Si mesmo. Tal como Eva, que foi gerada a partir de uma costela de Adão, era da mesma natureza e substância de Adão (carne e ossos), Jesus, ao ser gerado novamente do Pai naquele domingo dentro daquele corpo dilacerado que jazia no sepulcro de José de Arimatéia era da mesma natureza e substância que Seu Pai. Como se o Pai houvesse implantado uma própria costela Sua no corpo humano que jazia no sepulcro, Jesus, o Príncipe da Vida foi gerado dentro deste corpo. Tendo sido gerado como Deus, e portanto tendo vida em Si mesmo, aguardava apenas o mandado de Seu Pai para levantar aquele corpo inerte e lacerado, comunicando-lhe vida imortal. E ao chamado do anjo, Jesus responde: “Quando foi ouvida no túmulo de Cristo a voz do poderoso anjo, dizendo: "Teu Pai Te chama", o Salvador saiu do sepulcro pela vida que havia em Si mesmo. Provou-se então a verdade de Suas palavras: "Dou a Minha vida para tornar a tomá-la. ... Tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la." João 10:17 e 18. Então se cumpriu a profecia que fizera aos sacerdotes e príncipes: "Derribai este templo, e em três dias o levantarei." João 2:19. Sobre o fendido sepulcro de José, Cristo proclamara triunfante: "Eu sou a ressurreição e a vida." Estas palavras só podiam ser proferidas pela Divindade. Todos os seres criados vivem pela vontade e poder de Deus. São subordinados recipientes da vida de Deus. Do mais alto serafim ao mais humilde dos seres animados, todos são providos da Fonte da vida. Unicamente Aquele que era um com Deus, podia dizer: Tenho poder para dar Minha vida, e poder para tornar a tomá-la. Em Sua divindade possuía Cristo o poder de quebrar as algemas da morte.” DTN, 785 Provou-se que em Cristo estavam e estariam para sempre unidas, a Divindade e a humanidade. A Divindade, porque Cristo foi gerado a partir do Pai por ocasião de Sua ressurreição, conforme relatam as palavras inspiradas proferidas pelo apóstolo Paulo. A humanidade, porque como Deus Ele residiria no corpo humano que seria o eterno memorial do infinito sacrifício que custou a redenção do homem e a prova de Sua ligação eterna com aqueles filhos - humanos - que a tão alto preço redimiu. “Para o crente, Cristo é a ressurreição e a vida. Em nosso Salvador é restaurada a vida que se perdera mediante o pecado; pois Ele possui vida em Si mesmo, para vivificar a quem quer. Acha-Se investido do poder de dar imortalidade. A vida que Ele depôs na humanidade, retoma, e dá à humanidade. "Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância" (João 10:10), disse Ele.” DTN 786, 787 Cristo, residindo como Deus em um corpo humano, dá sentido às palavras que inspirou o apóstolo Paulo escrever pelo Seu espírito: “...Cristo; porque nEle habita corporalmente toda a plenitude da divindade” Colossenses 2:8, 9 A Bíblia foi escrita para seres humanos, que possuem um corpo humano. Uma vez que as Escrituras devem ser entendidas de acordo com o seu óbvio sentido, temos que nós, seres humanos, ao lermos a palavra “corporalmente”, que deriva de “corpo”, a associamos a um corpo humano, que é o sentido óbvio de compreensão. Entendemos então que o texto está a dizer que, em um corpo de carne, humano como o nosso, reside a plenitude da Divindade de Cristo. Assim, em Cristo, Deus e o homem estão perfeitamente unidos. Como pode ser isto – Deus e o homem substirem harmoniosamente em Cristo? Isto é um mistério para nós, conforme Paulo o afirma. Permitimo-nos então apresentar o texto de Colossenses capítulo 2 conforme segue: “...para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo...porquanto nEle, habita, corporalmente (no corpo humano que Ele levará consigo pela eternidade e levantou por ocasião da Sua ressurreição) toda a plenitude da Divindade (Ele, como Deus, habita para sempre neste corpo).” Col. 2:2, 9 O fato de Cristo ser Deus e habitar em um corpo humano, cumprindo as palavras que Paulo foi inspirado a escrever em Colossenses, dá sentido a, por exemplo, esta declaração do testemunho de Jesus: “Limitado pela humanidade, Cristo não poderia estar em toda parte em pessoa. Era, portanto, do interesse deles que fosse para o Pai, e enviasse o Espírito como Seu sucessor na Terra.” DTN, 669 “Impedido pela humanidade, Cristo não poderia estar em todos os lugares pessoalmente,(pois alguém com um corpo humano não pode estar em todos os lugares pessoalmente) então