MENSAGENS FINAIS

QUEM SOMOS

NISTO CREMOS

ESTUDOS

JUDICIAIS

CARTAS

A luz dada à Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre o espírito Santo (e a trindade)- uma análise histórica e conceitual... 

By Jairo Carvalho

 

 INTRODUÇÃO

 

Qual foi a luz dada por Deus aos adventistas do sétimo dia sobre o espírito Santo? Foi ela mudada ou permanece o que sempre foi? Se você se depara com estas perguntas ou outras semelhantes, provenientes de outras pessoas ou mesmo de sua mente, faria bem a você analisar as informações históricas e conceituais trazidas à lume sobre este tema neste compêndio. O presente material apresenta uma pesquisa criteriosa, baseada nos testemunhos dados por Deus à Sua serva, Ellen G. White, sobre a evolução do entendimento adventista do sétimo dia sobre o tema "Divindade", bem como demonstra o entendimento a que chegamos com bases nas afirmações bíblicas e dos testemunhos sobre o tema. Não tem por objetivo denegrir a IASD, mas sim apresentar a todo o adventista sincero qual é a verdadeira situação na qual nos encontramos perante Deus, e o que precisamos aceitar neste particular de forma a obedecer fielmente aos reclamos divinos.

Pode ser que, ao deparar-se com este estudo, você diga em seu coração: Já me propus a não ler qualquer material que fale sobre este tema! Ouvi dizer que as pessoas que falam e escrevem sobre este tema estão procurando dividir a igreja! Entretanto, antes de tomar uma decisão como esta,   veja o tremendo conselho dado pelo espírito de Profecia sobre a necessidade de aproveitar as oportunidades de obter conhecimento sobre as verdades divinas:

Deus a ninguém condenará no Juízo por honestamente haver crido numa mentira, ou conscienciosamente alimentado um erro; mas será por terem negligenciado as oportunidades de se familiarizarem com a verdade. O descrente será condenado não por ser descrente, mas porque não aproveitou os meios que Deus colocou ao seu alcance para habilitá-lo a se tornar cristão.” Testemunhos para Ministros, pág. 437

Assim considerando o conselho acima, seria prudente examinar este estudo à luz da Palavra de Deus.

 

1 - Como foram estabelecidas as doutrinas da IASD?

Por volta de 1831, Deus levantou um pregador para anunciar Sua mensagem. Um fazendeiro íntegro mas de pouca instrução secular chamado Guilherme Miller começava a anunciar o que havia entendido após 2 anos de estudo e oração sobre a profecia das 2300 tardes e manhãs. "Ocorriam-lhe sempre ao espírito as palavras: "Vai dizê-lo ao mundo; seu sangue requererei de tuas mãos."" O Grande Conflito, pág. 331. As palavras divinas impressionaram-no durante nove seguidos anos antes de este servo do Senhor decidir expor sua fé publicamente. Finalmente, este saiu a pregar a mensagem que havia recebido de Deus, no espírito e poder de Elias, deixando seu arado, tal como o fizera o profeta Eliseu a muitos séculos atrás sobre ele. "Sua pregação era de molde a despertar o espírito público aos grandes temas da religião, e sustar o crescente mundanismo e sensualidade da época.

Em quase todas as cidades havia dezenas de conversos, e em algumas, centenas, como resultado de sua pregação. Em muitos lugares as igrejas protestantes de quase todas as denominações abriram-se-lhe amplamente; e os convites para nelas trabalhar vinham geralmente dos pastores das várias congregações. Adotava como regra invariável não trabalhar em qualquer lugar a que não fosse convidado; e, no entanto, logo se viu impossibilitado de atender à metade dos pedidos que choviam sobre ele.

Muitos que não aceitaram suas opiniões quanto ao tempo exato do segundo advento, ficaram convencidos da certeza e proximidade da vinda de Cristo e de sua necessidade de preparo. Em algumas das grandes cidades seu trabalho produziu impressão extraordinária. Vendedores de bebidas abandonavam este comércio e transformavam suas lojas em salas de cultos; antros de jogo eram fechados; corrigiam-se incrédulos, deístas, universalistas, e mesmo os libertinos mais perdidos, alguns dos quais não haviam durante anos entrado em uma casa de culto. Várias denominações efetuavam reuniões de oração, em diferentes bairros, quase a todas as horas do dia, reunindo-se os homens de negócios ao meio-dia para oração de louvor. Não havia nenhuma excitação extravagante, mas sim uma sensação de solenidade quase geral no espírito do povo. Sua obra, como a dos primeiros reformadores, tendia antes para convencer o entendimento e despertar a consciência do que a meramente excitar as emoções.

Em 1833 Miller recebeu da Igreja Batista de que era membro uma licença para pregar. Grande número dos pastores de sua denominação aprovou-lhe também a obra, e foi com essa sanção formal que continuou com os seus trabalhos. Posto que seus labores pessoais estivessem limitados principalmente à Nova Inglaterra e aos Estados centrais, viajou e pregou incessantemente. Durante vários anos suas despesas eram cobertas inteiramente por sua bolsa particular e posteriormente nunca recebeu o bastante para custear as viagens aos lugares a que era convidado. Assim, seus trabalhos públicos, longe de serem benefício financeiro, eram-lhe pesado encargo às posses, que gradualmente diminuíram durante este período de sua vida. Era chefe de numerosa família; mas como todos eram sóbrios e industriosos, sua fazenda bastava para a manutenção de todos...

Homens de saber e posição uniram-se a Miller, tanto para pregar como para publicar suas opiniões, e de 1840 a 1844 a obra estendeu-se rapidamente.

Guilherme Miller possuía grandes dotes intelectuais, disciplinados pela meditação e estudo; e a estes acrescentava a sabedoria do Céu, pondo-se em ligação com a Fonte da sabedoria. Era um homem de verdadeiro valor, que inspirava respeito e estima onde quer que a integridade de caráter e a excelência moral fossem apreciadas. Unindo a verdadeira bondade de coração à humildade cristã e ao poder do domínio próprio, era atento e afável para com todos, pronto para ouvir as opiniões de outrem e pesar seus argumentos. Sem paixão ou excitação, aferia todas as teorias e doutrinas pela Palavra de Deus; e seu raciocínio sadio e o profundo conhecimento das Escrituras habilitavam-no a refutar o erro e desmascarar a falsidade.

Todavia, não prosseguiu ele o seu trabalho sem tenaz oposição. Como acontecera com os primeiros reformadores, as verdades que [Guilherme Miller] apresentava não eram recebidas favoravelmente pelos ensinadores populares da religião. Não podendo manter sua atitude pelas Escrituras, viam-se obrigados a recorrer aos ditos e doutrinas de homens, às tradições dos pais da igreja. A Palavra de Deus, porém, era o único testemunho aceito pelos pregadores da verdade do advento. "A Bíblia, e a Bíblia só", era a sua senha. A falta de argumentos das Santas Escrituras, por parte dos oponentes, supriam-na eles pelo ridículo e o escárnio. Empregavam tempo, meios e talentos para difamar aqueles cuja única falta era esperar com alegria a volta de seu Senhor, e esforçar-se por viver vida santa e exortar aos demais a prepararem-se para o Seu aparecimento....

Se bem que Miller conseguisse ter casas repletas de ouvintes inteligentes e atentos, seu nome era raras vezes mencionado pela imprensa religiosa, exceto para fins de acusação e ridículo. Os descuidados e ímpios, tornando-se audazes pela atitude dos ensinadores religiosos, recorriam aos epítetos infamantes, graçolas vis e blasfemas, em seu esforço de amontoar o ultraje sobre ele e sua obra. O homem de cabelos grisalhos, que deixara o lar confortável para viajar a expensas próprias, de cidade em cidade, de vila em vila, labutando incessantemente a fim de levar ao mundo a solene advertência do juízo próximo, era vilmente acusado de fanático, mentiroso e patife explorador.

O ridículo, a falsidade, o insulto acumulados sobre ele, provocaram indignados protestos, mesmo por parte da imprensa secular. "Tratar um assunto de tão imponente majestade e terríveis conseqüências", com leviandade e linguagem baixa, declaravam mesmo homens mundanos ser "não meramente brincar com os sentimentos de seus propagadores e advogados", mas "fazer zombaria do dia de juízo, escarnecer da própria Divindade, e desdenhar os terrores de Seu tribunal."...

A despeito de toda a oposição, o interesse no movimento adventista continuou a aumentar. As congregações cresceram das dezenas e centenas para milhares. Grande aumento houve nas várias igrejas, mas depois de algum tempo se manifestou o espírito de oposição a esses conversos, e as igrejas começaram a tomar providências disciplinares contra os que tinham abraçado as opiniões de Miller. Este ato provocou uma resposta de sua pena, em escrito dirigido aos cristãos de todas as denominações, insistindo em que, se suas doutrinas eram falsas, se lhe mostrasse o erro pelas Escrituras.

"Que temos nós crido", disse ele, "que não nos tenha sido ordenado pela Palavra de Deus, a qual, vós mesmos o admitis, é a regra e a única regra de nossa fé e prática? Que temos nós feito que provocasse tão virulentas acusações contra nós, do púlpito e da imprensa, e vos desse motivo justo para excluir-nos [os adventistas] de vossas igrejas e comunhão?" "Se estamos errados, peço mostrar-nos em que consiste nosso erro. Mostrai-nos, pela Palavra de Deus, que estamos enganados. Temos sido bastante ridicularizados; isso nunca nos poderá convencer de que estamos em erro; a Palavra de Deus, unicamente, pode mudar nossas opiniões. Chegamos às nossas conclusões depois de refletir maduramente e muito orar, e ao vermos sua evidência nas Escrituras."" O Grande Conflito, págs. 331, 332, 335, 336, 337

O número dos que criam na mensagem do advento aumentava sobremaneira pelas pregações do ex-fazendeiro. Isto porque este limitava-se a apresentar os seus argumentos com base na palavra de Deus. Estes argumentos eram tão fortes que até mesmo seus oponentes não podiam refutá-los. Estes então recorriam a outra estratégia, que possuía relativa eficácia: difamar o nome do servo do Senhor. Da mesma forma que muitos séculos atrás, Jesus, a "vara verde", foi difamado pelos fariseus, Seu servo sofria o escárnio. Todavia, este prosseguia firme no propósito de apresentar a mensagem que havia recebido do Céu.

Em um particular apenas, este fiel servo de Deus e os demais estudiosos da Palavra que com ele estavam, haviam se equivocado. A profecia das 2300 tardes e manhãs apontava para a purificação do santuário a se iniciar no outono de 1844. Todavia, o santuário ao qual se referia não era o planeta Terra, como Miller e os pregadores do advento concluíam. Este era o santuário celestial, "não construído por mãos humanas", mencionado em Hebreus:

"Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus;" Hebreus 9:24

O santuário cuja descrição foi dada por Deus a Moisés no deserto, era uma "figura", um símbolo do verdadeiro santuário existente no céu, não feito por mãos humanas. Assim, o santuário cuja purificação se iniciaria em 1844 não era o planeta Terra, e sim o verdadeiro santuário celestial, não feito por mãos humanas. Nenhum acontecimento visível ocorreria na Terra em 1844.

Como os pregadores do advento não tinham esta compreensão, continuaram a pregar a volta de Cristo para 1844. Muitos, por medo de serem achados em falta diante de um Deus santo que estaria para lhes encontrar, ajuntaram-se ao grupo dos pregavam o advento do Senhor, embora não estivessem verdadeiramente convertidos. Estes, que eram a grande maioria, após constatarem que nenhum grande acontecimento ocorrera em 1844, abandonaram a fé juntando-se aos escarnecedores de Miller e dos pregadores do advento. Apenas um pequeno número remanescente do primeiro grupo de crentes no advento permaneceu em oração e estudo cuidadoso da Palavra de Deus, buscando conhecer em que particular haviam errado. Este grupo foi recompensado. Os anjos do Céu conduziram-nos ao entendimento correto da palavra "santuário" quando aplicada na profecia das 2300 tardes e manhãs. Outras verdades foram sendo descobertas, ressaltando-se entre elas a verdade do dia de sábado como dia santo, estabelecido por Deus como memorial de Sua criação, no qual deve haver descanso das atividades laborais que tenham por fim atingir nossos próprios interesses, e devem ser efetuadas neste dia apenas ações que glorifiquem o Seu santo nome. Deus confirmou a verdade do sábado à Sua serva Ellen G. White, em visão, meses após este grupo de pioneiros adventistas ter compreendido e aceitado esta mensagem:

"Cri na verdade quanto à questão do sábado antes de ter visto o que quer que fosse em visão relativa ao sábado. Só meses depois de ter começado a guardar o sábado foi que me foi mostrada sua importância e seu lugar na terceira mensagem angélica." Carta 2, 1874.

Ellen G. White e Tiago White, seu esposo aceitaram o sábado após receberem um folheto do Pastor Bates, que havia levado esta mensagem para um grupo de adventistas. Este grupo se fortaleceu nesta crença pelo estudo da palavra de Deus e pelas confirmações dadas à Ellen G. White em visões, de forma que passou a pregar mais amplamente a verdade do sábado, o sétimo dia da semana, como dia de descanso, tal como exposta em Êxodo 20:8-11. Por esta pregação, estes que já eram então denominados de adventistas, foram cognominados de "adventistas do sétimo dia". Daí advém o nome que foi posteriormente adotado como sendo oficial para a denominação instituída - Igreja Adventista do Sétimo Dia, oriunda do pequeno grupo de pioneiros adventistas que pregou o advento e sofreu grande decepção em 1844.

 

1.1 - O estabelecimento dos alicerces da fé - o corpo de doutrinas - 1844 - 1855

Mediante fervorosos esforços de estudo e oração, o pequeno grupo de adventistas do sétimo dia foi perscrutando as verdades reveladas pela palavra de Deus, e desta forma estabelecendo os alicerces da fé adventista. Sobre este esforço, a mensageira do Senhor aclara:

""Muitos de nosso povo não reconhecem quão firmemente foram lançados os alicerces de nossa fé. Meu esposo, o Pastor José Bates, o Pai Pierce, o Pastor [Hiram] Edson, e outros que eram inteligentes, nobres e verdadeiros, achavam-se entre os que, expirado o tempo em 1844, buscavam a verdade como a tesouros escondidos. Reunia-me com eles, e estudávamos e orávamos fervorosamente. Muitas vezes ficávamos reunidos até alta noite, e às vezes a noite toda, pedindo luz e estudando a Palavra. Repetidas vezes esses irmãos se reuniram para estudar a Bíblia, a fim de que conhecessem seu sentido e estivessem preparados para ensiná-la com poder. Quando, em seu estudo, chegavam a ponto de dizerem: 'Nada mais podemos fazer', o espírito do Senhor vinha sobre mim, e eu era arrebatada em visão, e era-me dada uma clara explanação das passagens que estivéramos estudando, com instruções quanto à maneira em que devíamos trabalhar e ensinar eficientemente. Assim nos foi proporcionada luz que nos ajudou a compreender as passagens acerca de Cristo, Sua missão e sacerdócio. Foi-me tornada clara uma cadeia de verdades que se estendia daquele tempo até ao tempo em que entraremos na cidade de Deus, e transmiti aos outros as instruções que o Senhor me dera.

"Durante todo o tempo eu não podia compreender o arrazoamento dos irmãos. Minha mente estava por assim dizer fechada, não podia compreender o sentido das passagens que estudávamos. Esta foi uma das maiores tristezas de minha vida. Fiquei neste estado de espírito até que nos fossem tornados claros todos os pontos principais de nossa fé, em harmonia com a Palavra de Deus. Os irmãos sabiam que, quando não em visão, eu não compreendia esses assuntos, e aceitaram como luz direta do Céu as revelações dadas." Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs. 206 e 207. (Special testimonies, Série B, 2, págs. 51-59, publicado em 1904)

Os pioneiros adventistas, notadamente Estevão Pierce, denominado "Pai Pierce" no texto acima, José Bates e Hiram Edson, Tiago White e Ellen G. White estudavam e oravam com fervor até chegarem ao entendimento das verdades bíblicas, que eram posteriormente confirmadas por Deus à Sua serva em visão. Assim as doutrinas, os pontos principais da fé, foram tornados claros, estando em harmonia com a palavra de Deus. Um particular no texto acima nos chama a atenção. A mensageira do Senhor declara que ela não podia compreender o sentido das passagens que eram estudadas por seu esposo e pelos demais pioneiros, e permaneceu neste estado até que foram tornados claros todos os pontos principais de nossa fé. A pergunta que fazemos é: Quando se tornaram claros todos os pontos principais da fé adventista? A partir de quando, segundo a revelação dada por Deus à Sua serva, todas as doutrinas principais estavam plenamente reveladas? A resposta para estas duas perguntas é de fundamental importância para que se cumpra o objetivo proposto neste compêndio - compreender qual é a verdade dada por Deus aos adventistas do sétimo dia sobre o tema "Divindade". Uma vez que buscamos a luz divina sobre o tema, não podemos tomar como referência histórica quaisquer escritos que não sejam de autores divinamente inspirados. Assim, buscaremos obter luz sobre este particular nos textos comprovadamente escritos por Ellen G. White. Considerando ainda que desejamos a verdade indubitável sobre este tema, procuraremos encontrar não apenas um texto, mais vários textos escritos pela Serva do Senhor que confirmem a partir de quando, historicamente,  a IASD - Igreja Adventista do Sétimo Dia, possuía todos os pontos principais da fé definidos pela revelação divina. Um texto muito esclarecedor sobre este tema, encontra-se em um de seus manuscritos:

"Mediante cuidado e labor incessantes e esmagadora ansiedade, tem a obra ido avante, até que agora a verdade presente está clara, sua evidência não é posta em dúvida pelos sinceros. ... A verdade agora é tornada tão clara que todas a podem ver, e abraçar, se quiserem; mas foi necessário muito trabalho para trazê-la à luz como está, e tão árduo labor jamais terá de ser realizado outra vez para tornar a verdade clara."  MS 2, 26 de agosto de 1855

O texto é claro. Nele, a mensageira do Senhor afirma que os adventistas já possuíam a verdade, e nunca mais seria necessário um esforço como o que havia sido realizado para trazê-la novamente à luz. Entre as verdades reveladas na Palavra de Deus, encontra-se a compreensão sobre o tema Divindade, e segundo o texto que lemos, esta também estava claramente revelada. Não seria necessário um novo esforço para trazê-la novamente à luz. E qual era a verdade concernente ao tema Divindade, que havia sido revelada por Deus nesta época? Podemos conhecê-la estudando o livro "Primeiros Escritos", impresso em 1858, três anos após Ellen G. White escrever o texto que lemos acima. Este livro foi escrito à luz da compreensão que os adventistas tinham sobre o tema "Divindade", e suas afirmações podem ser consideradas como a revelação dada por Deus à Sua serva sobre este tema. Neste livro, encontramos alguns textos bem esclarecedores que trazemos a lume abaixo:

 

a) O Deus Criador

Qual foi a verdade divina revelada por Deus para os pioneiros adventistas sobre Si mesmo? Quem é o Deus Criador? A Bíblia, sobre a criação do homem, afirma:

"Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.

Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou." Gênesis 1:26, 27

Segundo a Bíblia, o Deus criador formou o homem a Sua própria imagem. Um particular que nos chama a atenção neste texto é a expressão que observamos no inicio do verso 26: "Disse Deus: Façamos..". Esta refere-se ao nome Deus sugerindo plural, significando que mais de uma pessoa da Divindade estava presente na criação do homem.

Quantas pessoas disseram "Façamos o homem à nossa imagem"?

A revelação dada por Deus à Sua serva Ellen G. White, encontrada no livro "Primeiros Escritos", responde a esta pergunta:

"Satanás foi outrora um honrado anjo no Céu, o primeiro depois de Cristo. Seu semblante, como o dos outros anjos, era suave e exprimia felicidade. Sua testa era alta e larga, demonstrando grande inteligência. Sua forma era perfeita, seu porte nobre e majestoso. Mas quando Deus disse a Seu Filho: "Façamos o homem à Nossa imagem" (Gên. 1:26), Satanás teve ciúmes de Jesus. Ele desejava ser consultado sobre a formação do homem, e porque não o foi, encheu-se de inveja, ciúmes e ódio. Ele desejou receber no Céu a mais alta honra depois de Deus." Primeiros Escritos, pág. 145

O texto é conclusivo. Afirma que Deus o Pai disse ao Seu Filho: "Façamos o homem..", explicando o texto de Gênesis 1:26. Eram dois os participantes da Criação. Além disso, encontramos outra informação bastante esclarecedora. O texto afirma que "Satanás teve ciúmes de Jesus", e "desejou receber do Céu a mais alta honra depois de Deus". O texto nos demonstra claramente que há uma hierarquia no Céu. Deus, o Pai figura como o primeiro; como tal, Ele, por Sua própria vontade e sabedoria, exaltou a Jesus e deu a Ele ilimitado poder e comando. Por isso, Satanás teve ciúmes de Jesus. Ele desejava "receber no Céu a mais alta honra depois de Deus", queria estar logo abaixo de Deus o Pai, no lugar onde estava Jesus Cristo. A seqüência do texto do livro "Primeiros Escritos" confirma este entendimento:

"Satanás e seus simpatizantes estavam lutando por reformar o governo de Deus. Desejaram perscrutar Sua insondável sabedoria e descobrir o Seu propósito em exaltar a Jesus e dotá-Lo com tão ilimitado poder e comando. Eles se rebelaram contra a autoridade do Filho. Todo o exército celestial foi convocado para comparecer perante o Pai a fim de que cada caso ficasse decidido. Aqui ficou decidido que Satanás seria expulso do Céu, com todos os anjos que a ele se haviam unido em rebelião. Houve então guerra no Céu. Anjos se empenharam em batalha; Satanás desejava derrotar o Filho de Deus e os que estavam submissos a Sua vontade. Mas os anjos bons e leais prevaleceram, e Satanás, com seus seguidores, foi expulso do Céu." Primeiros Escritos, págs. 145 e 146

A história relatada no texto acima demonstra que não há um terceiro Deus. Segundo o texto, havia Deus, o Pai, que havia dotado Seu Filho Jesus Cristo com ilimitado poder e comando, e Satanás, que desejava também ser Deus. Não havia nenhum terceiro Deus. Quando Satanás desejou ser exaltado como Deus, teve que comparecer perante o Pai para decidir seu caso. O texto não faz menção a qualquer outro Deus. Este era o entendimento adventista do sétimo dia, revelado por Deus mediante o estudo e oração e confirmado em visões por Ele para Sua serva Ellen G. White.

 

b) O espírito Santo

Qual foi a verdade revelada por Deus aos adventistas do sétimo dia sobre o espírito Santo? O mesmo livro, que reflete a luz dada pelo Senhor a Seu povo esclarece:

"Os que se levantaram com Jesus enviavam sua fé a Ele no santíssimo, e oravam: "Meu Pai, dá-nos o Teu espírito." Então Jesus assoprava sobre eles o espírito Santo. Neste sopro havia luz, poder e muito amor, alegria e paz." Primeiros Escritos, pág. 55

Como podemos perceber pela leitura do texto acima, a verdade revelada por Deus aos adventistas do sétimo dia sobre o espírito Santo é que este é um sopro, o espírito de Deus Pai, que é assoprado por Seu Filho Jesus Cristo sobre os que oram ao Pai. Percebam que o texto coloca os homens orando ao Pai pedindo: "Pai, dá-nos o Teu espírito", mostrando que o espírito era algo inerente a Deus o Pai, e não uma Deus. Segundo o texto, Deus o Pai possui seu espírito e o dá a quem quer. Seu espírito não é um Deus separado dEle. A palavra hebraica usada para denominar o termo espírito no Velho Testamento é "ruah". No idioma grego, no qual foram escritos a maioria dos livros do novo testamento, a palavra utilizada é "pneuma". Ambas as palavras, tanto no idioma grego como no hebraico, significam "vento" ou "sopro". Em concordância com a revelação bíblica, Deus revelou a Ellen G. White que Seu espírito era o Seu "sopro", como um "vento", que não se percebe de onde vem nem para onde vai, mas sabe-se que ele atua - pode-se sentí-lo.

Segundo o livro Primeiros Escritos, que nos apresenta as verdades reveladas por Deus aos adventistas do sétimo dia, o que ocorre com os homens quando estes recebem o Seu espírito, ou seja o Seu sopro em grande medida? Outro texto nos esclarece este ponto:

"Logo ouvimos a voz de Deus, semelhante a muitas águas, a qual nos anunciou o dia e a hora da vinda de Jesus. Os santos vivos, em número de 144.000, reconheceram e entenderam a voz, ao passo que os ímpios julgaram fosse um trovão ou terremoto. Ao declarar Deus a hora, verteu sobre nós o espírito Santo, e nosso rosto brilhou com o esplendor da glória de Deus, como aconteceu com Moisés, na descida do monte Sinai." Primeiros Escritos, pág. 15.

A luz que o spírito Santo, o sopro de Deus, traz, quando derramado em grande medida,

faz com que as pessoas que o recebem brilhem com o resplendor da glória de Deus. A cena descrita pelo texto acima retrata o final do processo de santificação dos seres humanos, conhecido como glorificação. Da concessão do espírito de Deus e os benefícios desta, trataremos posteriormente neste compêndio, quando formos tratar da promessa do Consolador mencionada no evangelho de João, capítulos 14 e 15.

À luz do que vimos até este ponto do estudo, percebemos que a verdade da Palavra de Deus dada por Ele aos adventistas do sétimo dia sobre o tema divindade era:

- Há um Deus, o Pai;

- Há um Filho de Deus, Jesus Cristo, que também é Deus, dotado pelo Pai de ilimitado poder e comando. Jesus e o Pai criaram, conjuntamente, o homem à Sua imagem;

- O espírito Santo é o espírito do Pai, soprado por Jesus quando os homens pedem ao Pai em oração. Não é um Deus.

- Não há nenhum outro Deus criador diferente de Deus o Pai e de Jesus Cristo.

Há aqueles que afirmam que nesta época (por volta de 1858), os adventistas eram arianos, ou seja, não criam que Jesus era Deus ("arianos" é um termo utilizado para denominar os seguidores de Ário, que não cria na divindade de Cristo).  Entretanto, à luz do que lemos no livro "Primeiros Escritos", percebemos que isto não é verdade. Os textos do livro colocam de forma clara a verdade de que Jesus Cristo é Deus e criou o homem juntamente com Deus o Pai. Os adventistas do sétimo dia desta época criam que Jesus era sim Deus, e portanto não eram arianos.

 

1.2 - O entendimento dos adventistas do sétimo dia sobre Deus - 1866 - 1911

Acabamos de constatar, na seção anterior, qual era o entendimento dos adventistas do sétimo dia sobre o tema "Divindade", dado por Deus a eles. Fora revelado que há um Deus o Pai e um Filho de Deus, que também é Deus - Jesus Cristo. Não foi revelado nenhum outro Deus. Muitos entretanto argumentam que a luz divina concedida ao homem é progressiva, e portanto Deus poderia dar maior luz sobre este tema, levando os adventistas à compreensão de que haveria um terceiro Deus. Seria isto verdade? Teria Deus mudado algo ou acrescentado luz à este tema para os adventistas alguns anos após a impressão do livro "Primeiros Escritos"? Para responder a estas perguntas, precisamos analisar textos escritos por Ellen G. White em datas posteriores a 1858, ano em que este livro foi impresso, a fim de constatar ou não esta possibilidade. Trazemos então a lume um texto escrito em 1866:

"Quando eles [Israel] chegaram ao Sinai, Ele aproveitou a ocasião para refrigerar-lhes o espírito com relação a Suas reivindicações. Cristo e o Pai, lado a lado no monte, proclamaram com solene majestade os Dez Mandamentos." Historical Sketches, pág. 231 (1866).

O texto acima, escrito em 1866, mostra que Deus revelou a Ellen G. White que foram Deus Pai e Jesus Cristo que proclamaram com solene majestade os Dez Mandamentos no monte Sinai. Qual foi o primeiro mandamento que eles proclamaram?

Resp: "Não terás outros deuses diante de mim." Êxodo 20:3

Segundo a revelação dada por Deus em 1866, Cristo e o Pai deixam expressamente claro que não admitem que o homem coloque outros deuses diante dEles. Talvez você se pergunte: Porque Cristo e o Pai, que são duas pessoas distintas, proclamaram: "Não terás outros deuses diante de Mim.", como se ambos fossem um só? A resposta está na palavra de Deus. Jesus, quando viveu como homem na Terra, disse:

"Eu e o Pai somos um." João 10:30.

As palavras de Jesus esclarecem que não é errado dizer  "Não terás outros deuses diante de Mim", mesmo havendo duas pessoas divinas - Ele e Deus Pai. Isto porque Ele é um com Seu Pai - um na natureza, no caráter, e no propósito. Então, eles podem dizer "mim", referindo-se a ambos.

Podemos dizer, pelo testemunho dado por Deus à Ellen G. White em 1866 que acabamos de analisar, que de certa forma foi colocada maior luz sobre o tema "Divindade". Neste ano, além de saberem que havia Deus, o Pai, e Seu Filho Jesus Cristo, que também era Deus e mais nenhum outro Deus no Céu, os adventistas foram informados de que foram o Pai e o Filho que juntos proclamaram o primeiro mandamento. Assim, de acordo com a luz revelada por Deus, qualquer homem que colocasse para si outro deus além do Pai e do Filho estaria transgredindo o primeiro mandamento, e cometendo o pecado de idolatria, o qual Deus abomina.

 

1.2.1 - 1870

Quatro anos mais tarde, em 1870, os adventistas do sétimo dia publicaram o primeiro livro de uma série de quatro volumes, denominados "Spirit of Profecy" (espírito de Profecia), que continham a luz revelada por Deus à Sua serva Ellen G. White sobre os eventos relacionados com o Conflito entre Cristo e Satanás desde a rebelião e queda deste até a redenção final do homem. Tendo sido publicado pelos adventistas do sétimo dia, este volume reflete a luz que eles possuíamos sobre o tema de nosso interesse - "a Divindade". O volume 1 desta série apresenta o relato da Criação do mundo e do homem, trazendo luz sobre o tema "Divindade". Este volume foi publicado em partes em português no compilado "História da Redenção" (confira em "História da Redenção" - Prefácio). Apresentamos abaixo um trecho deste material, do original escrito em 1870:

"Pai e Filho empenharam-Se na grandiosa, poderosa obra que tinham planejado - a criação do mundo. A Terra saiu das mãos de seu Criador extraordinariamente bela....

Depois que a Terra foi criada, com sua vida animal, o Pai e o Filho levaram a cabo Seu propósito, planejado antes da queda de Satanás, de fazer o homem à Sua própria imagem. Eles tinham operado juntos na criação da Terra e de cada ser vivente sobre ela. E agora, disse Deus a Seu Filho: "Façamos o homem à Nossa imagem." Gên. 1:26. Ao sair Adão das mãos do Criador, era de nobre estatura e perfeita simetria." História da Redenção, págs. 20, 21

O texto acima retrata a luz divina que receberam os adventistas do sétimo dia de que foram Deus Pai e Seu Filho Jesus Cristo que criaram o mundo. Também aclara que foram Eles, Pai e Filho, que fizeram o homem à Sua própria imagem, segundo está escrito em Gênesis 1:26. Perceba que o texto que lemos acima sobre a criação do homem apenas confirma a luz que Deus já havia dado aos adventistas e foi impressa doze anos antes (1858) no livro "Primeiros Escritos".

Dez anos após a impressão do primeiro volume da série "Spirit of Profecy" (portanto em 1890), foi impresso outro livro, escrito pela própria pena de Ellen G. White, que também trazia a luz dada por Deus a ela e aos adventistas do sétimo dia sobre a "Divindade", denominado "Patriarcas e Profetas". Apresentamos abaixo alguns trechos deste livro que trazem luz sobre o tema em questão:

"O Soberano do Universo não estava só em Sua obra de beneficência. Tinha um companheiro - um cooperador que poderia apreciar Seus propósitos, e participar de Sua alegria ao dar felicidade aos seres criados. "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus." João 1:1 e 2. Cristo, o Verbo, o Unigênito de Deus, era um com o eterno Pai - um em natureza, caráter, propósito - o ÚNICO SER que poderia penetrar em todos os conselhos e propósitos de Deus....

O Pai operou por Seu Filho na criação de todos os seres celestiais." Patriarcas e Profetas, pág. 34

O texto acima, lança mais luz sobre o tema, de modo a dirimir qualquer dúvida. Afirma expressamente que Cristo era um com o eterno Pai em natureza, caráter e propósito, e ainda que Cristo era o ÚNICO ser que poderia penetrar em todos os conselhos e propósitos de Deus. A palavra "único" não dá margem para que haja nenhum outro. Para exemplificar, analisemos a afirmação abaixo:

"O filho Fernando é o único parente vivo da dona Maria."

Segundo a frase acima, Maria tem algum parente vivo além do Fernando? A resposta é clara: não. Se o Fernando é o único parente vivo da Maria, esta não possui nenhum outro parente vivo.

Da mesma forma, o testemunho dado por Deus à Sua serva Ellen G. White afirma que Jesus é o único ser que poderia penetrar em todos os conselhos e propósitos de Deus. Se Jesus é o único ser que pode penetrar nos conselhos de Deus, existe algum outro ser que também pode penetrar os segredos do Pai? Tão certo como a dona Maria não pode possui nenhum outro filho além do Fernando, porque ele é único, ninguém mais pode penetrar os segredos do Pai além de Cristo, porque ele é o único que pode sondá-los.

Existem aqueles que utilizando-se do texto de I Coríntios 2:10, 11, afirmam que existiria mais um ser, o espírito Santo, que poderia penetrar nos propósitos de Deus, além de Cristo. Esta afirmativa não pode ser verdade, pois contradiz o testemunho inspirado por Deus que lemos acima, que afirma que Cristo era o único que poderia penetrar nos propósitos de Deus. Aqueles que fazem tal afirmação com respeito ao espírito Santo, possuem um entendimento equivocado desta passagem bíblica. O texto bíblico diz:

"Mas Deus no-lo revelou pelo espírito; porque o espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o espírito de Deus." I Coríntios 2:10, 11

O texto afirma que o espírito perscruta as profundezas de Deus. Obviamente, o termo espírito está se referindo a Cristo, que, de acordo com a revelação dada por Deus à Sua serva Ellen G. White é o ÚNICO que pode perscrutar todos os propósitos de Deus. A Bíblia também atesta com clareza que somente o Filho de Deus, Jesus Cristo, conhece verdadeiramente o Pai:

"Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar." Mateus 11:27

O texto é conclusivo. Afirma que NINGUÉM conhece o Pai, senão o Filho. Temos então que, se ninguém conhece o Pai além do Filho, o espírito que perscruta, ou conhece as profundezas de Deus, é o Filho de Deus, o único que conhece e pode perscrutar os segredos do Pai. Assim, a palavra "espírito". mencionada em I Coríntios 2:10.11. é utilizada para se referir a Cristo. Isto também pode ser constatado pelo próprio estudo do contexto da passagem (capítulos 1 e 2 de I Coríntios). Um segundo texto extraído do livro "Patriarcas e Profetas", apresenta um parecer conclusivo quanto a esta questão:

"O Rei do Universo convocou os exércitos celestiais perante Ele, para, em sua presença, apresentar a verdadeira posição de Seu Filho, e mostrar a relação que Este mantinha para com todos os seres criados. O Filho de Deus partilhava do trono do Pai, e a glória do Ser eterno, existente por Si mesmo, rodeava a ambos. Em redor do trono reuniam-se os santos anjos, em uma multidão vasta, inumerável - "milhões de milhões, e milhares de milhares" (Apoc. 5:11), estando os mais exaltados anjos, como ministros e súditos, a regozijar-se na luz que, da presença da Divindade, caía sobre eles. Perante os habitantes do Céu, reunidos, o Rei declarou que ninguém, a não ser Cristo, o Unigênito de Deus, poderia penetrar inteiramente em Seus propósitos, e a Ele foi confiado executar os poderosos conselhos de Sua vontade. O Filho de Deus executara a vontade do Pai na criação de todos os exércitos do Céu; e a Ele, bem como a Deus, eram devidas as homenagens e fidelidade daqueles." Patriarcas e Profetas, pág. 36

O texto acima mostra que foi revelado à Ellen G. White que o próprio Deus Pai declarou a todos os habitantes do Céu que ninguém, a não ser Cristo, poderia penetrar inteiramente em Seus propósitos. Isto sacramenta o entendimento de que o espírito que conhece as coisas de Deus, descrito em I Coríntios 2:10,11, é Cristo. O que Deus o Pai declara, Ele nunca muda, segundo o que a Bíblia afirma:

"Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança." Tiago 1:17

Assim, o que o Pai disse sobre Cristo estava sacramentado pelas eras eternas. A ninguém, além de Cristo, foi, é, ou será permitido penetrar nos propósitos de Deus. Deus Pai afirmou isto perante todos os habitantes do Céu. Portanto, todos os habitantes do Céu sabem que somente Cristo é um com o Eterno Pai em natureza, caráter e propósito.

Acabamos de analisar textos escritos por Ellen G. White no ano de 1890. Qual era a revelação de Deus dada aos adventistas do sétimo dia sobre o espírito Santo nesta época? Teria ela mudado em relação ao que fora revelado cerca de 35 anos antes (1858) e impresso no livro "Primeiros Escritos"? Para esclarecer este ponto, analisemos um testemunho que foi escrito em 1893:

"Depois de Cristo ser batizado, curvou-Se nas margens do Jordão; e nunca antes ouvira o Céu tal oração como a que saiu de Seus lábios divinos. Cristo tomou sobre Si nossa natureza. A glória de Deus, em forma de uma pomba de ouro polido, pousou por sobre Ele e, da infinita glória, foram ouvidas estas palavras: "Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo." Mat. 3:17.

A raça humana acha-se circundada pelo braço humano de Cristo, ao passo que com o braço divino Ele segura o trono do Infinito. A oração de Cristo fendeu as trevas e penetrou aonde está Deus. Isto quer dizer, para cada um de nós, que o Céu se nos acha aberto. Quer dizer que as portas estão abertas de par em par, que a glória é comunicada ao Filho de Deus e a todos quantos crêem em Seu nome. Nossa petição será ouvida no Céu, assim como Deus respondeu à petição de nosso Penhor, nosso Substituto, o Filho do infinito Deus." Manuscrito 27, 1893 (Temperança, 184)

O texto acima trata primeiramente da ocasião do batismo de Jesus. Todos os estudiosos da Bíblia afirmam que, à luz da revelação bíblica, após o batismo, o espírito Santo desceu sobre Cristo sobre a forma corpórea de uma pomba, conforme está escrito no evangelho de Lucas:

"E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e, estando ele a orar, o céu se abriu, e o espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo." Lucas 3:21, 22.

Relativo a esta cena, vimos que Deus revelou à Ellen G. White que o espírito Santo que desceu sobre Cristo era a glória do Pai, na forma de uma pomba de ouro polido. O texto também afirma que "a glória é comunicada ao Filho de Deus e a todos quantos crêem em Seu nome", certificando-nos de que ao pedir ao Pai receberemos porções da Sua glória, que é o Seu espírito. Sobre a relação entre o espírito Santo e a glória de Deus, estudaremos com mais vagar na seção 3.1 deste compêndio.

Pelo que estudamos até aqui, percebemos que Deus concedeu luz suficientemente clara aos adventistas do sétimo dia para que estes não fossem levados à um entendimento errôneo das escrituras relativo ao tema "Divindade". A análise de diversos testemunhos dados por  Deus à Sua serva Ellen G. White ao longo dos anos, revela-nos que Deus foi apenas enfatizando reiteradas vezes o que já havia revelado aos adventistas sobre a "Divindade" em 1855, provando-se verdadeiro o testemunho escrito por ela naquele ano, que afirmava que as verdades já estavam reveladas por Deus a eles:

"Mediante cuidado e labor incessantes e esmagadora ansiedade, tem a obra ido avante, até que agora a verdade presente está clara, sua evidência não é posta em dúvida pelos sinceros. ... A verdade agora é tornada tão clara que todas a podem ver, e abraçar, se quiserem; mas foi necessário muito trabalho para trazê-la à luz como está, e tão árduo labor jamais terá de ser realizado outra vez para tornar a verdade clara."  MS 2, 26 de agosto de 1855

 

1.2.2 - Minneápolis - 1888

A fim de compreender melhor os textos que serão analisados sobre o tema "Divindade" datados após 1893, é interessante que façamos um pequeno retrocesso de cinco anos em nossa linha de tempo e analisemos a evolução dos fatos históricos ocorridos com a liderança da IASD desde o ano de 1888.

Nos dias 17 de outubro a 4 de novembro de 1888, realizou-se a assembléia da Associação Geral em Minneápolis - Minesota - EUA. Algumas pessoas afirmam que nesta assembléia houve uma insatisfação quanto à crença dos adventistas relativa ao espírito Santo. Seria isto verdade? Não nos parece ser, ao menos quando analisamos os sermões proferidos por Ellen G. White durante esta assembléia, bem como os testemunhos escritos por ela nos anos subseqüentes. Apresentamos a seguir alguns testemunhos dados pela serva do Senhor que nos permitirão identificar qual foi o problema ocorrido nesta assembléia, qual foi a mensagem apresentada, quais foram os mensageiros escolhidos por Deus para apresentar esta mensagem e qual foi a reação dos líderes da igreja quanto à esta mensagem.

A mensagem e sua importância:

"Em Sua grande misericórdia, enviou o Senhor preciosa mensagem a Seu povo por intermédio dos pastores Waggoner e Jones. Esta mensagem devia pôr de maneira mais preeminente diante do mundo o Salvador crucificado, o sacrifício pelos pecados de todo o mundo. Apresentava a Justificação pela Fé no Fiador; convidava o povo para receber a Justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus. ... Esta é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem angélica que deve ser proclamada com alto clamor e regada com o derramamento de Seu espírito Santo em grande medida." Special Testimonies to Ministers and Gospel Workers, Serie A 151 / Testemunhos para Ministros, págs. 91, 92

"Nesta reunião [Minneápolis] ouvi, pela primeira vez, pelo Dr. Waggoner, as razões da sua posição." MS 15, 1888 (Minneápolis 1888, pág. 14)

"Quando o irmão Waggoner proferiu estes pensamentos em Mineápolis, este foi o primeiro e claro ensino sobre este tema, que eu jamais ouvira de lábios humanos, com exceção de conversas havidas entre mim e o meu marido." MS 5, 1889, 9,10 (Mineápolis 1888, pág. 14)

Os testemunhos acima mostram qual era a mensagem mais importante apresentada na assembléia de Minneápolis, 1888. A mensagem da Justificação pela Fé foi dada pelo Senhor aos pastores Waggoner e Jones, e era a terceira mensagem angélica em verdade, aquela que deveria ser "proclamada com alto clamor" e regada com a "Chuva Serôdia", segundo o que escreveu Ellen G. White. Estes pastores, comissionados por Deus, a apresentaram na assembléia de 1888 esta mensagem, que representava um convite para que os adventistas aceitassem a luz vinda do próprio Céu e se tornassem habilitados para receber a Chuva Serôdia, a fim de pregarem-na com um alto clamor. Entretanto, infelizmente, os líderes do movimento adventista naquela época rejeitaram o convite, tornando-se inabilitados para receber o derramamento do espírito Santo em grande medida. Disto atestam os sermões proferidos por Ellen G. White nesta assembléia:

""Quero dizer-vos agora que é uma coisa terrível que, quando Deus vos envia uma luz e depois de ter influenciado o vosso espírito e o vosso coração, procedeis como eles (os Judeus). Se a verdade de Deus não for aceita, o Seu espírito se retirará. Cristo, porém, foi aceito por alguns. O espírito testemunhou que Ele era Deus. Mas uma contra-corrente entrou. Anjos maus trabalhavam na reunião, para levantar dúvidas e provocar incredulidade, para que fosse excluído cada raio de luz, dado por Deus. Num tal lugar Cristo nada podia fazer. Vós podeis ver qual era a influência de Satanás e o erro que o povo cometeu. Não fizeram progresso, e como não progrediram, trabalhavam sob o domínio de Satanás. Mas mesmo assim pretendiam estar sob a direção de Deus. Deus, porém, nada tinha a haver com a sua incredulidade e inimizade contra Jesus Cristo. Eu desejaria que vós pudésseis ver e reconhecer que, caso não fizerdes um progresso, estareis em retrocesso." 1888 Sermões, pág. 26

"Os que não cavarem sempre mais no poço da verdade, não verão beleza alguma nos assuntos deliciosas que foram apresentados nesta Conferência. Se a vontade estiver uma vez em oposição formada contra a luz, será muito difícil ceder; mesmo em frente das provas claras que foram dadas nesta Conferência. Zaragatear, duvidar, criticar e fazer pouco dos outros, é a educação que muitos receberam. Recusam-se a aceitar provas. O coração natural está em luta contra a luz, a verdade e o conhecimento. Jesus estava em cada sala de dormir, onde vós conversáveis. Quantas orações subiram destas salas?" pág. 41

"Irmãos, Deus tem uma luz extremamente preciosa para o Seu povo. Não a chamo uma nova luz, mas oh, para muitos é estranhamente nova. Oh, a vossa leviandade, as vossas conversas estão escritas no livro. ... Se soubésseis como Cristo considera o vosso procedimento durante esta reunião." págs. 41, 42

"Agora estamos quase no fim desta reunião, e nem uma confissão foi apresentada; não houve nem uma fenda para deixar o espírito Santo entrar. Como já disse, qual é a vantagem de estarmos aqui reunidos, se os nossos pregadores só vêm para impedir que o espírito Santo chegasse ao povo? Esperávamos que houvesse uma tendência para o Senhor. Possivelmente pensais que tendes tudo que necessitais. ... Eu vos falei e pedi, mas parece-me que tudo passa por vós. ... Nunca estive tão inquieta como no tempo atual. pág. 52

"E vi, como almas preciosas, que estavam prontas para aceitar a verdade, foram impedidas pela maneira como foram tratadas. Jesus não estava incluído. E é por isto, porque vos rogo todo o tempo - nós queremos Jesus. Qual é a razão do espírito de Deus não estar presente em nossas reuniões? Porque erguemos barreiras em volta. Eu vos falo resolutamente, porque quero demonstrar-vos onde estais. Quero que vós, homens jovens, tomais uma posição pela verdade, por vossa própria inteligência e não porque um outro o faz. Foi dito que o irmão Waggoner tinha tomado posse na condução da reunião. Não vos deu a Palavra da Bíblia?... Creio que meu testemunho não é agradável, mas, como o temor do Senhor, o darei." pág. 54

"O Dr. Waggoner falou duma maneira simples e compreensível. Nas suas palavras há uma luz preciosa. ... Se os nossos irmãos que servem, aceitassem a doutrina da Justiça de Cristo, tão claramente exposta, com a sua ligação com a lei - e eu sei que eles devem aceitar isto - não seriam então os seus preconceitos uma força dominante e o povo podia ser alimentado com a alimentação ao tempo devido. ..."