foi para vantagem deles (os discípulos) que Ele deveria deixá-los, ir para o Pai, e enviar o Espírito Santo para ser o Seu sucessor na terra. O Espírito Santo é Ele mesmo, despido da personalidade da humanidade e independente dela. Ele Se representaria como estando presente em todos os lugares pelo Seu Espírito, como o Onipresente (embora como Deus, habite pessoalmente em no corpo humano que teve aqui na Terra, como Deus é ainda Onipresente). "Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome [embora não seja visto por vós], [*ESSA FRASE FOI ADICIONADA POR ELLEN WHITE] esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" [João 14:26]. "Mas eu vos digo a verdade; convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei" [João 16:7].” Manuscript Releases Volume Fourteen, Page 23 and 24. “A influência do Espírito Santo é a vida de Cristo na alma. Nós não vemos Cristo e falamos com Ele, mas Seu Espírito está tão perto de nós em um lugar como em outro. Aqueles nos quais habita o Espírito revelam os frutos do Espírito – amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé,” – Manuscript Releases, Vol. 12, pág. 260; MS. 41, 1897, pp. 7-11 (“Words of Confort”). White Estate Washington, D.C. March 31, 1983 Por habitar no corpo de carne, Jesus não pode estar “pessoalmente” em todos os lugares ao mesmo tempo. Todavia, por ser Deus, não há nada que não possa fazer. Assim, se faz Onipresente por meio do Seu Espírito. E é através deste Espírito que Cristo habilita cada um de nós a vencer o pecado, ajudando-nos em cada passo. É porque Ele é Deus, além de ser homem, hoje, que Ele sabe o que vai dentro de nossa alma, e é porque Ele sofreu como homem, sendo hoje Deus e homem, que Ele pode nos dar exatamente o auxílio de que precisamos a cada momento. Este é o Salvador maravilhoso que possuímos – infinito em amor – grande em poder, sabedoria e majestade. O Espírito que Ele prometeu enviar para a Terra a fim de nos ajudar e nos fortalecer é o Seu Espírito, aquele mesmo que recebeu do Pai, quando foi por Ele gerado, e vivifica a todos os que o recebem: “Jesus está esperando para soprar o fôlego em todos seus discípulos, e lhes dá a inspiração do seu santificado espírito, e transfundir a sua influência vital para o seu povo. Ele os faz entender que eles não podem servir a dois mestres daqui por diante. As suas vidas não podem ser divididas. Cristo vive dentro de seus agentes humanos, e trabalha através de suas faculdades, e age pelas capacidades que eles tem. Às suas vontades devem ser submetidas à vontade de Cristo, eles têm de agir com o espírito de Cristo, não devem ser mais eles quem vive, mas Cristo é quem deve viver neles. Jesus está buscando impressionar neles o pensamento que dando o seu Espírito Santo Ele está dando a eles a glória que o Pai lhe deu, para que Ele e o seu povo possam ser um em Deus. Nosso modo e vontade devem estar em submissão à vontade de Deus, enquanto sabendo que ele é santo, justo, e bom”. The Signs of the Times, 10-03-92. “Cristo reivindica como Seus, todos aqueles que creram em Seu nome. O poder vitalizante do Espírito de Cristo, a habitar no corpo mortal, liga a Jesus Cristo toda a alma crente.” ME 2, 271 Assim, a Divindade de Cristo hoje significa a certeza de vida eterna para toda a alma crente, como afirma o testemunho: “"Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada. "Quem tem o Filho tem a vida." I João 5:12. A divindade de Cristo é a certeza de vida eterna para o crente. "Quem crê em Mim", disse Jesus, "ainda que esteja morto viverá; e todo aquele que vive, e crê em Mim, nunca morrerá. Crês tu isto?" João 11:25 e 26. Cristo olha aqui ao tempo de Sua segunda vinda.” DTN, 530 Como o testemunho acima afirma, em Cristo “há”, no tempo presente, neste mesmo tempo em que nós vivemos, “vida original, não emprestada, não derivada”. E quem recebe esta vida, recebe a vida eterna. “Levais acaso Jesus convosco? Estais buscando salvar a alma de vossos companheiros? É este o objetivo de vossa associação com eles? Vêem e sentem eles que há em vós a encarnação viva do Espírito de Cristo?” ME 2, 125 Que todos nós possamos receber desta vida de Cristo mediante a comunhão com Ele através da oração e da contemplação de Seu caráter no estudo de Sua Palavra. Que Deus o abençoe, Jairo Filho
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