"Não vejo desculpas para o estado de sentimentos criado nesta reunião. É minha primeira oportunidade ouvir alguma coisa a respeito deste tema. Ainda não tinha uma conversa com o meu filho W.C. White, com o Dr. Waggoner ou o irmão A. T. Jones. Nesta reunião ouvi pela primeira vez as razões da posição do Dr. Waggoner."

"O meu guia me disse: Muita luz brilhará da Lei de Deus e do Evangelho da Justiça. Se for compreendido o verdadeiro caráter desta mensagem, e sendo ela proclamada na força do espírito Santo, toda a Terra será iluminada pela clareza. A grande e decisiva questão deve ser levada a todas as nações, línguas e povos. A obra final da tríplice mensagem angélica será acompanhada de uma força pela qual os raios do Sol da Justiça alcançarão todas as estradas da vida. Decisões serão tomadas para Deus, como o mais alto Soberano, e a Sua lei será aceita como padrão."" pág. 58 (Minneápolis, 1888 págs. 16, 17).

Os sermões de Ellen G. White proferidos na assembléia de 1888 esclarecem que o tema da controvérsia, que gerou insatisfação, era a Justificação pela Fé, e não a posição adventista sobre o espírito Santo ou a Trindade, como defendem alguns. A esta época, a própria análise histórica dos textos que fizemos até então demonstrou que os adventistas não criam em tal doutrina (Trindade); ao contrário do que hoje se prega, a revelação dada pela Céu mostrava que existem apenas Deus o Pai e Seu Filho Jesus Cristo, e que os dois são "Um", (João 10:30), não havendo nenhum outro Deus ao lado destes. O conteúdo dos sermões também atesta que a mensagem de Justificação pela Fé apresentada pelos pastores Waggoner e Jones não foi aceita na ocasião.

Ainda sobre o conteúdo da mensagem de Waggoner e Jones apresentada em 1888, gostaríamos de comentar mais um particular. Existem pessoas, entre as quais muitas que se dizem teólogos, que afirmam que Waggoner, ao expor o tema da Justificação pela Fé em Mineápolis, 1888, contribuiu para modificar o entendimento adventista sobre Cristo, o que teria contribuído para uma mudança posterior do pensamento adventista sobre Deus. Seria isto verdade? A fim de constatarmos isto, exporemos primeiramente a crença dos adventistas sobre a pessoa de Cristo, acatada através da revelação divina pela palavra de Deus e da confirmação dada por Ele à Sua serva Ellen G. White, como vimos anteriormente:

- Há um Filho de Deus, Jesus Cristo, que também é Deus, dotado pelo Pai de ilimitado poder e comando. Jesus e o Pai criaram, conjuntamente, o homem à Sua imagem. Cristo era um com o Eterno Pai, em natureza, caráter e propósito, o Único Ser em todo o universo que poderia penetrar em todos os conselhos e propósitos de Deus.

Vejamos agora as declarações de Waggoner a respeito de Jesus Cristo:

Cristo tinha vida em Si mesmo [João 10:17] Ele possui imortalidade em Si mesmo. Há uma divina unidade entre o Pai e o Filho. Cristo é por natureza da mesma substância de Deus. Ele tem vida em Si mesmo. Ele é chamado de Jeová, e existe por Si mesmo. Ele é igual ao Pai e tem os atributos de Deus.” Trinity, pág. 195

"Dirigindo-Se diretamente ao Seu Filho, DEUS o chamou pelo mesmo título. No Salmo 45:6 lemos estas palavras: "O Teu trono, ó DEUS, é para todo o sempre; cetro de eqüidade é o cetro do Teu reino." O leitor casual pode considerar isto simplesmente a atribuição de louvor do salmista a DEUS, mas quando nos volvemos ao Novo Testamento, descobrimos tratar-se muito mais do que isso. Descobrimos que DEUS, o PAI, é quem fala e que está se dirigindo ao Filho, chamando-O de DEUS. Ver. Heb. 1:1-8" Cristo e Sua Justiça, pág. 9

"As Escrituras declaram que CRISTO é o "unigênito de DEUS". Ele é gerado, não criado. Quando Ele foi gerado não nos compete indagar, nem nossas mentes poderiam assimilá-lo se nos fosse indicado. O profeta Miquéias nos diz tudo quanto podemos saber sobre isto nesta palavras: "E tu, Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade." Miquéias 5:2. Houve um tempo em que CRISTO procedeu e veio de DEUS, do seio do PAI (João 8:42; 1:18), mas esse tempo está tão recuado nos dias da eternidade que para a compreensão finita é praticamente sem início." Cristo e Sua Justiça, pág. 19

Ao comparar as declarações de Waggoner a respeito de Cristo com a crença adventista sobre Ele nesta época, percebemos que não há qualquer divergência. Os adventistas criam que Cristo, o Filho de Deus, era Deus, e Waggoner também o afirma. Os adventistas criam que Cristo foi dotado pelo Pai de ilimitado poder e comando, ou seja, Ele recebeu de Seu Pai o poder e o comando. Waggoner corrobora com isto, pois afirma que Cristo procedeu de Deus, ou seja, foi gerado de Deus. Sendo gerado, herdou o poder e autoridade que possui aquele de quem foi gerado - Deus, o Pai - por isso os adventistas criam que foi Deus o Pai quem dotou a Jesus com ilimitado poder e comando. Verificamos portanto que os escritos e declarações de Waggoner que acompanham a mensagem de Justificação pela Fé que este apresentou em 1888, não mudaram em absolutamente nada o que os adventistas criam sobre Cristo. Pelo contrário, apenas confirmaram o entendimento que já existia.

Posto que a mensagem apresentada pelos servos de Deus em Minneápolis 1888, não foi aceita pela liderança do movimento adventista do sétimo dia, Ellen G. White, juntamente com os pastores Waggoner e Jones, passaram a empreender a obra de pregar tal mensagem sem o auxílio daqueles que rejeitaram o convite divino. Entretanto, estes líderes - Uriah Smith, Buttler (então presidente da Conferência), Olsen (que foi presidente da Conferência Geral após Mineápolis - 1888) e outros, se mantiveram no caminho de tal mensagem, opondo-se a ela e à obra dos três pregadores. A oposição à esta obra encampada pela mensageira do Senhor foi tão sentida por ela que está registrada em um de seus testemunhos:

"Eu sei que o Senhor tem uma benção para nós. Ele tinha uma benção para nós em Minneápolis e também na Conferência Geral [1889] aqui. Mas a benção não foi aceita. Alguns aceitaram a luz com alegria. outros, porém, mantiveram-se atrás, e a sua posição encorajava outros a alimentar incredulidade e de a distribuir. ... Se for possível quero estar longe daqui, antes de perder a última gota de energia." Sermão em Battle Creek, 16.03.1890

Nesta época, Ellen G. White era uma senhora de quase sessenta anos. O teor da mensagem de um trecho de seu sermão, apresentado acima, mostra quão grande era a oposição que ela enfrentava da liderança do movimento adventista ao seu esforço de levá-los a crer na mensagem de Justificação pela Fé dada por Deus aos pastores Waggoner e Jones. Sua exclamação era: "Se for possível quero estar longe daqui,". Apesar de ter proferido tal exclamação, não era plano do Senhor que ela se ausentasse de Battle Creek, nos Estados Unidos, o centro denominacional de então. O Senhor aprovava seu esforço em conjunto com os pastores Waggoner e Jones para que a verdade fosse estabelecida. Todavia, apesar de a aprovação do Senhor estar sobre a obra de Sua serva, Ele nunca tira dos homens o direito de escolha - o livre arbítrio. Incomodados pelas constantes reprovações que a serva do Senhor fielmente lhes dava quanto a sua posição de negar a luz que Ele havia dado a Waggoner e Jones e não dispostos a ouvir as constantes exortações ao arrependimento que esta lhes dirigia, postularam que Ellen G. White deveria ser deslocada para a Austrália, a fim de desenvolver um trabalho naquele campo. Entretanto, a serva do Senhor registrou, através de uma carta enviada ao pastor Olsen, então presidente da Conferência Geral, que não havia qualquer luz divina indicando que ela deveria ir para tal campo. Transcrevemos um trecho desta carta abaixo:

"O Senhor não estava dirigindo nossa saída da América. Ele não revelou que era Sua vontade que eu deixasse Battle Creek. O Senhor não planejou isso, mas permitiu que agissem segundo vossa própria imaginação. O Senhor desejava que W. C. White, seu mãe [Ellen G. White] e seus obreiros permanecessem na América. Nós éramos necessários no centro da Obra, e tivesse vossa percepção espiritual discernido a verdadeira situação, nunca teríeis consentido com as medidas tomadas. Mas o Senhor lê os corações de todos. Havia tanta disposição para que partíssemos que o Senhor permitiu que esse evento tivesse lugar. Aqueles que estavam cansados com os testemunhos dados foram deixados sem a pessoas que os transmitiam. Nossa separação de Battle Creek foi para deixar os homens cumprirem sua própria vontade e maneira, que julgavam superior à maneira do Senhor.

O resultado está perante vós. Tivéssem permanecido do lado certo, tal decisão não teria sido tomada neste tempo. O Senhor teria trabalhado pela Austrália por outros meios, e uma forte influência teria sido mantida em Battle Creek, o grande coração da Obra.

Lá teríamos permanecido ombro a ombro, criando uma atmosfera saudável a ser sentida em todas as nossas associações. Não foi o Senhor quem planejou essa questão. Não pude obter um raio de luz quanto a deixar a América. Mas quando o Senhor apresentou-me essa questão tal como realmente era, não abri os lábios para ninguém porque eu sabia que ninguém discerniria a questão em todas as suas implicações. Quando partimos, alívio foi sentido por muitos, mas não tanto por ti mesmo, e o Senhor não Se agradou disso, pois Ele havia nos colocado junto às rodas do maquinismo de Battle Creek." Carta 127, 1896 para O. A. Olsen (Minneápolis, 1888 págs. 41, 42).

Além de rejeitar a mensagem dada por Deus através dos pastores Waggoner e Jones, os líderes do movimento adventista rejeitaram também as admoestações feitas pela serva do Senhor para que eles se arrependessem de tal atitude. Foram ainda mais longe - desejando silenciar a voz de reprovação vinda do Céu, enviaram aquela que testemunhava em favor dos reclamos divinos para a Austrália, do outro lado do planeta, e se sentiram aliviados quando ela se foi, conforme é manifestado no texto da carta transcrita acima: "Quando partimos, alívio foi sentido por muitos, mas não tanto por ti mesmo, e o Senhor não Se agradou disso". Constatamos que o próprio presidente da Conferência Geral trabalhou para  levar para longe a mensageira que lhe trazida mensagens diretas do Céu, e sentiu-se aliviado quando ela se foi. Percebemos que a partir de 1888 iniciou-se um processo de apostasia dentro da igreja adventista, encabeçado pela liderança. Um outro testemunho escrito por Ellen G. White comprova isto:

"A influência, vinda da resistência contra a luz e verdade de Minneápolis, tem a tendência de apagar a luz dada ao povo de Deus, através dos testemunhos ... porque alguns daqueles que tinham posições de responsabilidade, foram penetrados pelo espírito que prevaleceu em Minneápolis - um espírito que obscureceu a capacidade de observação do povo." Carta à Conferência Geral, 1893 (Minneápolis, 1888, págs. 43, 44).

O testemunho acima não apenas nos serve para constatação da afirmação feita no parágrafo anterior, como também nos mostra uma advertência: é afirmado que a influência dos líderes do movimento adventista no sentido de resistir a luz dada por Deus aos pastores Waggoner e Jones em 1888, fá-los-ia apagar a luz dos testemunhos, ou seja, torná-los-ia tão resistentes à verdade a ponto de rejeitar a luz dada por Deus através dos testemunhos de Ellen G. White. Também afirma que tal espírito de resistência "obscureceu a capacidade de observação do povo", ou seja, a membresia da IASD, que vendo os testemunhos apontando para uma direção e sua liderança guiando-os para outra, seria confundida a ponto de ter dificuldades de discernir qual era a verdade revelada por Deus em cada particular da fé. A tendência para a rejeição dos testemunhos denunciada por Ellen G. White no texto acima finalmente mostra que a IASD estava realmente entrando em apostasia, porque segundo Deus revelou a ela, o primeiro passo para a apostasia é a rejeição dos testemunhos:

"Uma coisa é certa: Os adventistas do sétimo dia que se colocam sob o estandarte de Satanás abandonarão primeiro sua fé nas advertências e repreensões contidas nos Testemunhos do espírito de Deus." Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 84 / Eventos Finais, pág. 153.

Analisando a história contada através dos testemunhos, percebemos que um passo tímido em direção a apostasia leva a outro mais ousado. Os líderes da IASD primeiramente rejeitaram a luz que Deus deu ao Seu povo através dos pastores Waggoner e Jones. Em seguida, ao serem reprovados por Deus, através dos testemunhos de Ellen G. White por terem feito isto, arranjaram para que ela fosse para a Austrália, bem distante deles, para fazer silenciar a voz que lhes reprovava os pecados, mesmo sendo isto contra o plano divino. Foram então advertidos por vários testemunhos, entre eles a Carta para a Conferência Geral escrita em 1893 que trouxemos à lume a pouco, de que estavam no caminho da rejeição dos próprios testemunhos dados por Deus à Sua serva, e levando o povo consigo, deixando-o com a capacidade de observação obscurecida.

Como poderia este processo ser revertido? Como poderiam os líderes da IASD retirá-la do caminho da apostasia e voltar para o caminho de obediência a Deus? Para aqueles que estão no caminho do pecado e da apostasia, a Bíblia lhes apresenta o único caminho para a reconciliação com Deus e Seus propósitos:

"Portanto, eu vos julgarei, a cada um segundo os seus caminhos, ó casa de Israel, diz o SENHOR Deus. Convertei-vos e desviai-vos de todas as vossas transgressões; e a iniqüidade não vos servirá de tropeço.

Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes e criai em vós coração novo e espírito novo; pois, por que morreríeis, ó casa de Israel?

Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o SENHOR Deus. Portanto, convertei-vos e vivei." Ezequiel 18:30-32

"Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados" Atos 3:19

Era necessário que os líderes da IASD se arrependessem de seu pecado de resistir à luz dada pelo Senhor a Waggoner e Jones, e a aceitar. Somente desta forma seriam guardados pelo Senhor de perderem também sua fé nos testemunhos por Ele dados à Sua serva - Ellen G. White. Perguntamos: fizeram eles isto? Os testemunhos de Ellen G. White, nos respondem esta pergunta:

""Queridos irmãos em posições de responsabilidade na obra, o Senhor tem uma disputa convosco. A razão não necessito em especial de explicar, foi-vos apresentada repetidamente. ... O mesmo espírito se tinha manifestado em Battle Creek. Os que em Minneápolis abriram as portas dos seus corações à tentação e que levaram o mesmo espírito para a sua casa, reconhecerão, mesmo se não for agora, então, num futuro próximo, que resistiram ao espírito Santo e que se opuseram ao espírito da graça."

"Arrepender-se-ão? Ou obstinarão os seus corações, opondo-se às provas?"" Avondale, Cooranbong, 16.02.1896 (Minneápolis, 1888, pág. 54)

"Pena e palavras não são capazes de interpretar a minha tristeza. Sem dúvida atuou o irmão ... assim como Arão a respeito dos homens, que, desde Minneápolis, sempre se opuseram às obras de Deus. Não se arrependeram de se terem oposto à luz e às provas." Sunnyside, Cooranbong, 27.08.1898 (Minneápolis, 1888, pág. 54)

Os textos mostram que Ellen G. White escreveu durante anos a fio demonstrando que não houve arrependimento. O último texto que apresentamos acima, é datado de 1898, portanto dez anos após a assembléia de Mineápolis, e mostra que os líderes adventistas não haviam se arrependido de terem negado à luz divina trazida por Waggoner e Jones.

Ao não se arrependerem de seu pecado de haver negado à luz a eles oferecida em 1888, os líderes adventistas estavam a rejeitar o único meio pelo qual Deus poderia intervir de modo a evitar que estes continuassem sua caminhada rumo à rejeição dos testemunhos dados por Deus a Ellen G. White e a conseqüente apostasia. Então, devido à sua obstinada negação dos testemunhos de advertência, Deus passou a inspirar Ellen G. White a escrever outra sorte de testemunhos, estes sim, com mensagens muito mais tristes, retratando a situação dos líderes da IASD:

"A voz de Battle Creek, que tem sido considerada como autoridade para determinar de que maneira deve ser efetuada a obra, não é mais a voz de Deus." Manuscript Releases, vol. 17, pág. 185. (1896) / Eventos Finais, pág. 45

"Faz alguns anos que eu considerava a Associação Geral como a voz de Deus." Manuscript Releases, vol. 17, pág. 216 (1898) / Eventos Finais, pág. 45

"A igreja está na condição laodiceana. A presença de Deus não está no meio dela." Notebook Leaflets, vol. 1, pág. 99. (1898) / Eventos Finais, pág. 44

Como aqueles líderes recusaram-se persistentemente a aceitar as mensagens que o Céu lhes enviava, Deus mesmo informou através da Sua serva que não reconhecia mais a autoridade deles como estando a expressar Sua vontade. Os testemunhos transcritos acima, datados de 1896 e 1898, respectivamente, não nos dão margem a dúvidas quanto a isto. Estes comprovam ainda que os líderes da IASD já estavam caminhando para cumprir o que havia sido revelado por Deus à Sua serva oito anos antes, em 1890. Transcrevemos abaixo o testemunho que traz esta importante revelação:

"O inimigo porá em operação tudo para desarraigar a confiança dos crentes nas colunas de nossa fé nas mensagens do passado, as quais nos colocaram sobre a elevada plataforma da verdade eterna, e firmaram e imprimiram cunho à obra.

Preciosa é a verdade para este tempo; mas aqueles cujo coração não foi quebrantado mediante o cair sobre a rocha Cristo Jesus, não verão nem compreenderão o que é a verdade. Aceitarão o que lhes agrada às idéias, e começarão a manufaturar outro fundamento que não seja aquele que foi posto. Lisonjearão sua própria vaidade e estima, pensando que são capazes de remover as colunas de nossa fé, e substituindo-as por outras de sua própria invenção." Manuscrito 28, 1890 / Mensagens Escolhidas, Vol. 2, 389.

O testemunho acima atesta que os professos adventistas não verdadeiramente convertidos ainda iriam mais longe em seu caminho de apostasia, trabalhando para "desarraigar a confiança dos crentes nas colunas de nossa fé nas mensagens do passado, as quais nos colocaram sobre a elevada plataforma da verdade eterna". Disto trataremos com vagar mais adiante neste compêndio. O texto, escrito em 1890, afirma que as mensagens dadas no passado colocaram os crentes sobre a plataforma da verdade eterna. Esta afirmação é muito esclarecedora para nosso estudo. Vimos nas seções anteriores deste compêndio que a crença dos adventistas até este ano, revelada por Deus à Ellen G. White, sobre a "Divindade", era:

- Há um Filho de Deus, Jesus Cristo, que também é Deus, dotado pelo Pai de ilimitado poder e comando. Jesus e o Pai criaram, conjuntamente, o homem à Sua imagem. Cristo era um com o Eterno Pai, em natureza, caráter e propósito, o Único Ser em todo o universo que poderia penetrar em todos os conselhos e propósitos de Deus;

- O espírito Santo é o espírito do Pai, soprado por Jesus quando os homens pedem ao Pai em oração. Não é um Deus;

- Não há nenhum outro Deus criador diferente de Deus o Pai e de Jesus Cristo.

Se foram as mensagens do passado, anteriores portanto a 1890, ano em que este testemunho foi escrito, que estabeleceram as colunas da fé e colocaram os crentes sobre a plataforma da verdade eterna, e a crença dos adventistas nesta época, decorrente da aceitação de tais mensagens é de que existem Deus, o Pai e Seu Filho Jesus Cristo, também Deus, não havendo nenhum outro, temos que a plataforma da verdade eterna sobre o tema "Divindade" é esta. Não há lugar para se efetuar acréscimo neste entendimento, uma vez que a plataforma da verdade estabelecida por Deus é tão eterna e imutável quanto Sua Lei - os Dez Mandamentos.

Voltando à nossa análise histórica, temos que, no mesmo ano de 1898, enquanto Ellen G. White ainda se encontrava na Austrália e escreveu os testemunhos que vimos a pouco, outro livro de sua autoria foi publicado nos Estados Unidos, com o título "The Desire of Ages", traduzido posteriormente para o português com o título "O Desejado de Todas as Nações". Trazemos à lume alguns textos extraídos deste livro que trazem afirmações concernentes ao tema "Divindade":

"Desde os dias da eternidade o Senhor Jesus Cristo era um com o Pai; era "a imagem de Deus", a imagem de Sua grandeza e majestade, "o resplendor de Sua glória". Foi para manifestar essa glória que Ele veio ao mundo. Veio à Terra entenebrecida pelo pecado, para revelar a luz do amor de Deus, para ser "Deus conosco"." O Desejado de Todas as Nações, pág. 19.

Deus revelou através de Sua serva que Jesus era um com o Pai desde os dias da eternidade, corroborando com o que já havia sido revelado e confirmado pelos testemunhos dados nos anos anteriores. O texto também afirma que Cristo é o "resplendor" da glória do Pai, mostrando que o Pai é o esplendor da glória e Cristo reflete esta glória, por isso Ele é o "resplendor" da glória. Esta verdade expressa por Ellen G. White em seu livro confirma o entendimento que os adventistas já possuíam desde a publicação do livro "Primeiros Escritos", em 1858, de que o Pai concedeu a Cristo tudo o que Ele possui, tanto o Seu poder, quanto o "resplender a Sua glória", e mesmo a prerrogativa de ter vida em Si mesmo:

"Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo." João 8:26

Ainda segundo o texto do livro "O Desejado de Todas as Nações" acima, Jesus veio à Terra para revelar a Deus, porque ele era a expressa imagem de Seu Pai. Um segundo texto deste livro nos traz informações importantes sobre o tema em questão:

"No princípio, Deus Se manifestava em todas as obras da criação. Foi Cristo que estendeu os céus, e lançou os fundamentos da Terra. Foi Sua mão que suspendeu os mundos no espaço e deu forma às flores do campo. "Ele converteu o mar em terra firme." Sal. 66:6 "Seu é o mar, pois Ele o fez." Sal. 95:5. Foi Ele quem encheu a Terra de beleza, e de cânticos o ar. E sobre todas as coisas na terra, no ar e no firmamento, escreveu a mensagem do amor do Pai. " O Desejado de Todas as Nações, pág. 20

No mesmo livro, escrito em 1898, Deus confirmou aos adventistas que Cristo é Deus Criador. Este livro foi impresso pelos adventistas do sétimo dia, o que comprova que ele exprimia o que eles criam nesta época. Assim, verificamos que os adventistas em 1898 continuavam crendo que Jesus era Deus criador, tal como criam desde 1858, quarenta anos antes, quando foi impresso o livro "Primeiros Escritos", comprovando que eles não eram arianos, como algumas pessoas nos dias de hoje insistem em afirmar. Lembramos que o termo "arianos" é utilizado para denominar os seguidores das idéias de Ário, que não cria na divindade de Cristo. Como os adventistas criam que Jesus Cristo é Deus, não eram arianos.

Outro texto que consideramos valioso para fins de análise neste compêndio é apresentado a seguir:

"O plano de nossa redenção não foi um pensamento posterior, formulado depois da queda de Adão. Foi a revelação "do mistério que desde tempos eternos esteve oculto". Rom. 16:25. Foi um desdobramento dos princípios que têm sido, desde os séculos da eternidade, o fundamento do trono de Deus. Desde o princípio, Deus e Cristo sabiam da apostasia de Satanás, e da queda do homem mediante o poder enganador do apóstata. Deus não ordenou a existência do pecado. Previu-a, porém, e tomou providências para enfrentar a terrível emergência. Tão grande era Seu amor pelo mundo, que concertou entregar Seu Filho unigênito "para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna". João 3:16." O Desejado de Todas as Nações, pág. 22

As afirmações trazidas no texto acima são bastante esclarecedoras. Foi revelado para Ellen G. White que o Pai e o Filho sabiam da apostasia de Satanás desde o princípio. Foram eles que prepararam o plano da redenção, o "mistério que desde tempos eternos esteve oculto". Não havia um terceiro Deus junto com eles. Percebemos que Deus não se contradiz. Dentro da análise histórica que estamos realizando, verificamos que, desde 1858, Deus vinha revelando para os adventistas do sétimo dia que há Deus, o Pai, e o Filho de Deus, Jesus Cristo, que também é Deus, não havendo mais nenhum outro Deus.

Algumas pessoas se utilizam de um texto deste livro, que consta na página 671, para afirmar que Deus estaria revelando um terceiro Deus para os adventistas. Isto não é verdade, pois se assim o fosse, Deus estaria contradizendo a tudo o que havia revelado aos adventistas do sétimo dia sobre o tema  "Divindade" a pelo menos quarenta anos. Pergunto: você poderia acreditar em um Deus que durante quarenta anos afirma algo e depois deste tempo desmente o que disse? A Palavra de Deus afirma expressamente que Deus não é homem para que minta:

"Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa." Números 23:19

A mesma palavra de Deus afirma que Deus não muda:

"Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança." Tiago 1:17

Estamos certos de que Deus não mentiu durante mais de quarenta anos para os adventistas do sétimo dia; por isso não mudou o que já havia revelado sobre Ele após estar conduzindo-os por quarenta anos. Seria tão impossível Deus mudar o que havia revelado durante mais de quarenta anos aos adventistas do sétimo dia sobre si mesmo quanto o seria mudar Ele a Lei que Ele mesmo pronunciou diante dos israelitas no Monte Sinai.  O que pode ter ocorrido é que os homens se equivocaram no entendimento, iludidos pelo inimigo, e vieram a pensar que Deus mudou o que havia revelado sobre a "Divindade" durante mais de quarenta anos. Neste caso, o problema não está com Deus, e sim com o grupo de homens que estão com o entendimento equivocado.

O texto ao qual nos estamos referindo, que consta na página 671 deste livro, será analisado em detalhes na capítulo 3 deste compêndio.

Ainda sobre este livro - Desejado de Todas as Nações, algumas pessoas afirmam que ele marcou uma mudança no entendimento adventista sobre Cristo devido à seguinte passagem:

"Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada. "Quem tem o Filho tem a vida." I João 5:12. A divindade de Cristo é a certeza de vida eterna para o crente." O Desejado de Todas as Nações, pág. 530

Segundo algumas pessoas, a afirmação "em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada", gerou uma comoção e uma mudança do pensamento oficial adventista da época, que segundo eles era de que Cristo não era totalmente Deus. Isto não é verdade. Como vimos ao início desta seção, o livro "Primeiros Escritos", impresso pelos adventistas em já 1858 e que representava seu pensamento oficial, afirmava categoricamente que Cristo é Deus no mais alto sentido, porque era Criador, juntamente com o Pai:

"Satanás foi outrora um honrado anjo no Céu, o primeiro depois de Cristo. Seu semblante, como o dos outros anjos, era suave e exprimia felicidade. Sua testa era alta e larga, demonstrando grande inteligência. Sua forma era perfeita, seu porte nobre e majestoso. Mas quando Deus disse a Seu Filho: "Façamos o homem à Nossa imagem" (Gên. 1:26), Satanás teve ciúmes de Jesus. Ele desejava ser consultado sobre a formação do homem, e porque não o foi, encheu-se de inveja, ciúmes e ódio. Ele desejou receber no Céu a mais alta honra depois de Deus." Primeiros Escritos, pág. 145

Também analisamos um texto extraído do livro "Patriarcas e Profetas", publicado pelos adventistas do sétimo dia em 1890, que afirma o mesmo, confirmando o que Deus já havia revelado antes de 1858 para os adventistas:

"O Rei do Universo convocou os exércitos celestiais perante Ele, para, em sua presença, apresentar a verdadeira posição de Seu Filho, e mostrar a relação que Este mantinha para com todos os seres criados. O Filho de Deus partilhava do trono do Pai, e a glória do Ser eterno, existente por Si mesmo, rodeava a ambos. Em redor do trono reuniam-se os santos anjos, em uma multidão vasta, inumerável - "milhões de milhões, e milhares de milhares" (Apoc. 5:11), estando os mais exaltados anjos, como ministros e súditos, a regozijar-se na luz que, da presença da Divindade, caía sobre eles. Perante os habitantes do Céu, reunidos, o Rei declarou que ninguém, a não ser Cristo, o Unigênito de Deus, poderia penetrar inteiramente em Seus propósitos, e a Ele foi confiado executar os poderosos conselhos de Sua vontade. O Filho de Deus executara a vontade do Pai na criação de todos os exércitos do Céu; e a Ele, bem como a Deus, eram devidas as homenagens e fidelidade daqueles." Patriarcas e Profetas, pág. 36

O texto escrito em 1890 declara que Jesus, o Filho de Deus, "partilhava do trono do Pai, e a glória do Ser eterno, existente por si mesmo, rodeava a ambos". Repare que o texto mesmo afirma também que "o Filho de Deus executara a vontade do Pai na criação de todos so exércitos do Céu". Este texto prova que Jesus é Deus, porque foi Ele quem criou os seres celestiais. O texto ainda atribui a Cristo a onisciência, uma prerrogativa exclusiva da Divindade, porque mostra que Deus Pai declarou que "ninguém, a não ser Cristo, poderia penetrar inteiramente em Seus propósitos". Ninguém que não seja um Deus pode criar seres inteligentes e foi exatamente isto que Cristo fez, segundo o texto acima. Note também que este texto é parte de uma obra (O Desejado de Todas as Nações) revelada por Deus à Sra. White. Portanto, em primeira instância, esta é a posição de Deus dada aos adventistas do sétimo dia. Assim, antes de qualquer análise da posição de pastores quanto ao tema, esta era a posição oficial dos verdadeiros adventistas do sétimo dia. Além disso, o fato de que este livro foi impresso pela casa publicadora dos adventistas do sétimo dia, prova que eles aceitavam o que nele estava escrito como sendo revelação divina, sendo portanto que o que está escrito neste livro reflete a posição oficial dos adventistas do sétimo dia nesta época.

Portanto, o texto:

"Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada. "Quem tem o Filho tem a vida." I João 5:12. A divindade de Cristo é a certeza de vida eterna para o crente." O Desejado de Todas as Nações, pág. 530 reflete o pensamento que os adventistas do sétimo dia tinham sobre Cristo desde 1858. Nada havia mudado. Porque, criam os adventistas desta época, era Cristo Deus? Um outro texto escrito neste próprio livro esclarece:

"Olhando para Jesus, vemos que a glória de nosso Deus é dar. "Nada faço por Mim mesmo" (João 8:28), disse Cristo; "o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai." João 6:57 "Eu não busco a Minha glória"  (João 8:50), mas "a dAquele que Me enviou" João 7:18. Manifesta-se nestas palavras o grande princípio que é a lei da vida para o Universo. Todas as coisas Cristo recebeu de Deus, mas recebeu-as para dar." O Desejado de Todas as Nações, pág. 21

Segundo a revelação dada no próprio livro "O Desejado de Todas as Nações", "Cristo recebeu de Deus" todas as coisas, inclusive o ter vida em Si mesmo, porque o texto afirma: "Eu vivo pelo Pai". Como este livro, tendo sido escrito por Ellen G. White, que os adventistas criam ser inspirada por Deus, representava a posição dos adventistas do sétimo dia, percebemos que, segundo a revelação nele mostrada, estes criam que:

"Cristo é Deus, tendo vida em si mesmo, porque recebeu do Pai o ter a vida em si mesmo". Esta crença está em harmonia com a revelação bíblica sobre este tema, que afirma:

"Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo." João 5:26

"Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um." João 10: 29, 30

O Pai "concedeu" ao Filho ter vida em Si mesmo. Se o Pai não houvesse concedido ao Filho ter vida em si mesmo, este não a teria. O Pai também deu ao Filho ser Um com Ele, segundo a Bíblia. Uma vez que quem possui vida em si mesmo é Deus, temos que Jesus, o Filho de Deus, é Deus porque o Pai concedeu a Ele ser Deus, quando o gerou, assim como Ele o é. Quando isto ocorreu? Está em um tempo tão distante que para nós é como se não houvesse tido começo. Por isso, o profeta Miquéias afirma que as origens de Cristo são desde os dias da eternidade:

"E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade." Miquéias 5:2

 

1.2.3 - Adulteração de testemunhos de Ellen G. White

Vimos, na seção anterior, que os líderes adventistas, devido ao fato de terem rejeitado a mensagem de 1888, foram caminhando mais e mais em direção à apostasia e à negação dos testemunhos de Ellen G. White. A pergunta que procuraremos responder nesta seção, é: Quão longe foram eles em sua apostasia? Podemos encontrar a resposta para esta pergunta ao analisar uma impressionante denúncia feita pelo Pr. A. T. Jones e lida perante a Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia em Tahoma Park, Washington, D.C., em 27 de maio de 1909. Transcrevemos uma parte dela abaixo:

 

"A Exposição do Caso"

É justo que primeiramente relate o acontecimento:

Em 1902 eu discordei do procedimento, atitude e propostas de alguns membros da Comissão Executiva da Conferência Geral de então. Eu tinha todo o direito de fazê-lo.

Na primavera de 1903, participando da C.G. em sessão, eu me opus à proposta de uma nova constituição, pela qual seria estabelecida a nova ordem em contraposição àquela de 1901. Eu tinha também todo o direito de fazê-lo.

No outono do ano de 1903 eu fui ao Sanatório de Battle Creek para ensinar a Bíblia, para pregar o Evangelho e ser contratado para os trabalhos gerais daquela Instituição. Ao proceder assim, eu também tinha plenos direitos. Enquanto ainda eu discordava da mudança da Ordem em oposição à de 1901, eu simplesmente discordava, sem fazer qualquer oposição a esta nova ordem de coisas. Eu não desejada me opor radicalmente a ela. Além disto, não havia nenhuma relação com minha posição ou com meu trabalho, que requeresse algum rumo positivo neste propósito.

Isto, todavia, não satisfez a alguns que haviam assumido os mesmos propósitos e a mesma posição da CG. Portanto, duas vezes eu fui desafiado por estes, em nome "do povo", no sentido de que eu deveria deixar o povo conhecer minha posição, porque minha "atitude geral" tinha "confundido grandemente muitos daqueles de nosso povo." É por vossa causa que eu comunico os fatos, a fim de que possais verificá-los, se assim o desejardes.

O primeiro destes desafios não foi dirigido diretamente a mim. Se acaso tivesse sido, então, em vista da origem do mesmo, o povo teria conhecido a minha posição um ano ou mais antes de eu comunicar-lhe.

Aquele desafio partiu de W. C. White, escrito de uma maneira que incluía sua mãe [Ellen G. White]no comunicado, no qual o relato foi feito, e o meu nome foi mencionado desta maneira: nos propomos que nada se faça para dar a ti e ao ancião A. T. Jones influência sobre o povo, até que o povo saiba vossa posição. Eu repito, se o desafio tivesse sido dirigido diretamente a mim, o povo teria conhecido exatamente a minha posição um ano ou mais antes de eu comunicá-lo. Mas eu não tinha disposição alguma de abandonar o meu propósito e aceitar um desafio ainda que nominal e assim eu não disse nada.

A segunda intimação em defesa do direito do povo a fim de saber qual era a minha posição por causa da "perplexidade" do povo com respeito a minha atitude geral, partiu do presidente da Conferência Geral. E eu respondi a ela por meio de um panfleto, "Um pouco de História, Experiência e Fatos" - de março de 1906. Esta declaração dirigida ao povo a respeito da minha posição não satisfez os membros da comissão da Conferência Geral; e aquela comissão deliberou emitir uma "Declaração" (final de Maio de 1906) na qual me pediram "Provas" a respeito do que eu havia escrito. Eles exigiram que eu lhes contasse em que me baseava para redigir tal coisa.

No panfleto "Palavra Final e uma Confissão" (julho de 1906) eu apresentei a prova e disse o motivo*.

* Em conexão com isto há uma outra Confissão, a qual, até o presente momento eu não tive chance alguma de fazê-lo devidamente. Sucedeu assim:

As últimas três páginas do meu panfleto "Palavra Final" são compostas de uma re-impresão de um artigo do Southern Watchman de 1 de Maio de 1906, intitulado "Liberdade Religiosa", por Ellen G. White. Agora eu sei que este artigo nunca foi escrito pela irmã White; nenhuma palavra sequer. Aquele artigo foi escrito pelo ancião George Fifield, em 1903; e foi pela primeira vez impresso com seu nome. Posteriormente ele foi publicado apenas com suas iniciais; mais tarde foi reimprimido sem o nome ou as iniciais; então alguém o apanhou e lhe acrescentou o nome da irmã White, e assim foi publicado no artigo "Liberdade Religiosa" no Southern Watchman de 1 de Maio de 1906. Eu não tinha conhecimento de nenhum destes fatos na ocasião em que apareceu o artigo no Watchman, pois eu nunca o tinha visto antes, e assim eu o aceitei como se fosse de autoria da "irmã White". Mas agora que eu sei que nenhuma palavra sequer (deste artigo) foi escrita por ela, é de direito de todos que leram o artigo assim como foi impresso no meu panfleto, que sejam esclarecidos. Qualquer um que deseja informações mais detalhadas deve escrever para a "Review and Herald", ou para A. G. Daniels, Presidente da Conferência Gearal dos A.S.D., Tahoma Park, Washington, D.C.  e pedir que publiquem na "Review and Herald" a declaração do caso intitulado "Uma outra confissão por A. T. Jones", que lhes foi enviada no outono de 1907, tão logo eu vim a descobrir." Um apelo para o Evangelismo Cristão - Alonzo T. Jones - Apresentado perante a Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia em Tahoma Park, Washington, D.C. em 27 de Maio de 1909

Contrariamente quem sabe a tudo o que poderíamos imaginar sobre as intenções dos líderes da IASD daquela época, percebemos pelo relato acima que estes chegaram inclusive a publicar artigos que Ellen G. White nunca havia escrito apresentando-a como autora de tais textos. Talvez, ao se deparar com esta informação, você, irmão leitor, pense: "Será isto verdade? Como pode ter acontecido? Porque Deus não deu a Ellen G. White um testemunho para que ela esclarecesse a verdade antes que um artigo não escrito por ela fosse publicado com o seu nome, levando muitos adventistas a serem enganados? A resposta para esta pergunta está em um de seus manuscritos:

"Há decidido testemunho a ser dado por todos os nossos pastores em todas as nossas igrejas. Deus tem permitido ocorrerem apostasias a fim de mostrar quão pouco se pode confiar no homem. Devemos olhar sempre a Deus; Sua palavra não é Sim e Não, mas Sim e Amém." Manuscrito 148. / Mensagens Escolhidas, Vol. 2, 395

Deus revelou à Sua serva que Ele permite que ocorram apostasias para mostrar quão pouco se pode confiar no homem como guia. Não devemos confiar unicamente na guia de homens, sejam eles pastores departamentais ou anciãos experimentados. Segundo o testemunho, "Devemos olhar sempre a Deus; Sua palavra não é Sim e Não, mas Sim e Amém."

Outra pergunta que pode vir à sua mente neste momento é: Se Deus permitiria que houvessem apostasias no seio da IASD, em quem devo confiar agora? Quais dos textos e obras que nos são apresentados atualmente como de autoria de Ellen G. White o são de fato? Como posso evitar ser enganado, acreditando em textos que me são apresentados como tendo sido escritos pela serva do Senhor, que ela nunca escreveu? Um conselho bíblico bastante lúcido sobre o tema pode nos auxiliar neste particular:

"À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva." Isaías 8:20

O conselho bíblico acima é infalível. Se algum testemunho contradisser a palavra de Deus, ele não pode ser aceito. Ao contrário, deve ser rejeitado. Disto a própria serva do Senhor nos adverte:

"A Bíblia deve ser o vosso conselheiro. Estudai-a e os Testemunhos que Deus tem dado; pois eles nunca contradizem Sua Palavra." Carta 106, 1907 / Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 32

O texto acima mostra que devemos comparar os testemunhos com a Bíblia. Os "Testemunhos que Deus tem dado" "nunca contradizem" a Palavra de Deus. Já os testemunhos que os homens colocaram como tendo sido escritos por Ellen G. White e que não foram escritos por ela, como o que vimos a pouco, não são confiáveis, pois não foram dados por Deus.

"Se os Testemunhos não falarem de acordo com a Palavra de Deus, rejeitai-os. Cristo e Belial não se unem." Testimonies, vol. 5, pág. 691 / Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 32

Creio que, sabendo que os líderes da IASD chegariam a uma apostasia tal que forjariam escritos de Ellen G. White para levar o povo a pensar que ela estava em concordância com suas idéias apóstatas, Deus advertiu-nos através do testemunho acima a não aceitar qualquer artigo, testemunho, ou texto casual, apresentado como de autoria de Sua serva, cujo ensinamento não esteja em plena harmonia com a Palavra de Deus.

A adulteração de textos de Ellen G. White não necessariamente se restringiria ao campo de falsas indicações com vistas a prejudicar um ancião em particular, como visto a pouco no texto de Alonzo T. Jones que transcrevemos. Poderia se estender ao campo doutrinário, com o objetivo de levar os adventistas a mudar suas crenças. Deus inclusive instruiu a Sua serva sobre esta possibilidade:

"O inimigo das almas tem procurado introduzir a suposição de que uma grande reforma devia efetuar-se entre os adventistas do sétimo dia, e que essa reforma consistiria em renunciar às doutrinas que se erguem como pilares de nossa fé, e empenhar-se num processo de reorganização. Se tal reforma se efetuasse, qual seria o resultado? Seriam rejeitados os princípios da verdade, que Deus em Sua sabedoria concedeu à igreja remanescente. Nossa religião seria alterada. Os princípios fundamentais que têm sustido a obra neste últimos cinqüenta anos, seriam tidos na conta de erros. Estabelecer-se-ia uma nova organização. Escrever-se-iam livros de ordem diferente. Introduzir-se-ia um sistema de filosofia intelectual. Os fundadores deste sistema iriam às cidades, realizando uma obra maravilhosa. O sábado seria, naturalmente, menosprezado, como também o Deus que o criou. Coisa alguma se permitiria opor-se ao novo movimento. Ensinariam os líderes ser a virtude melhor do que o vício, mas, removido Deus, colocariam sua confiança no poder humano, o qual, sem Deus, nada vale. Seus alicerces se fundariam na areia, e os vendavais e tempestades derribariam a estrutura." Special Testimonies Serie B, n 2, págs. 51-59, 1904 / Mensagens Escolhidas, Vol. 1, págs. 204, 205

No testemunho acima, percebemos um alerta para a obra que Satanás estava tentando executar dentro da IASD. Satanás queria induzir na mente de líderes que era necessária uma reforma dentro do movimento adventista, renunciando as doutrinas que são os pilares da fé. Quais eram as doutrinas pilares da fé, segundo o texto? Eram elas "Os princípios fundamentais que têm sustido a obra neste últimos cinqüenta anos". As doutrinas pilares da fé, em 1904, eram as mesmas que existiam a cinqüenta anos, ou seja, desde 1854. Aqui comprovamos a veracidade do testemunho que lemos logo ao início deste compêndio:

"A verdade agora é tornada tão clara que todas a podem ver, e abraçar, se quiserem; mas foi necessário muito trabalho para trazê-la à luz como está, e tão árduo labor jamais terá de ser realizado outra vez para tornar a verdade clara."  MS 2, 26 de agosto de 1855

As doutrinas pilares da fé incluem o entendimento sobre o tema "Divindade". Conforme constatamos pela análise histórica feita até aqui, o entendimento adventista sobre o tema "Divindade", sustido desde 1854 (portanto mantido durante cinqüenta anos, como sustenta o testemunho que estamos analisando) era o seguinte:

- Há um Filho de Deus, Jesus Cristo, que também é Deus, dotado pelo Pai de ilimitado poder e comando. Jesus e o Pai criaram, conjuntamente, o homem à Sua imagem. Cristo era um com o Eterno Pai, em natureza, caráter e propósito, o Único Ser em todo o universo que poderia penetrar em todos os conselhos e propósitos de Deus;

- O espírito Santo é o espírito do Pai, soprado por Jesus quando os homens pedem ao Pai em oração. Não é um Deus;

- Não há nenhum outro Deus criador diferente de Deus o Pai e de Jesus Cristo.

Percebemos que a verdade dada por Deus aos adventistas e sustida durante cinqüenta anos nada tinha que ver com a crença em um Trindade. A doutrina da Trindade atesta que há um Deus espírito Santo. Entretanto, percebemos que, segundo a revelação divina dada para os adventistas do sétimo dia desde 1854 até 1904, há somente Deus, o Pai, e Seu Filho Jesus Cristo, também Deus, não havendo nenhum outro Deus. Ellen G. White atesta que a verdade que os adventistas conheciam por esta época provinha da revelação divina:

"Os pontos fundamentais de nossa fé da forma como cremos hoje foram firmemente estabelecidos. Ponto após ponto foi claramente definido, e toda a irmandade está em harmonia. Todos os crentes foram unidos na verdade. Existem aqueles que vem com doutrinas estranhas, mas nós nunca estaríamos com medo de enfrentá-los." Manuscrito 135, 1903

Assim, o fato de não haver um Deus espírito Santo havia sido revelado por Deus, e não era simplesmente o pensamento de um grupo de adventistas.

Estávamos tratando de analisar o testemunho que mostra que Satanás procuraria inculcar na mente de líderes do movimento adventista a necessidade de se mudar as doutrinas pilares da fé. Apresentamos novamente o testemunho abaixo a fim de reavivar a memória e prosseguir com a análise:

"O inimigo das almas tem procurado introduzir a suposição de que uma grande reforma devia efetuar-se entre os adventistas do sétimo dia, e que essa reforma consistiria em renunciar às doutrinas que se erguem como pilares de nossa fé, e empenhar-se num processo de reorganização. Se tal reforma se efetuasse, qual seria o resultado? Seriam rejeitados os princípios da verdade, que Deus em Sua sabedoria concedeu à igreja remanescente. Nossa religião seria alterada. Os princípios fundamentais que têm sustido a obra neste últimos cinqüenta anos, seriam tidos na conta de erros. Estabelecer-se-ia uma nova organização. Escrever-se-iam livros de ordem diferente. Introduzir-se-ia um sistema de filosofia intelectual. Os fundadores deste sistema iriam às cidades, realizando uma obra maravilhosa. O sábado seria, naturalmente, menosprezado, como também o Deus que o criou. Coisa alguma se permitiria opor-se ao novo movimento. Ensinariam os líderes ser a virtude melhor do que o vício, mas, removido Deus, colocariam sua confiança no poder humano, o qual, sem Deus, nada vale. Seus alicerces se fundariam na areia, e os vendavais e tempestades derribariam a estrutura." Special Testimonies Serie B, n 2, págs. 51-59, 1904 / Mensagens Escolhidas, Vol. 1, págs. 204, 205

A pergunta é: teria Satanás êxito em levar a obra predita no testemunho acima a cabo? Encontramos a triste resposta para esta pergunta em outro testemunho:

"O inimigo porá em operação tudo para desarraigar a confiança dos crentes nas colunas de nossa fé nas mensagens do passado, as quais nos colocaram sobre a elevada plataforma da verdade eterna, e firmaram e imprimiram cunho à obra....

Preciosa é a verdade para este tempo; mas aqueles cujo coração não foi quebrantado mediante o cair sobre a rocha Cristo Jesus, não verão nem compreenderão o que é a verdade. Aceitarão o que lhes agrada às idéias, e começarão a manufaturar outro fundamento que não seja aquele que foi posto. Lisonjearão sua própria vaidade e estima, pensando que são capazes de remover as colunas de nossa fé, e substituindo-as por outras de sua própria invenção." Manuscrito 28, 1890 / Mensagens Escolhidas, Vol. 2, 389

Tendo rejeitado a mensagem da Justificação pela Fé de 1888 e as exortações ao arrependimento dadas por Deus através de Sua serva ao longo dos anos, os líderes da IASD tornaram-se a uma mais ousados até iniciarem a obra de escrever textos e atribuí-los a Ellen G. White, como vimos a pouco. Pelo testemunho acima, percebemos que os líderes apóstatas também começariam a "manufaturar", ou seja, fabricar, "outro fundamento que não aquele que foi posto". Eles também lisonjeariam "sua própria vaidade e estima, pensando que são capazes de remover as colunas de nossa fé, e substituindo-as por outras de sua própria invenção". Que triste! Estava predito que os líderes trabalhariam para mudar as crenças que Deus havia revelado e que eles haviam mantido durante os primeiros cinqüenta anos de existência do movimento adventista. Como poderia ser isto? Como podemos constatar que isto foi feito? Como não estar engolfado nestes erros? A resposta para estas perguntas é conseguida analisando o que atualmente é escrito sobre o tema "Divindade". Segundo o que alguns homens que se dizem teólogos e são adventistas professos afirmam, Ellen G. White teria passado a mudar sua crença sobre o tema "Divindade", passando a crer gradativamente na doutrina da Trindade até aceitá-la por completo, por volta de 1907. Para embasar sua firmação, citam alguns textos, que segundo eles foram escritos pela pena da irmã White. Sabendo que ainda quando Ellen G. White estava viva, já se fazia publicação de texto colocando-a como autora, quando ela não o era em realidade, conforme vimos na denúncia do Pr. Alonzo T. Jones que analisamos, e sabendo que Deus já havia revelado à ela que os líderes da IASD se empenhariam em fabricar outro fundamento doutrinário, renunciando às doutrinas que Ele lhes dera, analisaremos os testemunhos mais citados por estes teólogos a fim de verificar se são autênticos ou não, para que não sejamos enganados. Nesta análise, verificaremos se prova-se ser o espírito Santo um Deus, como advoga a doutrina da Trindade, e, por conseguinte, os teólogos adventistas que a defendem. O primeiro texto que trazemos para análise é datado de 1900:

"As três grandes potestades do céu são testemunhas, são invisíveis, mas estão presentes." MS, 57, 1900 - (SDABC, Vol. 6, pág. 1074)

A pergunta a ser respondida é: o texto acima prova que existe um terceiro Deus no Céu, chamado espírito Santo? A chave para responder esta pergunta está em compreender o que significa a palavra "potestade", pois o texto afirma que a há três grandes potestades no Céu. A Bíblia nos esclarece este significado:

"...Jesus Cristo; o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e poderes." I Pedro 3:21, 22

A Bíblia coloca que as potestades estão subordinadas a Cristo. Ora, um Deus não é subordinado a ninguém. Assim, se as potestades são subordinadas a Cristo, não são Deus. Outro texto bíblico também aclara que as potestades não são Deus:

"porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes." Efésios 6:2

O apóstolo Paulo, no texto acima, afirma que a nossa luta (dos homens) é contra as potestades. Ora, contra quem lutamos? Contra Satanás e seus anjos. São eles que estão classificados neste texto como "potestades". Percebemos assim que o termo "potestade" não apenas não se refere a Deus, como pode ser utilizado sem qualquer problema para designar anjos. Decorre então que o testemunho sob análise não prova a existência de três deuses no Céu, como advoga a doutrina da Trindade.

O segundo texto que analisaremos, é descrito a seguir:

"A obra é delineada frente a cada alma que tem confessado sua fé em Jesus Cristo mediante o batismo, e se tem convertido em um receptáculo da promessa que procede das três pessoas da divindade: O Pai, o Filho e o espírito Santo." MS, 57, 1900. (SDABC, Vol. 6, pág. 1074) 

Ao compararmos o texto acima com o escrito atribuído à Ellen G. White de mesma referência no idioma inglês, verifica-se que a tradução não confere. Assim, para efeito de análise do texto, temos que considerar a tradução correta. O texto original inglês se apresenta da seguinte forma:

"The work is laid out before every soul that has acknowledged his faith in Jesus Christ by baptism, and has become a receiver of the pledge from the three persons--the Father, the Son, and the Holy Spirit." MS 57, 1900 / S. D. A. Bible Commentary Vol. 6, pág. 1074

A tradução correta do original inglês, esta sim que deve ser analisada, fica da seguinte forma:

"A obra é delineada frente a cada alma que tem confessado sua fé em Jesus Cristo mediante o batismo, e se tem convertido em um receptáculo da promessa que procede das três pessoas - O Pai, o Filho e o espírito Santo." MS, 57, 1900. (SDABC, Vol. 6, pág. 1074) 

Observe que o texto original não possui a palavra "divindade", atribuída ao texto por alguns teólogos na tradução para o português. A tradução do texto original conforme apresentada acima não prova em absoluto a existência de três deuses. Afirma apenas que o crente em Cristo recebe uma promessa de três pessoas. Pessoas não são necessariamente Deus. Eu e você somos pessoas e nem por isso somos deuses. Lembremo-nos que, para provar a existência de um terceiro Deus, o texto deve ser enfático, tal como foram todos os textos que Deus deu aos adventistas por 50 anos, revelando-lhes que há um Deus, o Pai, e um Filho de Deus, Jesus Cristo, que também é Deus, não havendo nenhum outro Deus.

O terceiro texto que analisaremos está transcrito abaixo:

O Pai, o Filho e o espírito Santo, poderes infinitos e oniscientes, recebem aqueles que verdadeiramente entram em relação de concerto com Deus. Eles estão presentes em cada batismo, para receber os candidatos que tem renunciado o mundo e tem recebido Cristo no templo da alma.” MS 27 ½ - 1900 / SDABC, Vol 6, pág. 1075

Este texto é categórico. Atribui ao espírito Santo a "onisciência", prerrogativa que somente um Deus possui. Sua referência é única entre os escritos de Ellne G. White. Aparece apenas na referência citada acima (SDABC, Vol. 6, pág. 1075), e não temos acesso a todo o texto original. Seria este um texto inspirado por Deus, ou um texto forjado por líderes apóstatas da IASD? Lembremo-nos que vimos a pouco que Deus revelou à Sua serva que os homens fabricariam outro fundamento. A única forma de saber isto é compará-lo com a verdade clara da Palavra de Deus e verificar se este está em harmonia com ela. Pois bem, o texto acima afirma que o espírito Santo é "onisciente". Ser "onisciente", significa conhecer tudo, inclusive a Deus o Pai. Somente um ser onisciente pode conhecer a Deus o Pai. Vamos enão responder à uma pergunta: quem, segundo a Bíblia, é "onisciente", podendo conhecer inclusive a Deus, o Pai?

"Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar." Mateus 11:27

O texto bíblico é enfático - afirma que "ninguém conhece o Pai, senão o Filho". O que significa a palavra ninguém? Significa que não pode haver nenhum outro. Para facilitar a compreensão, exemplificamos:

O professor, na sala de aula diz: "Ninguém, além do Joãozinho, pode apagar o quadro." Pergunto: segundo o que disse o professor, quem, além do Joãozinho, pode apagar o quadro? A resposta é óbvia: ninguém. Segundo o que disse o professor, somente o Joaozinho pode apagar o quadro. Assim, quando a Bíblia afirma que "ninguém" conhece o Pai senão o Filho, isto significa que nenhum outro conhece o Pai, a não ser Seu Filho Jesus Cristo. Como um ser, para ser onisciente, tem que conhecer tudo, inclusive a Deus, o Pai, decorre que ninguém pode ser onisciente além do Filho e do Pai. Portanto, de acordo com a revelação bíblica, não pode haver um terceiro ser - espírito Santo - onisciente. Concluímos então que a mensagem do testemunho sob análise, atribuído a Ellen G. White, não confere com a revelação bíblica. Isto significa então que ele não é um testemunho vindo de Deus, pois os testemunhos verdadeiramente inspirados por Deus nunca contradizem a Bíblia:

"A Bíblia deve ser o vosso conselheiro. Estudai-a e os Testemunhos que Deus tem dado; pois eles nunca contradizem Sua Palavra." Carta 106, 1907 / Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 32

Um vez que o testemunho sob análise não confere com a Bíblia, temos que este trata-se de testemunho de homens, que não possui a iluminação divina. A ordem de Deus para nós em um caso como este é:

"Se os Testemunhos não falarem de acordo com a Palavra de Deus, rejeitai-os. Cristo e Belial não se unem." Testimonies, vol. 5, pág. 691 / Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 32

Portanto, diante de Deus, somos obrigados a rejeitar este testemunho como sendo falso, uma vez que não fala de acordo com a Palavra de Deus.

Apresentamos a seguir mais dois textos atribuídos a Ellen G. White pelos teólogos para análise:

Quando aceitamos a Cristo, e no nome do Pai e do Filho e do espírito Santo prometemos servir a Deus, o Pai, Cristo e o espírito Santo - Os três dignitários e poderes do céu - empenham-se a Si mesmos de que todas as facilidades nos serão proporcionadas, se cumprirmos nosso voto batismal... MS 85, 1901 /  SDABC, Vol. 6. 1075

O Pai, o Filho e o espírito Santo, os três santos dignitários do céu, declararam que eles fortalecerão os homens para vencer os poderes das trevas...” MS 92, 1901 / SDABC, vol. 5, pág. 1110

Colocamos ambos os textos conjuntamente para a análise porque não é difícil constatar que ambos não afirmam o que propõem os teólogos. Os textos afirmam que "Pai, Filho e espírito Santo três dignatários santos e são poderes do céu". Isto equivale a afirmar que são deuses? De maneira alguma. A palavra "santo" significa separado para um fim sagrado; desta forma, os anjos não caídos podem ser denominados de "santos". Tampouco a palavra dignatário significa "Deus". Finalmente, os anjos são também os poderes do Céu, tal como Satanás e seus anjos são os poderes das trevas. A Bíblia também afirma que os poderes estão subordinados a Cristo, que é Deus:

"...Jesus Cristo; o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e poderes." I Pedro 3:21, 22

Ora, um Deus não está subordinado a ninguém. Desta forma, como mencionamos no parágrafo anterior, o texto acima não prova a existência de um Deus "espírito Santo", objetivo para o qual é este apresentado perante nós pelos teólogos.

O texto que se segue, atribuído a Ellen G. White, também é utilizado pelos teólogos no intuito de demonstrar que a serva do Senhor havia crido que havia um Deus espírito Santo:

Ele (Cristo) determinou dar Seu representante, a terceira pessoa da Divindade. Este dom não seria excedido...” SW Nov. 28. 1905 / SDABC, Vol. 6. pág. 1053

Ao verificarmos o texto correspondente atribuído a Ellen G. White escrito em inglês, constatamos que a tradução do texto, quando lido à luz do seu contexto dá margem a uma compreensão errônea. Apresentamos abaixo o texto com sua continuação em inglês e a tradução mais adequada:

"He determined to give His representative, the third person of the Godhead. This gift could not be excelled. He would give all gifts in one, and therefore the divine Spirit, that converting, enlightening, and sanctifying power, would be His donation. . . . " SW Nov. 28, 1905 / SDABC, Vol. 6. pág. 1053

Tradução correta:

Ele (Cristo) determinou dar Seu representante, a terceira pessoa a partir da Divindade. Este dom não poderia ser excedido. Ele daria todos os dons em um, e então o divino espírito, aquele poder convertedor, iluminador e santificados, seria Seu donativo. ...SW Nov. 28. 1905 / SDABC, Vol. 6. pág. 1053

O termo "third person of the Godhead" que aparece no original inglês, quando analisado à luz das frases subseqüentes do texto, deve ser traduzido como "terceira pessoa a partir da Divindade". Isto porque logo nas frases seguintes, o espírito é denominado de "dom" e "poder". Um "dom" não é um Deus. Pode até ser um "poder", como o texto acima o denomina, mas nunca será um Deus. A Bíblia não diz que quando Deus pai enviou Cristo para morrer pela humanidade caída, Ele enviou um "dom" para os homens. A palavra "dom" aparece 25 vezes na Bíblia, e em nenhum momento é utilizada na Bíblia para denominar um Deus. Listamos abaixo as ocorrências da palavra "dom" na Bíblia para que o irmão leitor, caso tenha interesse, possa constatar esta informação:

Eclesiastes 3:13; Eclesiastes 5:19; João 4:10; Atos 2:38; Atos 8:20; Atos 10:45; Atos 11:17; Romanos 1:11; Romanos 5:15; Romanos 5:16; Romanos 5:17; Romanos 6:23; 1 Coríntios 1:7; 1 Coríntios 7:7; 1 Coríntios 13:2; 1 Coríntios 14:39; 2 Coríntios 9:15; Efésios 2:8; Efésios 3:7; Efésios 4:7; 1 Timóteo 4:14; 2 Timóteo 1:6; Hebreus 6:4; Tiago 1:17; 1 Pedro 4:10. 

Além do exposto acima, temos que na seqüência do testemunho sob análise, vemos que usa-se o termo "It" para referir-se ao espírito Santo:

"The Spirit was given as Christ had promised, and like a mighty rushing wind it fell upon those assembled, filling the whole house. It came with a fulness and power, as if for ages it had been restrained, but was now being poured forth upon the church, to be communicated to the world." SW Nov. 28, 1905 / SDABC, Vol. 6, pág. 1053

Tradução:

"O espírito foi dado, como Cristo havia prometido, e como um poderoso vendo ele (it) caiu sobre os que estavam congregados, enchendo completamente a casa. Ele (It) veio com plenitude e poder, como se estivesse restrito por gerações, mas estava agora sendo colocado sobre a igreja, para ser comunicado ao mundo."

 O termo "it" é usado no idioma inglês para se referir a animais, coisas ou objetos, e nunca a pessoas. Assim, se Ellen G. White estivesse compreendendo-o como um Deus, ela nunca usaria o termo "it" para denominá-lo. Assim, constatamos que este testemunho, ao contrário do que pretendem os teólogos, não demonstra que Ellen G. White cria em um deus espírito Santo.

Trazemos à lume abaixo mais um texto que também é utilizado pelos teólogos para defender o entendimento de que Ellen G. White teria crido no espírito Santo como um Deus:

Virtualmente, tomamos um solene voto, em nome do Pai, do Filho e do espírito Santo, que desde então, nossa vida se uniria na vida destas três grandes Agencias, que a vida que viveríamos na carne, deveria ser vivida em fiel obediência à sagrada lei de Deus.” MS 67, 1907 / SDABC Vol. 1, pág. 1120

O texto acima não prova em absoluto que Ellen G. White cria em um Deus espírito Santo. Isto porque o testemunho afirma que este é uma grande "Agência". Pergunto: uma "Agência" é um Deus? Não necessariamente.

Assim, pela análise dos textos acima, que segundo os teólogos provariam que Ellen G. White teria mudado de posição gradualmente, vindo a crer finalmente que o espírito Santo era um Deus, percebemos que ela não mudou sua crença em relação ao tema "Divindade", ou seja, continuou crendo da mesma forma que os adventistas como um povo criam desde 1855. Existem outros textos que são apresentados por teólogos como sendo de autoria de Ellen G. White, mas não suportam o escrutínio das Escrituras. Consideramos não ser necessário analisá-los por ora, uma vez que entendemos que o sincero inquiridor da verdade, após ter acompanhado toda a revelação dada por Deus em mais de cinqüenta anos sobre o tema "Divindade", conforme apresentado neste compêndio, e constatar que ela nunca mudou, verificará que há provas mais que contundentes de que foi claramente revelado à serva do Senhor que existem apenas Deus, o Pai e Seu Filho Jesus Cristo, não havendo nenhum outro Deus. Não existe um Deus espírito Santo. O que ocorreu, foi que, como Deus já havia revelado à Sua serva, homens se dispuseram a "fabricar" provas que pudessem levar os adventistas do sétimo dia a mudar os pilares da fé conforme havia sido estabelecidos por Deus para o Seu povo ao longo de cinqüenta anos:

"O inimigo porá em operação tudo para desarraigar a confiança dos crentes nas colunas de nossa fé nas mensagens do passado, as quais nos colocaram sobre a elevada plataforma da verdade eterna, e firmaram e imprimiram cunho à obra....

Preciosa é a verdade para este tempo; mas aqueles cujo coração não foi quebrantado mediante o cair sobre a rocha Cristo Jesus, não verão nem compreenderão o que é a verdade. Aceitarão o que lhes agrada às idéias, e começarão a manufaturar outro fundamento que não seja aquele que foi posto. Lisonjearão sua própria vaidade e estima, pensando que são capazes de remover as colunas de nossa fé, e substituindo-as por outras de sua própria invenção." Manuscrito 28, 1890 / Mensagens Escolhidas, Vol. 2, 389

Se os líderes apóstatas da IASD já "forjavam" textos e os atribuíam a Ellen G. White em publicações antes mesmo de sua morte (conforme denúncia do Pr. Alonzo T. Jones transcrita e analisada neste compêndio), porque não o fariam após a sua morte? Infelizmente, constatamos que estes fizeram um esforço no sentido de "manufaturar", ou "produzir" compilações de textos de Ellen G. White de modo a fazer o povo entender que ela havia em algum momento de sua vida passado a crer na doutrina da Trindade, que afirma ser o espírito Santo um Deus, cumprindo o que havia sido predito no testemunho acima 

Voltando ainda à nossa análise histórica, podemos apresentar uma prova de que Ellen G. White não teve nem a revelação divina e nem o entendimento sobre o tema "Divindade" mudados durante o período de 1888-1907. Esta está no texto que consta no livro "O Grande Conflito", revisão de 1911:

"Antes da manifestação do mal, havia paz e alegria por todo o Universo. Tudo estava em perfeita harmonia com a vontade do Criador. O amor a Deus era supremo; imparcial, o amor de uns para com outros. Cristo, o Verbo, o Unigênito de Deus, era um com o eterno Pai - um na natureza, no caráter e no propósito - o único Ser em todo o Universo que poderia entrar nos conselhos e propósitos de Deus. Por Cristo, o Pai efetuou a criação de todos os seres celestiais. "NEle foram criadas todas as coisas que há nos céus ... sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades (Col. 1:16); e tanto para com Cristo, como para com o Pai, todo o Céu mantinha lealdade." O Grande Conflito, pág. 493, revisão de 1911

Segundo o texto acima, Cristo era um com o eterno Pai, o ÚNICO Ser em todo o Universo que possuía essa prerrogativa, e todo o Céu mantinha lealdade para com Cristo e com o Pai. O texto não dá qualquer margem para entendermos uma Trindade de três deuses em um. Este texto foi revisado por Ellen G. White em 1911, pois faz parte da edição do livro “O Grande Conflito” de 1911. Isto quebra o argumento freqüentemente utilizado por teólogos de que Ellen G. White passou a aceitar gradativamente a doutrina de uma Trindade a partir de 1898. Se isto fosse verdade, o texto que apresentamos acima, extraído do livro “O Grande Conflito”, revisão de 1911, deveria apresentar o conceito de uma Trindade, ao invés de apresentar Cristo como o único que poderia entrar nos conselhos e propósitos de Deus.

Sobre a edição de 1911, o Pastor W. C. White, filho de Ellen G. White, escreveu o seguinte:

"Se ouvirdes de que parte da obra feita nesta última edição foi realizada contrariamente ao desejo de minha mãe, ou sem o seu conhecimento, podeis estar certos de que tais boatos são falsos, e indignos de consideração." Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 436

Ainda sobre esta edição, o mesmo pastor White disse:

"Desde que saiu esta nova edição, Mamãe tem tido grande prazer em examinar e reler o livro. Dia a dia, quando eu a visitava de manhã, ela falava a seu respeito, dizendo que se deleitava em lê-lo de novo e que estava contente porque o trabalho que havíamos realizado para tornar esta edição tão perfeita quanto possível fora completado enquanto ela vivia, podendo assim orientar o que estava sendo feito." Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 437

Apesar de constatarmos que Ellen G. White morreu não crendo em uma Trindade, vemos atualmente que a IASD como um corpo organizado afirma que a Trindade é uma de suas doutrinas fundamentais. Isto demonstra que outro testemunho dado a Deus à Sua serva teve seu fiel cumprimento na pessoa dos líderes da IASD:

"O inimigo das almas tem procurado introduzir a suposição de que uma grande reforma devia efetuar-se entre os adventistas do sétimo dia, e que essa reforma consistiria em renunciar às doutrinas que se erguem como pilares de nossa fé, e empenhar-se num processo de reorganização. Se tal reforma se efetuasse, qual seria o resultado? Seriam rejeitados os princípios da verdade, que Deus em Sua sabedoria concedeu à igreja remanescente. Nossa religião seria alterada. Os princípios fundamentais que têm sustido a obra neste últimos cinqüenta anos, seriam tidos na conta de erros. Estabelecer-se-ia uma nova organização. Escrever-se-iam livros de ordem diferente. Introduzir-se-ia um sistema de filosofia intelectual. Os fundadores deste sistema iriam às cidades, realizando uma obra maravilhosa. O sábado seria, naturalmente, menosprezado, como também o Deus que o criou. Coisa alguma se permitiria opor-se ao novo movimento. Ensinariam os líderes ser a virtude melhor do que o vício, mas, removido Deus, colocariam sua confiança no poder humano, o qual, sem Deus, nada vale. Seus alicerces se fundariam na areia, e os vendavais e tempestades derribariam a estrutura." Special Testimonies Serie B, n 2, págs. 51-59, 1904 / Mensagens Escolhidas, Vol. 1, págs. 204, 205

Como foi predito no testemunho acima, "nossa religião seria alterada", e o foi de fato. Os adventistas, como organização, que não criam na doutrina da Trindade, passaram a crer nela. Assim, foi estabelecida "uma nova organização", baseada em doutrinas diferentes daquelas que constituíram-se os pilares da fé adventista por cinqüenta anos. Escreveram-se livros de ordem diferente. Entre eles, podemos seguramente citar: "A Vinda do Consolador" e "Moviment of Destiny", ambos de Leroy E. From, considerado o pai da doutrina da Trindade no meio adventista, e portanto o principal elemento ativo no processo de mudança dos marcos estabelecidos por Deus e mantidos por Seu povo por mais de cinqüenta anos, para doutrinas de homens, não reveladas por Ele. Finalmente, o testemunho atestava que "coisa alguma se permitiria opor-se ao novo movimento". Deste particular, constata-se o seu cumprimento com relativa facilidade nos dias atuais, posto que aqueles que se levantam contra o crer-se em uma Trindade são impedidos de pregar, sendo posteriormente disciplinados e excluídos do quadro de membros da organização adventista atual.

No capítulo que se segue, veremos como os pilares estabelecidos por Deus foram modificados ao longo da história do movimento adventista.

 

2 - A apostasia Alfa do Dr. Kellogs -  prenúncio da apostasia Ômega

No início do século anterior, nossos pioneiros adventistas enfrentaram o que foi definido em visão à Ellen G. White como sendo um grande iceberg. Encabeçado por um dos mais proeminentes adventistas de então, Dr. John Harvey Kellogs, o movimento pró-panteísmo ganhava rapidamente mais e mais adeptos dentro das fileiras adventistas. Publicado sobre a nobre bandeira de conseguir fundos para a causa do advento, o livro “The Living Temple”, cujo foco principal era a de abordar pontos importantes no campo da saúde, também continha em suas linhas os pensamentos daquele proeminente médico, discípulo de Pasteur e mundialmente reconhecido, sobre a Divindade - as idéias panteístas. Fascinado pelo pensamento de que Deus, por ser onipresente, se fazia presente em qualquer lugar por meio de Seu espírito, concluiu então que, por ser criador, Ele estava literalmente em cada objeto criado. De acordo com este pensamento, Deus habitava de fato em cada criatura viva. Sendo que o homem era um ser criado, Deus habitava então de fato dentro dele. Para o Dr. Kellogs, a pergunta que marcou este incidente: “Onde está Deus?” era respondida desta forma: “em todos os lugares; assim, Deus está também em você”. Ellen G. White foi instruída por Deus a dizer para onde os pensamentos deste eminente doutor e professo adventista o levariam:

“A teoria de que Deus é uma essência abrangendo toda a natureza é recebida por muitos que professam crer nas escrituras; mas, embora pareça bonita e envolvente, esta teoria é a mais perigosa decepção. ... Se Deus é uma essência abrangendo toda a natureza, então Ele habita em todos os homens; e no processo de santificação o homem deve tão somente desenvolver o poder que já está nele. Estas teorias {panteísmo, etc.}, seguidas à sua conclusão lógica, ... eliminam a necessidade da expiação [de Cristo] e fazem do homem o seu próprio salvador. .. Aqueles que as aceitam estão em grande perigo de serem finalmente levados a ver a Bíblia como sendo uma ficção.“The Faith I Live By, pág. 40”

Ao analisar o texto acima, onde a mensageira do Senhor expõe claramente o erro contido na teoria panteísta de Kellogs, pode-nos parecer fácil detectar os erros existentes nos seus ensinamentos. Entretanto, na época, isto não era tão fácil assim. Primeiro porque o principal defensor desta teoria chegou a ser diretor de Battle Creek, chegando a estar entre os três homens com o maior poder de decisão dentro do movimento adventista. Ele também era membro do conselho que hoje equivale à Conferência Geral. Sendo assim, sua opinião era muito respeitada. Outro fator circunstancial que contava a favor do defensor das idéias panteístas era sua grande credibilidade junto à comunidade científica da época e sua reconhecida inteligência privilegiada. Assim, muitos adventistas da época viam no livro “The Living Temple” uma obra produzida com o sinete divino, trazendo por suas linhas o mais puro pensamento adventista. Não foi fácil conter a onda de apostasia que se instalou em conseqüência da disseminação das idéias panteístas por este livro. Satanás conseguiu impor ao movimento do advento uma perda significativa de almas devido à esta onda apóstata, que Ellen G. White denominou de “apostasia alfa”.

Existiu também um outro fator que dificultou sobremaneira a retirada das idéias panteístas e de seus defensores do seio da igreja adventista do sétimo dia. Uma citação da mensageira do Senhor nos esclarece qual foi:

“Aqueles que tem alimentado suas mentes com as supostamente excelentes teorias espiritualistas do livro The Living Temple estão em lugar muito perigoso. Durante os últimos cinqüenta anos eu tenho recebido esclarecimento com respeito às coisas celestiais. Mas a instrução dada a mim tem agora sido usada por outros para justificar e endossar teorias no livro “The Living Temple” que são de caráter errôneo.Manuscript Releases, vol 4 p.248

Ellen G. White afirmou que o livro “The Living Temple” apresentava citações de fato escritas por ela, mas que foram retiradas de seu contexto para “endossar” as idéias errôneas expressas no livro. Podemos afirmar que o uso dos escritos de Ellen G. White para apoiar idéias errôneas é uma estratégia Satânica, pois o inimigo sabe que os adventistas os aceitam como sendo inspirados por Deus. Assim, se ele consegue que os adventistas entendam que uma teoria errônea é embasada pelos escritos de Ellen G. White, ele faz com que milhares, ou até mesmo milhões de adventistas a aceitem, passando deste modo para suas fileiras. Ao analisarmos a história da apostasia gerada pelas idéias panteístas de Kellogs, percebemos que Satanás quase atingiu este objetivo. Não conseguiu porque Deus operou em Sua providência para que o movimento apóstata e suas idéias fossem banido das fileiras adventistas. Entretanto, sabemos que Satanás é astuto e perseverante. Para ele, uma derrota em uma batalha não significa a perda da guerra. Assim, ele não desistiria de procurar derrubar a igreja adventista do sétimo dia, fazendo seus membros crerem que um pensamento herético era endossado pelos escritos do espírito de Profecia. Deus, em Sua providência, deu à Sua serva, enquanto ainda viva, mensagens claras sobre a ação de Satanás dentro do movimento adventista após a saída de Kellogs:

No livro “The Living Temple” é apresentado o Alfa de heresias fatais. O Ômega seguirá, e será recebido por aqueles que não estão dispostos a considerar o aviso que Deus lhes deu.” (Ibidem p.50)

“Alfa” significa primeiro. Ao receber do anjo relator instruções para escrever sobre a apostasia “alfa”, ou primeira, ela também recebeu instruções para escrever sobre a apostasia “ômega”, que significa “último”. Mas quando viria esta apostasia? Viria no tempo em que Ellen G. White escreveu o testemunho acima (por volta de 1905), ou no futuro? Se viria no futuro, quão longe ela estaria? Outro texto da mensageira do Senhor nos esclarece este ponto:

Eu sabia que o Ômega  se seguiria em pouco tempo; e eu tremi por nosso povo. Eu sabia que eu precisava avisar nossos irmãos e irmãs para não entrar em controvérsia sobre a presença e personalidade de Deus. As declarações feitas em The Living Temple a esse respeito são incorretas. A escritura usada para substanciar a doutrina ali colocada, é a escritura mal aplicada.” (Ibidem p.53)

Segundo o texto acima, a apostasia ômega se seguiria pouco tempo depois da apostasia alfa, que se deu por volta de 1905. Por saber que esta apostasia se desenrolaria, a mensageira do Senhor “tremeu” pelo povo adventista. Outro texto escrito por Ellen G. White, nos traz luz sobre este tema:

Uma coisa é certa e em breve ocorrerá, - A grande apostasia, a qual está se desenvolvendo e crescendo cada vez mais fortemente, continuará crescendo até o Senhor descer do céu com grande alarido.” (Manuscript Releases, Vol. 7 pág. 57)

Deus informou à Sua serva que a apostasia continuaria crescendo até a Segunda Vinda de Cristo. Assim, após a apostasia alfa, que se sucedeu por volta de 1905 por ocasião do lançamento da teoria panteísta no seio da igreja, verificamos que o processo de apostasia dentro da igreja adventista se aceleraria e agigantaria mais e mais, até a volta de Cristo. Desta forma, percebemos pela revelação que praticamente não haveria interrupção, sendo que a apostasia seria quase imediatamente seguida do princípio da apostasia ômega, que aumentaria mais e mais dentro do movimento adventista até o segundo advento.

Mas resta-nos ainda saber de qual natureza seria o ômega da apostasia. Qual seria o tema que levaria o povo a se apostatar após serem banidos os líderes da apostasia alfa? O aviso que ela dá para os adventistas do sétimo dia, no mesmo texto, nos traz uma orientação:

eu precisava avisar nossos irmãos e irmãs para não entrar em controvérsia sobre a presença e personalidade de Deus” (Ibidem p.53)

Sabendo do que estava para vir, Ellen G. White advertiu os adventistas do sétimo dia daquela época para não entrarem em controvérsia (discussões) quanto à personalidade de Deus. Porque ela precisava advertir os irmãos para que não discutissem sobre este tema? Uma pequena análise histórica nos permitirá compreender isto. O movimento adventista havia recentemente sofrido perdas por uma controvérsia sobre o tema “Divindade”, promovida pelas idéias panteístas do Dr. Kellogs. As teorias de Kellogs não poderiam conduzir os adventistas do sétimo dia daquela época a uma nova luz sobre este tema, porque a mensageira do Senhor, sob a inspiração divina, já havia afirmado em 1903 que todos os pilares da fé adventista já estavam firmemente estabelecidos:

Os pontos fundamentais de nossa fé da forma como cremos hoje foram firmemente estabelecidos. Ponto após ponto foi claramente definido, e toda a irmandade está em harmonia. Todos os crentes foram unidos na verdade. Existem aqueles que vem com doutrinas estranhas, mas nós nunca estaríamos com medo de enfrentá-los.” MS 135, 1903

Um outro testemunho, datado de 1904, é bastante esclarecedor:

"Como um povo, devemos estar firmes sobre a plataforma da verdade eterna, que resistiu a todas as provas. Devemos ater-nos aos seguros pilares de nossa fé. Os princípios da verdade que Deus nos revelou, são nossos únicos, fiéis alicerces. Eles é que fizeram de nós o que somos. O correr do tempo não lhes diminuiu o valor." Special Testimonies, Serie B, n 2, págs. 51-59 (1904) / Mensagens Escolhidas, Vol. 1, pág. 201

Ellen G. White já havia afirmado em 1903 que os pontos fundamentais da fé adventista já haviam sido “firmemente estabelecidos”. Também atestou em 1904 que eles eram os fiéis alicerces e que o correr do tempo não lhes havia diminuído o valor. Não há qualquer dúvida que a correta compreensão do tema “Divindade” era e sempre será um dos pontos fundamentais da fé adventista. Isto porque o movimento adventista nasceu pela pregação da mensagem “temei a Deus e dai-lhe glória” (ver Apocalipse 14:7), que é a primeira mensagem angélica. Não havia como os adventistas pregarem como um povo ao mundo para que este temesse a um Deus que eles mesmos, os portadores da mensagem, não conheciam. Desta forma, a compreensão do tema “Divindade” era fundamental para que a primeira mensagem angélica fosse pregada. Assim, quando lemos no texto acima, escrito em 1903 que os pontos fundamentais da fé adventista já estavam firmemente estabelecidos, entendemos a mensagem divina de que os crentes adventistas já possuíam a compreensão correta sobre o tema “Divindade”. É por isso que ao tratar do ômega da apostasia, como vimos a pouco, Ellen G. White advertiu os adventistas do sétimo dia para não entrarem em discussão sobre o tema “Divindade”. Isto porque tal discussão acabaria por pôr em dúvida algo que já estava revelado. Se os adventistas, segundo a mensagem dada por Deus a Sua serva já possuíam luz sobre o tema “Divindade” em 1903, perguntamos: qual era o entendimento deles quanto a este tema?

Podemos encontrar a resposta para esta pergunta ao verificarmos uma descrição das crenças adventistas naquela época. A declaração das crenças adventistas, elaborada por Uriah Smith em 1912, ano no qual Ellen G. White ainda estava viva, reza o seguinte sobre o tema:

1. Que existe um Deus, uma pessoa, um ser espiritual, o Criador de todas as coisas, onipotente, onisciente e eterno; infinito em sabedoria, santidade, justiça, bondade, verdade e misericórdia; imutável, e presente em toda a parte por seu representante, o espírito Santo. Salmos 139:7

2. Que existe um Senhor Jesus Cristo, o Filho do Eterno Pai, aquele pelo qual Ele criou todas as coisas, e pelo qual elas subsistem; que Ele tomou sobre Si a natureza da semente de Abraão para a redenção de nossa raça caída; que viveu entre os homens, cheio de graça e verdade, viveu nosso exemplo, morreu nosso sacrifício, foi ressuscitado para nossa justificação, ascendeu ao céu para ser nosso único mediador no santuário celestial, onde através dos méritos de Seu sangue derramado, Ele assegura o perdão e remissão dos pecados de todos aqueles que vêm persistentemente à Ele; e na parte final de Seu trabalho como sacerdote, antes de tomar Seu trono como Rei, Ele irá fazer a grande expiação pelas faltas de todos que tiveram seus pecados perdoados (Atos 3:19) e retirá-las do santuário como mostrado no serviço do sacerdócio Levítico, o qual exemplificou e prefigurou o ministério de nosso Senhor no Céu. Ver Levítico 16; Heb. 8:4, 5; 9: 6, 7.” Fundamental Principles of Seventh day Adventists - Yearbook of the Seventh Day Adventist Denomination

Não é difícil percebermos que, naquela época, os adventistas criam que existe um Deus, uma pessoa, o Criador de todas as coisas e um Senhor Jesus Cristo, o Filho do Eterno Pai, aquele pelo qual Ele criou todas as coisas. Esta era a luz sobre a “Divindade”, um dos pontos da fé que já estavam firmemente estabelecidos desde 1903. A segurança que temos de que a definição não é diferente da verdade que já estava revelada em 1903 consiste no fato de que Ellen G. White estava viva durante todo este período e não recebeu de Deus nenhum testemunho que ordenasse alguma alteração na crença adventista do sétimo dia sobre a divindade.

Vimos a pouco que Ellen G. White havia advertido aos adventistas para que não entrassem em controvérsia sobre o tema “Divindade”, porque isto significaria questionar o que já estava revelado. Assim, ao procurar introduzir no sistema de crenças adventistas uma doutrina diferente da que vimos acima, estar-se-ia em verdade introduzindo novamente uma apostasia quanto ao tema “Divindade”, dando início à apostasia ômega, tão temida por Ellen G. White.

Infelizmente, a história nos mostra que já em 1919, apenas quatro anos após a morte de Ellen G. White, houve uma grande discussão sobre o tema “Divindade” durante um Congresso Bíblico. Enquanto muitos defendiam a manutenção da posição que permanecia desde 1903 no tocante ao tema “Divindade”, um grupo de delegados defendia o re-estudo deste tema, buscando introduzir uma nova doutrina. A esta altura, buscar defender o re-estudo deste tema visando mudar o entendimento significava estar em clara oposição ao conselho dado pela mensageira do Senhor, antes de sua morte:

eu precisava avisar nossos irmãos e irmãs para não entrar em controvérsia sobre a presença e personalidade de Deus

Assim, aqueles que buscavam defender um novo entendimento quanto ao tema divindade estavam se opondo claramente a este conselho dado por Deus à Sua serva, e ao mesmo tempo desconsiderando o claro testemunho escrito em 1903 que afirmava que os pontos fundamentais da fé já estavam firmemente estabelecidos. A profecia escrita por Ellen G. White, de que o ômega logo surgiria, começava a ser cumprida. Qual era a posição defendida por aqueles que queriam mudar o entendimento adventista sobre o tema “Divindade”? Eles defendiam que existia um Trindade, uma unidade de três “Deuses”. O livro “Mensageira do Senhor”, de Herbert E. Douglass, descreve assim o Congresso Bíblico de 1919:

Realizaram-se em 1919 um Congresso Bíblico (de 1º a 19 de julho) e um Concílio de Professores (de 20 de julho a 1º de agosto). Cerca de sessenta e cinco pessoas participaram desses dois encontros, embora nem todas tenham estado presentes a ambos. ... Muitos delegados falaram livremente, muitas vezes em intensa divergência. Alguns fazim comentários que abrandavam após as discussões. Muitos acharam que não haveria nenhum benefício em publicar as divergências entre destacados pensadores adventistas sobre variados assuntos como “a questão oriental”. Alguns criam que seria “um tanto arriscado deitar tudo isto fora”. Outros queriam que o material fosse reduzido a cinqüenta por cento e fornecido apenas para os delegados. Alguns queriam que um resumo fosse enviado a todos os membros da igreja, enquanto outros queriam que não se enviasse nada.

         Depois de ouvir a discussão, o presidente da Associação Geral e presidente da mesa do Congresso Bíblico, A. G. Daniells, sugeriu: “Algumas vezes acho que seria uma boa coisa guardar este manuscrito num cofre, ao qual poderia dirigir-se quem quer que desejasse fazer estudo e pesquisa pessoal.”

 

Os Manuscritos Fechados à Chave

É mais do que interessante que a sugestão do presidente (que finalmente foi seguida) tenha sido feita após acalorada discussão sobre assuntos como a questão oriental e a controvérsia trindade/arianismo.” Mensageira do Senhor, pág. 434

[Obs.: O termo “arianismo” colocado no texto acima, foi utilizado para denominar a posição mantida pela igreja adventista sobre o tema “Divindade”, naquela época. Em verdade, o termo “arianismo” não define de forma correta a crença dos adventistas daquela época sobre o tema “Divindade”, uma vez que é utilizado para denominar as teorias estabelecidas por Ário, que negava a divindade de Cristo. Ao ler a declaração de crenças adventistas no tocante à “Divindade”, expressa no Yearbook de 1912, percebemos claramente que os adventistas de então, juntamente com Ellen G. White, reconheciam e aceitavam a Cristo como Deus. Portanto, sua crença não poderia de forma alguma ser classificada como “arianismo”, como o texto acima erroneamente o fez.]

Vemos pelo relato do que ocorreu no Congresso Bíblico de 1919, que as profecias dadas pelo Senhor à Sua serva Ellen G. White estavam se cumprindo à risca, pelos seguintes motivos:

1 - Contrariando a orientação divina, delegados se levantaram e estabeleceram uma controvérsia buscando defender uma posição diferente daquela que já havia sido revelada por Deus sobre o tema “Divindade” (defendendo a trindade);

2 - Pouco tempo depois do “alfa” da apostasia ter passado, o ômega da apostasia (a tentativa de estabelecer um novo entendimento sobre o tema “Divindade” - defendendo-se a crença em uma Trindade) já estava ganhando corpo dentro do movimento adventista.

Após este evento, o movimento pró-mudança no entendimento adventista revelado por Deus sobre a “Divindade” (para a introdução da doutrina da Trindade) foi ganhando adeptos dentro das fileiras adventistas, tendo sido grandemente impulsionado pelo trabalho do Sr. LeRoy E. Froom, autor dos livros “The Coming of The Comforter” (A Vinda do Consolador) e “Moviment of Destiny” (Movimento do Destino), vindo a culminar com a mudança oficial no sistema de crenças fundamentais do movimento adventista do sétimo dia, ratificada em Dallas - USA em 1980.

De acordo a breve análise histórica que fizemos até aqui nesta seção deste estudo, há evidências fortes de que o movimento pró doutrina da Trindade é o ômega da apostasia mostrado para Ellen G. White. Desde que esta doutrina foi oficialmente aceita em 1980, estende-se até os dias de hoje uma controvérsia entre os adventistas do sétimo dia que não aceitam tal mudança e defendem a crença sobre a “Divindade” tal qual já estava estabelecida pela guia divina em 1903, e aqueles que advogam a legitimidade da mudança de crença. Infelizmente, embora nos EUA os adventistas que defendem a manutenção do credo antigo sejam tolerados nas fileiras adventistas daquele país, em outros países como o Brasil aqueles que mantém a mesma posição são disciplinados e posteriormente excluídos do rol de membros das igrejas adventistas regulares.

Uma vez que a grande controvérsia entre os adventistas do sétimo dia ditos “trinitarianos” (que crêem na doutrina da Trindade) e os que defendem o credo estabelecido em 1903 gira em torno da natureza e obra do espírito Santo, urge compreendermos claramente estes dois pontos à luz dos escritos bíblicos e do espírito de Profecia, a fim de evitar o agravo da situação e, principalmente, render à Deus a honra e glória da forma correta - adorando-o em “espírito”, mas também “em verdade” (João 4:24). Assim, no estudo que se segue, vamos procurar compreender, à luz da Bíblia e do espírito de Profecia, qual é a natureza, a obra do espírito Santo, e como ele é outorgado aos homens.

    

3 - Três pessoas vivas no trio celestial

Em diversos textos, Ellen G. White afirma a existência de uma pessoa no Céu, chamada espírito Santo. Estes textos intrigam a grande maioria dos adventistas que se dedicam ao estudo do tema “Divindade”. Mas intrigantes como são, estes textos precisam ser claramente compreendidos e analisados em conjunto com outros textos que tratam do mesmo assunto, para que se obtenha um todo coeso. Assim, analisemos com imparcialidade cada um deles, buscando conhecer a posição divina sobre o assunto. Sugiro a você, leitor, que se ajoelhe neste momento e ore a Deus pedindo orientação sobre a leitura, antes de prosseguir com ela.

O primeiro texto que vamos analisar foi escrito por Ellen G. White e declara a existência de três pessoas no trio celestial. Vamos lê-lo antes de analisá-lo:

Fui instruída a dizer: Os sentimentos dos que andam em busca de avançadas idéias científicas, não são para confiar. Fazem-se definições como estas: “O Pai é como a luz invisível; o Filho é como a luz corporificada; o espírito é a luz derramada.” “O Pai é como o orvalho, vapor invisível; o Filho é como o orvalho condensado numa bela forma; o espírito é como o orvalho caído sobre a sede da vida.” Outra apresentação: “O Pai é como o vapor invisível; o Filho como a nuvem plúmbea; o espírito é chuva caída e operando em poder refrigerante.”

         Todas essas definições espiritualistas são simplesmente nada. São imperfeitas, inverídicas. Enfraquecem e diminuem a Majestade a que não pode ser comparada nenhuma semelhança terrena. Deus não pode ser comparado a cosias feitas por Suas mãos. Estas são meras coisas terrenas, sofrendo sob a maldição de Deus por causa dos pecados do homem. O pai não pode ser definido por coisas da Terra. O Pai é toda a plenitude da Divindade corporalmente, e invisível aos olhos mortais.

         O filho é toda a plenitude da divindade manifestada. A palavra de Deus declara que Ele é “ a expressa imagem de Sua pessoa”. “ Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Aí se manifesta a personalidade do Pai.

         O consolador que Cristo prometeu enviar depois de ascender ao Céu, é o espírito em toda a plenitude da divindade, tornando manifesto o poder da graça divina a todos quantos recebem e crêem em Cristo como um Salvador pessoal. Há três pessoas vivas pertencentes à trindade celeste; em nome destes três grandes poderes - o Pai, o Filho e o espírito Santo - os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo. ...

Será realizado trabalho na simplicidade do verdadeiro poder de Deus, e os velhos tempos estarão de volta, quando, sob a direção do espírito Santo, milhares se converterão em um só dia. Quando a verdade, em sua simplicidade, for vivida em cada lugar, então Deus atuará através de Seus anjos como Ele atuou no dia de Pentecostes, e corações serão mudados tão decididamente que haverá uma manifestação da influência da genuína verdade, como é representada na descida do espírito Santo.Special Testimonies, Serie B. N.7, págs. 62 e 63 (1905). Evangelism, págs. 614, 615

Antes de analisar o texto acima, gostaríamos de introduzir apenas uma errata. Tenho a cópia do original datilografada do testemunho acima em meu poder, e nela está escrito assim:

“There are three living persons of the heavenly trio; in the name of these three great powers - the Father, the Son, and the Holy Spirit - those who receive Christ by living faith are baptized, and these powers will co-operate with the obedient subjects of heaven in their efforts to live the new life in Christ.” Special Testimonies, Series B, Nº 7, pág. 6

Tradução para o português:

Existem três pessoas vivas pertencentes ao trio celestial; em nome destes três grandes poderes - o Pai, o Filho e o espírito Santo - os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo.

Analisando o texto acima com imparcialidade, percebemos que ele afirma o seguinte:

1 - Existem três pessoas vivas pertencentes ao trio celestial;

Até aqui, não se afirma se estas pessoas são Deuses ou não, ou mesmo quais pessoas são. A seqüência da frase trará mais informações

2 - em nome destes três grandes poderes - o Pai, o Filho e o espírito Santo - os que recebem a Cristo por fé viva são batizados

Agora já podemos tirar mais informações desta frase. Complementando o que ela afirma no seu início, que existem três pessoas vivas no trio celestial, agora é dito que estas pessoas são, ou representam também três grandes poderes.

3 -  e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo.

A frase termina afirmando que as três pessoas, que são três grandes poderes, cooperarão com os homens para que estes vivam uma vida nova em Cristo.

Pela análise do texto com imparcialidade, percebemos que, em nenhum momento, a frase acima afirma que existem três Deuses no Céu. Entender isto a partir desta frase significa entender além do que está escrito. De fato, a única coisa que o texto acima afirma é que existem três pessoas no céu, que são, ou representam, três grandes poderes, e que cooperarão com os homens obedientes. Ainda nos resta saber de fato quem são estas três pessoas. Vamos então buscar outros textos da revelação que nos mostrem quem são estas três pessoas. Quem é o Pai, e quem é o Filho, nomes mencionados no texto acima? Cremos que alguns textos do espírito de Profecia respondem claramente quem são Eles:

Cristo, o Verbo, o Unigênito de Deus, era um com o Eterno Pai - um em natureza, caráter e propósito - o único ser que poderia penetrar em todos os conselhos e propósitos de Deus.” Patriarcas e Profetas, pág. 34

O Filho de Deus partilhava do trono do Pai, e a glória do Ser Eterno, existente por si mesmo, rodeava a ambos. ... Perante os habitantes do Céu, reunidos, o Rei declarou que ninguém, a não ser Cristo, o unigênito de Deus, poderia penetrar inteiramente em Seus propósitos, e a Ele foi confiado executar os poderosos conselhos de Sua vontade.” Patriarcas e Profetas, pág. 36

Pai e Filho empenharam-se na grandiosa, poderosa obra que tinham planejado - a criação do mundo. A Terra saiu das mãos de seu Criador extraordinariamente bela. ...

E agora disse Deus a Seu Filho: “Façamos o homem à nossa imagem”. Ao sair Adão das mãos do criador, era ele de nobre estatura e perfeita simetria.” História da Redenção, págs. 20-21

De acordo com as citações acima, Ellen G. White tinha uma definição clara sobre quem eram, respectivamente,  o Pai e o Filho, e qual era o papel de cada um deles:

1 - O Filho e o Pai eram e são um em natureza, caráter e propósito - PP. pág. 34

2 - A glória do Ser eterno rodeia o Pai e o Filho - PP. pág. 36

3 - Pai e Filho executaram a criação do mundo - HR, pág. 20

4 - Pai e Filho fizeram o homem à Sua imagem - HR, pág. 21

5 - O Pai e o Filho são Deus - HR, pág. 21; PP, pág. 36

Assim, não há dúvidas quanto a quem é o Pai e quem é o Filho. O Pai é Deus, e o Filho, que como o próprio nome diz é o Filho do Pai, é Deus. Resta-nos a pergunta, quem é a terceira pessoa do trio celestial, mencionada no texto de Special Testimonies Series B pág. 63, que acabamos de analisar? Faremos isto na próxima seção.

 

4 -“Third person of the Godhead”

O livro “O Desejado de Todas as Nações” possui um texto que nos ajuda a esclarecer este ponto. Apresentamo-lo abaixo:

Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira pessoa a [da / a partir da] Divindade, a qual viria, não como energia modificada, mas na plenitude do divino poder.” DTN, pág. 671

Obs. 1: Embora o texto do livro em português apresente o termo “Trindade”, o original em inglês traz o termo “Godhead”, cuja tradução correta é  “Divindade”. Por isso, colocamos o termo “Divindade” no texto acima.

Obs. 2: Os termos [da / a partir da] são as duas traduções possíveis do termo “of” existente no texto original, considerando-se a língua inglesa na época em que o texto foi escrito, por volta de 1890. Assim, a preposição “of” pode tanto ser traduzida como “da”, como também ser traduzida “a partir da”

Mais uma vez, vamos analisar com imparcialidade o texto, a fim de não extrairmos dele conclusões precipitadas. Dividiremos a frase em duas partes, para compreendermos seu significado:

1 - Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira pessoa a [da / a partir da] Divindade

Esta frase está comentando sobre a “terceira pessoa da Divindade”, ou “a partir da Divindade”. Assim, ela nos dá todas as evidências de estar tratando da mesma pessoa descrita no texto de Special Testimonies Series B, a terceira do trio celestial.

2 - a qual viria, não como energia modificada, mas na plenitude do divino poder.

Enquanto o texto anterior afirmava que esta pessoa era, ou representava um terceiro grande poder, o espírito Santo, o texto que estamos analisando afirma que esta pessoa viria na plenitude do divino poder. Perceba que o texto diz apenas isto. Não afirma se esta pessoa possui em si mesma a plenitude o divino poder, nem tampouco afirma que nela habita a plenitude do divino poder. Apenas afirma que esta pessoa viria na plenitude do divino poder. Assim, o texto acima não está afirmando que esta pessoa é um Deus, pois em um Deus habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Ex.: Cristo - ver Colossenses 2:9). Entender isto a partir do texto acima, significa ir além do que está escrito.

Analisando a seqüência do texto do livro Desejado de Todas as Nações que vimos a pouco, percebemos uma informação que nos deixará intrigados:

Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira pessoa a [da / a partir da] Divindade, a qual viria, não como energia modificada, mas na plenitude do divino poder. É o espírito que torna eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mundo. É por meio do espírito que o coração é purificado. Por Ele torna-se o crente participante da natureza divina. Cristo deu Seu espírito como um poder divino para vencer toda a tendência hereditária e cultivada para o mal, e gravar Seu próprio caráter em Sua igreja.” DTN, pág. 671

Primeiramente o texto nos afirma que ao pecado só se poderia resistir e vencer através da terceira pessoa “da Divindade” ou “a partir da Divindade”. Já vimos que esta pessoa é chamada de espírito Santo, segundo o texto de Special Testimonies Series B, pág. 63. Entretanto, a seqüência do texto afirma que “Cristo deu Seu espírito como um poder divino” para que os homens fiéis vencessem toda a influência do mal e tivessem gravado o caráter dEle em Seu coração. Perguntaríamos então: o que de fato habilita o homem a não mais pecar, ou vencer o pecado? É a terceira pessoa “da Divindade”, ou “a partir da Divindade”, ou é o espírito de Cristo? A terceira pessoa (que sabemos ser o espírito Santo) e o espírito de Cristo são a mesma coisa, ou entidade? Para responder cada uma destas perguntas, vamos analisar passo a passo o texto acima, procurando responda-las somente com o que está escrito. Para tanto, apresentamos novamente os trechos aparentemente controversos do texto acima:

a) Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira pessoa a [da / a partir da] Divindade

b) Cristo deu Seu espírito como um poder divino para vencer toda a tendência hereditária e cultivada para o mal

O trecho “a” do texto afirma que “só” se pode resistir e vencer o pecado pela operação da terceira pessoa. A palavra “só” indica singularidade, ou seja, algo exclusivo. Em outras palavras, quando o texto afirma que “só” se pode vencer o pecado por meio da terceira pessoa, isto significa que a terceira pessoa (o espírito Santo) é uma participante ativa no processo de ajuda divina para que o homem vença o pecado. O trecho “b” do texto afirma que Cristo deu Seu espírito como um poder divino para que o homem vença o pecado, a fim de que Seu caráter seja gravado em Sua igreja. Quando lemos “Cristo deu Seu espírito”, entendemos que Cristo deu algo que era seu, e não de outro. A Bíblia nos explica o que significa Cristo dar Seu espírito em João 20:22:

E havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o espírito Santo.

O espírito de profecia também apresenta uma passagem bem elucidativa, indicando o que é o espírito de Cristo:

Os que se levantaram com Jesus enviavam sua fé a Ele no santíssimo, e oravam: “Meu Pai, dá-nos o teu espírito.” Então Jesus assoprava sobre eles o espírito Santo. Neste sopro havia luz, poder e muito amor, gozo e paz.” Primeiros Escritos, pág. 55

Temos então uma definição clara do que é o espírito de Cristo. O espírito de Cristo é aquele que Ele “assopra” sobre os seus servos fiéis. Pelos dois textos que acabamos de ler, um da Bíblia e outro do espírito de Profecia, percebemos que Jesus não assoprava uma pessoa sobre os homens. Nem a Bíblia nem o espírito de Profecia mencionam que uma pessoa ou um fantasma saía da boca de Jesus e entrava dentro dos homens. O que saía da boca de Jesus era uma espécie de “vento”. Assim, percebemos claramente que o espírito de Cristo e a terceira pessoa “da Divindade” ou “a partir da Divindade” são coisas distintas. Entretanto, apesar de serem distintos, ambos têm a mesma função - capacitar o homem a vencer o pecado. Se o espírito de Cristo e a terceira pessoa não são a mesma coisa, mas possuem a mesma função, só podemos chegar a uma conclusão lógica que harmoniza estas duas afirmações: a de que os dois (o espírito de Cristo e a terceira pessoa) trabalham juntos, ou seja, se combinam, para o mesmo propósito - habilitar o homem a vencer o pecado.

Como eles (o espírito de Cristo e a terceira pessoa) se combinam?

Podemos compreender isto pela própria das duas afirmativas extraídas do texto do livro Desejado de Todas as Nações que vimos a pouco. A primeira afirma que “só” se pode resistir ao pecado mediante a operação da terceira pessoa “da Divindade” ou “a partir da Divindade”. A palavra “operação”, contida na afirmativa, significa que a terceira pessoa possui uma participação ativa neste processo, ou seja, é ela que opera para que o homem seja capacitado a vencer o pecado. A segunda afirmativa, por sua vez, demonstra uma ação que poderíamos nominar de “passiva”, uma vez que diz apenas que Cristo “deu” Seu espírito. Assim, enquanto a terceira pessoa é representada como um agente ativo, o espírito de Cristo é representado como agente por assim dizer “passivo”, que é concedido para que a terceira pessoa opere. Percebemos então o seguinte processo implícito:

- A terceira pessoa vem na plenitude do divino poder. Isto porque vem aos homens trazendo  o espírito de Cristo, como um poder divino. A Bíblia afirma que em Cristo habita, corporalmente, toda a “plenitude do divino poder”, a plenitude da Divindade:

...Cristo;  porquanto, nEle, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.” Colossenses 2:8,9

Em Cristo “habita” toda a plenitude da divindade. Assim, Seu espírito é a “plenitude do divino poder”, pois nele habita corporalmente a plenitude do divino poder. O texto do livro Desejado de Todas as Nações afirma que a terceira pessoa vem na plenitude do divino poder, mas não afirma que na terceira pessoa “habita” a plenitude do divino poder. Isto ocorre somente com Cristo. Percebemos então que, uma vez que não habita a plenitude do divino poder na terceira pessoa, ela precisa recebe-la de alguém para que possa vir à terra na plenitude do divino poder. De quem então ela recebe a plenitude do divino poder? Ela o recebe da pessoa na qual reside a plenitude do divino poder, ou seja, de Cristo. Ele envia o Seu espírito, que é a plenitude do divino poder, como um poder divino, através da terceira pessoa. Assim, de fato o homem só pode vencer o pecado através da poderosa operação da terceira pessoa, que vem na plenitude do divino poder, porque é ela quem traz o poder divino, contido no espírito de Cristo, que habilita o homem a vencer o pecado.

Perceba que o texto do livro o Desejado de Todas as Nações, que estamos analisando afirma que o homem pode vencer o pecado não através do poder da terceira pessoa, e sim através da operação da terceira pessoa, pois o homem só pode vencer o pecado através do poder de Cristo. Assim a “operação” da terceira pessoa é a ação de trazer o poder divino, o “espírito” que recebeu de Cristo para os homens.

Dentro do contexto que analisamos acima, temos dois elementos distintos, ou entidades, que intitulamos de espírito Santo. O primeiro é a “terceira pessoa da Divindade”, ou a partir da Divindade”. O segundo, é o espírito de Cristo, a plenitude do divino poder. Vamos agora procurar saber o que significa cada um destes dois elementos. Assim, o primeiro que procuraremos entender é:

 

4. 1 - O que é a “plenitude do poder divino”?

Já vimos, pelo estudo do texto do livro Desejado de Todas as Nações, pág. 671, que acabamos de fazer, que o espírito de Cristo é a plenitude do poder divino manifestada. O capítulo do livro no qual este texto está inserido está comentando sobre a vinda do “Consolador”, mencionado por Jesus em João 14:16. Assim, o “Consolador” corresponde à plenitude do poder divino, o Seu espírito que seria outorgado para os discípulos. Sobre o “Consolador”, o Salvador assim o disse:

Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco.

O termo da língua grega que dá origem à palavra “outro” na tradução para o português é “allos”. Allos significa “outro de mesma natureza”. Assim, em João 14:16, Jesus está afirmando que seria enviado um Consolador de natureza divina. Mas qual é a natureza divina? O profeta Samuel, ao conversar com Saul, referindo-se a Cristo, nos dá uma informação importante sobre este ponto:

Então, Samuel lhe disse: O Senhor rasgou, hoje, de ti o reino de Israel e o deu ao teu próximo, que é melhor do que tu.

Também a Glória de Israel não mente, nem se arrepende, porquanto não é homem, para que se arrependa.” 1 Samuel 15:29 

Samuel chama a Jesus, o filho de Deus de “Glória”.  O profeta Jeremias faz o mesmo em seu livro:

Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto que não eram deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito.” Jeremias 2:11

Ezequiel, ao ver Jesus em seu estado divino, chamou-o de “glória do Senhor”:

Então, se levantou a glória do SENHOR de sobre o querubim, indo para a entrada da casa; a casa encheu-se da nuvem, e o átrio, da resplandecência da glória do SENHOR.” Ezequiel 10:4 

E eis que, do caminho do oriente, vinha a glória do Deus de Israel; a sua voz era como o ruído de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória.” Ezequiel 43:2 

Ezequiel diz que a voz da glória era como a voz de muitas águas, a mesma expressão utilizada pelo apóstolo João para descrever a voz de Jesus quando glorificado:

os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas.” Apocalipse 1:15

Assim, percebemos claramente que, segundo a Bíblia, Jesus é a própria Glória, tanto que é inclusive chamado de Glória em diversos versículos. Por isso sua glória era vista quando Sua presença adentrava o santuário:

Tendo Salomão acabado de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a glória do SENHOR encheu a casa.

Os sacerdotes não podiam entrar na Casa do SENHOR, porque a glória do SENHOR tinha enchido a Casa do SENHOR.

Todos os filhos de Israel, vendo descer o fogo e a glória do SENHOR sobre a casa, se encurvaram com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram, e louvaram o SENHOR, porque é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre.” II Crônicas 7:1-3

Por ser Glória, Jesus é também chamado de o “Rei da Glória” e o “Deus da Glória”:

Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória.

Quem é esse Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória.”   Salmos 24:9,10

Ouve-se a voz do SENHOR sobre as águas; troveja o Deus da glória; o SENHOR está sobre as muitas águas.

A voz do SENHOR faz dar cria às corças e desnuda os bosques; e no seu templo tudo diz: Glória!” Salmos 29:3,9

Assim, se há algum termo que represente a natureza divina, este termo chama-se glória:

e cantarão os caminhos do SENHOR, pois grande é a glória do SENHOR.” Salmos 138:5

Se Jesus, o Deus Filho, é Glória, o Deus Pai também o é, pois Ele afirmou: “Eu e meu Pai somos um.” João 10:30. Deus Pai é o Deus da glória, pois a própria Bíblia o chama de Glória, em II Pedro 1:17:

Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” II Pedro 1:16,17

Sabemos que foi Deus, o Pai, quem enviou a voz dizendo “Este é meu Filho amado em quem me comprazo.” Pedro afirma que a Glória Excelsa foi quem enviou a voz, chamando portanto o Pai de Glória Excelsa. Foi o Deus Pai, a Glória Excelsa, quem deu a glória a Jesus Cristo, segundo o Filho mesmo afirma:

e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo. ...

Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; ...

Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo.” João 17: 5, 22, 24

Se o termo que define a natureza do Pai e do Filho é a “glória”, o “Consolador”, o espírito Santo, mencionado por Jesus, por ser de natureza divina, deveria então estar relacionado com a glória. Jesus disse que o “Consolador” procederia do Pai:

Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim;” João 15:26

O Consolador é o espírito da Verdade, que procederia do Pai. O termo “procede” encontrado neste verso é a tradução do termo grego “ekporeuomai”, que significa “vir de dentro”. Este mesmo termo aparece em Mateus 4:4, onde Jesus diz: “nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede [ekporeuomai] da boca de Deus.” Assim como a palavra sai de “dentro” do ser, o “Consolador” sai de “dentro” do Pai, conforme explica Jesus. Ora, se o Pai é o Deus da Glória, o que sairá de dentro dEle? A própria Glória. Assim, o “Consolador”, o espírito da Verdade, realmente é da mesma natureza de Jesus, pois procede do Pai (que é Glória), e portanto é  a Glória. É da mesma natureza de Jesus, pois Jesus é Glória. Não é um ser separado de Jesus, pois sai de dentro do próprio Pai, sendo portanto algo inerente ao Pai, ou seja, um atributo do Pai a ser concedido.

O conceito acima apresentado (“Consolador”, espírito da Verdade = Glória) fica mais claro ao estudarmos o batismo de Jesus. Após o batismo, Mateus menciona o seguinte:

Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele.” Mateus 3:16

O texto é claro em afirmar que o espírito de Deus desceu sobre Jesus na forma de uma pomba. Este espírito é o mesmo “Consolador” mencionado em João 14:16, pois vem da mesma fonte (Deus Pai). Vejamos então como o espírito de Profecia descreve este evento:

Ao sair da água, Jesus se inclinou em oração à margem do rio. ... O olhar do Salvador parece penetrar o Céu ao derramar a alma em oração. ... Suplica ao Pai poder para vencer a incredulidade deles, quebrar as cadeias com que Satanás os escravizou, e derrotar, em seu benefício, o destruidor. Pede o testemunho de que Deus aceite a humanidade na pessoa de Seu Filho.

         Nunca dantes os anjos haviam ouvido tal oração. Anseiam trazer a Seu amado Capitão uma mensagem de certeza e conforto. Mas não; o próprio Pai responderá à petição do Filho. Diretamente do trono são enviados os raios de Sua glória. Abrem-se os céus, e sobre a cabeça do Salvador desce a forma de uma pomba da mais pura luz - fiel emblema dEle, o Manso e Humilde. ...

João ficara profundamente comovido ao ver Jesus curvado como suplicante, rogando com lágrimas a aprovação do Pai. Ao ser Ele envolto na glória de Deus, e ouvir-se a voz do Céu, reconheceu o Batista o sinal que lhe fora prometido por Deus.” DTN, págs. 111, 112

Satanás com toda a sua sinagoga - pois Satanás professa ser religioso - determinaram que Cristo não devia executar os conselhos do Céu. Depois de Cristo ser batizado, curvou-Se nas margens do Jordão; e nunca antes ouvira o Céu tal oração como a que saiu de Seus lábios divinos. Cristo tomou sobre Si nossa natureza. A glória de Deus, em forma de uma pomba de ouro polido, pousou por sobre Ele e, da infinita glória, foram ouvidas estas palavras: "Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo." Mat. 3:17.” Temperança. pág. 284

Enquanto o texto bíblico afirma que o espírito Santo veio sobre Jesus na forma de uma pomba, o espírito de Profecia deixa claro que esta pomba era feita da mais pura luz, esta composta por raios da glória do Pai. A seqüência do texto confirma que João Batista viu a Glória de Deus envolvendo a Jesus

O agente “Consolador”, de natureza divina, que age como regenerador no processo de santificação do homem, é a própria glória do Pai. Através da ação da glória, o homem é conduzido pelo caminho da santificação até a terminação do trabalho da graça na alma, que é chamada de “glorificação”. O próprio termo “glorificação” significa “ser elevado à glória celestial”. Assim, o espírito Santo é a própria glória que conduz à santificação e à glorificação, que representa o final do processo de santificação. Temos um exemplo bem claro disto no espírito de Profecia, quando este menciona a glorificação dos 144.000 ao final do tempo de angústia:

Ao declarar Deus a hora, verteu sobre nós o espírito Santo, e nosso rosto brilhou com o esplendor da glória de Deus, como aconteceu com Moisés, na descida do monte Sinai.” Primeiros Escritos, pág. 15

Assim, a partir do momento em que o homem aceita a Jesus como seu Salvador e é por Ele justificado, passa a receber mais e mais da glória (espírito de Deus) durante o processo de santificação, até que este seja glorificado, terminando-se assim o trabalho de santificação pela glória (espírito) de Deus. O apóstolo Paulo explica este processo de maneira bem detalhada:

E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o espírito.” 2 Coríntios 3:18 

No texto acima, Paulo afirmou que, durante o processo de santificação, nós vamos contemplando a glória de Deus como por espelho. Nós não podemos receber diretamente a plenitude da glória de Deus, pois então seríamos fulminados, uma vez que a glória de Deus é como fogo consumidor:

O aspecto da glória do SENHOR era como um fogo consumidor no cimo do monte, aos olhos dos filhos de Israel.” Êxodo 24:17 

Assim, precisamos receber esta glória não em sua plenitude, mas como por um espelho, para que a possamos suportar. Recebemos uma medida da glória (espírito) de Deus, que nos abre o entendimento para compreendermos melhor a verdade e andarmos nela. Ao andarmos na verdade que passamos a compreender, ser-nos-á concedida mais glória (mais uma porção do espírito), e desta forma vamos sendo transformados de glória em glória, na imagem e semelhança de Jesus, o Senhor.

Jesus, quando estava vivendo na Terra como homem, pediu a Deus que o glorificasse, isto pouco antes de Sua crucifixão:

Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, ...

e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.” João 17: 1, 5

Como entendemos que o “Consolador” , o espírito Santo da promessa é a própria glória, percebemos que, ao Jesus pedir ao Pai que o glorificasse, estava pedindo que o Pai lhe concedesse a promessa do espírito Santo (que é a glória). A Bíblia afirma que Deus atendeu a oração de Seu Filho. Analise os seguintes textos:

A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.

Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.” Atos 2:32, 33

Cristo, ... que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus.” I Pedro 1: 19-21

Enquanto o texto de Atos mostra que Deus atendeu a oração de Jesus, dando-lhe o espírito Santo, o texto de Pedro afirma que o que Jesus recebeu a glória, confirmando mais uma vez ser o espírito Santo “Consolador” a glória. Ainda sobre o texto de Atos, verificamos que Jesus recebeu o espírito Santo (glória) do Pai, e enviou para os discípulos. Assim, os discípulos receberam uma porção especial da glória do Pai, por ocasião do Pentecostes. Percebemos que esta também era a glória do Filho, pois primeiramente Ele a recebeu para que depois a enviasse em grande medida.

Entendemos, portanto, que o espírito de Cristo, mencionado no texto do livro “O Desejado de Todas as Nações, pág. 671”, que vimos a pouco, que seria dado aos discípulos após a Sua ascensão como agente regenerador e capacitador para que o homem vencesse o pecado, era a Sua própria glória. Esta era a Glória que Ele receberia do Pai após sua ascensão. Tendo recebido esta glória, enviou-a em especial medida para os discípulos. Uma vez que a plenitude do poder divino é o espírito de Cristo, como vimos no início desta seção, temos que a plenitude do poder divino representa a plenitude da própria glória de Cristo. Assim, quando o texto afirma que a terceira pessoa viria na plenitude do divino poder, isto significa que esta pessoa receberia a plenitude do poder de Cristo e o derramaria sobre os discípulos. Deste modo, o processo para a outorga do espírito aos discípulos descrito no livro “O Desejado de Todas as Nações, pág. 671” pode ser exemplificado da seguinte forma:

1 - O Pai, atendendo a oração de Jesus, dá glória ao Seu Filho (o glorifica - ver I Ped. 1:21);

2 - Jesus, tendo recebido a promessa do Pai, concede a plenitude de Sua glória, que é o Seu espírito, à terceira pessoa (Atos 2:32, 33; DTN pág. 671);

3 - Mediante a operação da terceira pessoa, a glória é concedida aos discípulos (DTN pág. 671), na medida do que estes podem suportar (II Cor. 3:18).

Obs.: Estudaremos quem é a terceira pessoa na próxima seção.

Com base no que vimos até aqui, percebemos que realmente o “Consolador” já habitava com os discípulos, quando Jesus afirmou em João 14:17: “ele habita convosco”. Isto porque uma porção pequena da glória (espírito) de Deus já estava com eles. Deus já a havia concedido, principalmente por ocasião da grande comissão, quando Jesus designou setenta para que o precedessem nos lugares por onde Ele iria passar (ver Lucas 10:1. 17-19). Compreendemos também porque Jesus afirmou que se Ele não fosse, o “Consolador” não viria (João 16:7). Enquanto Jesus não fosse ao Céu, não seria glorificado pelo Pai, e não poderia portanto enviar a glória, através da terceira pessoa, para os discípulos.

 

4.2 - O que está contido na glória (espírito) de Deus

O espírito de Profecia menciona alguns elementos que estão contidos na glória (espírito) de Deus. Leiamos o texto:

Os que se levantaram com Jesus enviavam sua fé a Ee no santíssimo, e oravam: “Meu Pai, dá-nos Teu espírito.” Então Jesus assoprava sobre eles o espírito Santo. Neste sopro havia luz, poder e muito amor, gozo e paz.” Primeiros Escritos, pág. 55

Vemos aqui cinco elementos explícitos contidos na glória (espírito) de Deus, que Jesus assopra sobre os santos:

- Luz; Poder; Amor; Gozo e Paz.

 

1 - Luz

O fato de a glória, que é o “Consolador”, conter muita luz explica o texto de João 14:26:

mas o Consolador, o espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” João 14:26

Sem a iluminação divina, não podemos lembrar as palavras de esperança e conforto uma vez pronunciadas pelo Salvador e expressas em Sua Palavra, e nem compreender as verdades bíblicas. À medida que vamos recebendo glória, vamos compreendendo mais e mais as verdades bíblicas. Por isto vamos crescendo de “glória” em “glória”, espiritualmente (II Cor. 3:18). Também é a iluminação proporcionada pela glória de Cristo (o espírito Consolador) que capacita os homens a compreender o amor de Deus. Sobre o “Consolador”, Ellen G. White afirma o seguinte:

”Aquele Consolador, o espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, Esse vos ensinará todas as coisas.” Não haveis mais de dizer: Não posso compreender. Não vereis por um espelho, imperfeitamente. Sereis capazes “de compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento”.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 670

O texto acima afirma que, através da luz trazida pela glória, o espírito Santo, o homem seria habilitado a compreender o amor de Cristo, que excede todo o entendimento. Este processo está bem descrito na carta de Paulo aos Efésios:

Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, ... para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.” Efésios 3:14, 16-19

    Paulo descreve com precisão o processo de operação do espírito Santo. Primeiramente, ele pede ao Pai para que os efésios sejam fortalecidos com poder segundo a glória de Deus. Como a glória traz consigo o poder, Paulo pede ao Pai para que os efésios recebam a glória, que é o espírito, e ela esteja no interior deles. Estando a glória no interior deles, o poder naturalmente também o estará. Em seguida, Paulo afirma que é desta forma que Cristo habita no coração: assim, habite Cristo no vosso coração pela fé. Mediante a iluminação trazida pela glória (espírito), os efésios seriam capacitados  a compreender qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo.

 

2 - Poder

Uma vez que a glória de Jesus contém também poder, podemos entender com facilidade o textos como os seguintes:

como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele;” Atos 10:38

mas recebereis poder, ao descer sobre vós o espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.”

Atos 1:8

Quando Deus deu a Jesus Cristo a glória, após Ele ascender ao Céu, junto com ela também foi outorgado o poder, porque a glória também contém poder. Sabemos que Jesus recebeu todo o poder após ascender ao Céu, pois Ele mesmo afirmou isto aos discípulos:

Então Jesus chegou perto deles disse: Deus deu-me todo o poder no Céu e na Terra.” Mateus 28:18

 

3 - Amo

A Bíblia afirma que Deus é amor:

E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.” I João 4:16 

“Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.” 1 João 4:8 

Mas o fruto do espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,” Gálatas 5:22 

Como a glória contém também amor, uma vez que Deus é glória Ele também é amor. Além disso, o amor é apresentado como um dos frutos do espírito.  Uma vez que o espírito é a glória, e o amor é um dos atributos da glória, temos mais uma vez a confirmação de que o “Consolador”, o espírito, é a glória.

 

4 - Gozo

Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no espírito Santo.” Romanos 14:17 

Mas o fruto do espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,” Gálatas 5:22 

Uma vez que o “Consolador”, o espírito Santo, é a glória, e esta contém alegria, é claro que aqueles que a recebem sentirão alegria. É por isso que ela é um dos frutos do espírito.

 

5 - Paz

glória, porém, e honra, e paz a todo aquele que pratica o bem, ao judeu primeiro e também ao grego. Romanos 2:10 

O texto que vimos acima afirma que quem recebe a glória recebe também a paz. Uma vez que a glória é o espírito, quem recebe também a paz. A Bíblia confirma isto em várias passagens. Apresentamos abaixo apenas algumas delas:

Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do espírito, para a vida e paz.” Romanos 8:6 

Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no espírito Santo.” Romanos 14:17 

Por fim, como a glória carrega também a paz, um dos frutos que ela produz naqueles que a recebem é a paz:

Mas o fruto do espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade.” Gálatas 5:22 

O conceito de que o “Consolador”, o espírito Santo da promessa, é a glória de Jesus, que lhe foi outorgada pelo Pai, transmitida aos homens, parece ter sido entendido por Ellen G. White ao lermos uma série de seus testemunhos. Apresentamos a seguir um que parece deixar claro que ela compreendeu este conceito:

Por meio de Cristo deveria cumprir-se o propósito de que era um símbolo o tabernáculo - aquela construção gloriosa, com suas paredes de ouro luzente refletindo em matizes do arco-íris as cortinas bordadas com querubins; a fragrância do incenso, sempre a queimar, a invadir tudo; os sacerdotes vestidos de branco imaculado; e no profundo mistério do compartimento interior, acima do propiciatório, entre as figuras de anjos prostrados em adoração, a glória do Santíssimo. Em tudo Deus desejava que Seu povo lesse o propósito para com a alma humana. Era o mesmo propósito muito mais tarde apresentado pelo apóstolo Paulo, falando pelo espírito Santo:

“Não sabeis vós que sois templo de Deus e que o espírito de Deus habita em vós?” I Cor. 3:16” A Verdade Sobre os Anjos, pág. 101

Ela faz neste texto um comparativo de glória de Jesus, o Shekiná, que habitava no lugar Santíssimo do santuário terrestre, com homem como sendo o templo de Deus, onde também deve habitar a glória divina. Ainda no mesmo texto, ela afirma que era exatamente este comparativo que Paulo estava fazendo ao dizer que o espírito de Deus habita em nós.

Parece também que ela entendia o conceito de o espírito de Cristo ser a Sua própria glória imputada passo a passo no homem ao mencionar reiteradas vezes o espírito Santo “Consolador”, como sendo o espírito de Cristo. Citamos como exemplo um texto onde ela deixa transparecer isto:

Cristo presente com os crentes pelo espírito Santo - “E eu rogarei ao Pai, e Ele dará a vocês outro Consolador, que estará sempre convosco; o espírito da verdade; o qual o mundo não pode receber, porque não o viu, nem o conhece: mas vós o conheceis; porque Ele habita em vós, e estará em vós” [João 14:16,17]. Cristo estava para partir para Seu lar nas cortes celestiais. Mas Ele garantiu aos Seus discípulos que Ele enviaria para Eles outro Consolador, que estaria com eles para sempre. Todos os crentes em Cristo poderiam confiar implicitamente na guia deste Consolador. Ele é o espírito da verdade, mas esta verdade o mundo não pode discernir nem receber. Antes de os deixar, Cristo deu aos Seus seguidores uma promessa positiva de que após a Sua ascensão Ele iria enviar para Eles o espírito Santo. “Portanto ide,” Ele disse, “e ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai [um Deus pessoal] e do Filho [um Salvador pessoal], e do espírito Santo [enviado do Céu para representar a Cristo]: ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado: e eis que Estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” [Mat. 28:19, 20]. Cita João 14:26-28.] Esta garantia positiva foi dada para os discípulos, para ser dada a todos que crêem nEle até ao final da história terrestre. Cristo queria que Seus discípulos entendessem que Ele não os deixaria órfãos. “Não os deixarei desamparados,” Ele declarou; “Voltarei para vós. Ainda um pouco, e o mundo não Me verá mais; mas vós me vereis: porque eu vivo, vós também vivereis” [versos 18 e 19]. Uma preciosa, gloriosa garantia de vida eterna! Mesmo estando Ele para Se ausentar, sua relação com Ele era para ser como a de uma criança com seu pai. A influência do espírito Santo é a vida de Cristo na alma. Nós não vemos Cristo e falamos com Ele, mas Seu espírito está tão perto de nós em um lugar como em outro. Aqueles nos quais habita o espírito revelam os frutos do espírito - amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé,” - Manuscript Releases, Vol. 12, pág. 260; MS. 41, 1897, pp. 7-11 (“Words of Confort”). White Estate Washington, D.C. March 31, 1983

Perceba que no texto acima ela comenta o “Consolador”, o espírito Santo da promessa, afirma ser este o mesmo da fórmula batismal de Mateus 28:19, e diz que este é o espírito de Cristo. Em verdade, à luz do que já conhecemos, percebemos que ela está se referindo neste texto à gloria de Cristo, que é o espírito Santo da promessa, e não à terceira pessoa, que efetua a operação de levar esta glória aos homens. Quando a glória de Cristo chega até os homens, isto vale pela Sua própria presença, uma vez que Cristo mesmo é glória (I Samuel 15: 29, Ezequiel 43: 2). Compreendendo isto, percebemos que não há qualquer mal em se denominar Cristo como sendo o próprio espírito Santo, uma vez que ambos são glória. É neste sentido que a Bíblia chama Jesus de espírito Santo em Atos 20:28:

Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.” Atos 20:28 

 

4.3 - O homem tomado de “toda a plenitude de Deus”

É a iluminação proporcionada pela glória de Cristo (o espírito Consolador) que capacita os homens a compreender o amor de Deus. Sobre o “Consolador”, Ellen G. White afirma o seguinte:

Aquele Consolador, o espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, Esse vos ensinará todas as coisas.” Não haveis mais de dizer: Não posso compreender. Não vereis por um espelho, imperfeitamente. Sereis capazes “de compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento”. O Desejado de Todas as Nações, pág. 670

O texto acima afirma que, através da luz trazida pela glória, o espírito Santo, o homem seria habilitado a compreender o amor de Cristo, que excede todo o entendimento. Este processo está bem descrito na carta de Paulo aos Efésios:

Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, ... para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.” Efésios 3:14, 16-19

    Paulo descreve com precisão o processo de operação do espírito Santo. Primeiramente, ele pede ao Pai para que os efésios sejam fortalecidos com poder segundo a glória de Deus. Como a glória traz consigo o poder, Paulo pede ao Pai para que os efésios recebam a glória, que é o espírito, e ela esteja no interior deles. Estando a glória no interior deles, o poder naturalmente também o estará.

Em seguida, Paulo afirma que é desta forma que Cristo habita no coração: assim, habite Cristo no vosso coração pela fé. Mediante a iluminação trazida pela glória (espírito), os efésios seriam capacitados  a compreender qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo.

Por fim, Paulo afirma que é através da glória de Cristo imputada aos crentes efésios que eles seriam tomados de toda a plenitude de Deus. Perceba que esta é a mesma expressão que aparece no texto do livro “O Desejado de Todas as Nações”, pág. 671. O texto do livro sugere que a terceira pessoa vem na plenitude do divino poder. Assim, mediante a operação da terceira pessoa, a plenitude do divino poder, que sabemos ser a plenitude da glória de Cristo, é comunicada aos homens, a fim de que eles sejam tomados  de toda a plenitude de Deus, como afirma o texto de Efésios 3:19.

 

4.4 - Terceira pessoa “da” Divindade ou “a partir” da Divindade?

Para concluirmos a análise das duas afirmativas do texto extraído do livro “O Desejado de Todas as Nações”, pág. 671, teríamos que compreender o seguinte: qual é o entendimento correto: “terceira pessoa da Divindade, ou “terceira pessoa a partir da Divindade”?

Para relembrarmos dele, vamos lê-lo novamente:

Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira pessoa a [da / a partir da] Divindade, a qual viria, não como energia modificada, mas na plenitude do divino poder. É o espírito que torna eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mundo. É por meio do espírito que o coração é purificado. Por Ele torna-se o crente participante da natureza divina. Cristo deu Seu espírito como um poder divino para vencer toda a tendência hereditária e cultivada para o mal, e gravar Seu próprio caráter em Sua igreja.” DTN, pág. 671

Já estudamos, neste material, que  este texto apresenta dois agentes que capacitam o homem a resistir o pecado: a terceira pessoa e o espírito de Cristo. na seção anterior, vimos que o espírito de Cristo é a Sua glória, e representa a plenitude do Seu poder que é comunicada aos homens mediante a operação da terceira pessoa. Vimos também que este processo se processa da seguinte forma:

1 - O Pai, atendendo a oração de Jesus, dá glória ao Seu Filho (o glorifica - ver I Ped. 1:21);

2 - Jesus, tendo recebido a promessa do Pai, concede a plenitude de Sua glória, que é o Seu espírito, à terceira pessoa (Atos 2:32, 33; DTN pág. 671);

3 - Mediante a operação da terceira pessoa, a glória é concedida aos discípulos (DTN pág. 671), na medida do que estes podem suportar (II Cor. 3:18).

Pela análise do processo, percebemos que a terceira pessoa recebe a plenitude do poder divino de Cristo e o comunica para os homens. Resta-nos agora responder dois questionamentos:

a) Quem é a terceira pessoa? A tradução correta do texto será “terceira pessoa da Divindade”, ou “terceira pessoa a partir da Divindade”?

b) Como se processa a operação da terceira pessoa, ou seja, como ela recebe a plenitude do poder divino de Cristo e o outorga aos homens?

A fim de facilitar a didática de nosso estudo, iremos responder uma pergunta de cada vez. Assim, primeiramente, responderemos à primeira pergunta:

a) Quem é a terceira pessoa? A tradução correta do texto será “terceira pessoa da Divindade”, ou “terceira pessoa a partir da Divindade”?

Para responder isto, analisemos primeiramente os textos onde Ellen G. White apresenta o termo “third person of Godhead”, que pode tanto ser traduzido como “terceira pessoa a partir da Divindade” como “terceira pessoa da Divindade”. O primeiro texto que trazemos a lume é o próprio texto extraído do livro “O Desejado de Todas as Nações”, pág. 671, que estamos analisando:

Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira pessoa a [da / a partir da] Divindade, a qual viria, não como energia modificada, mas na plenitude do divino poder.” DTN, pág. 671

Obs. 1: Embora o texto do livro em português apresente o termo “Trindade”, o original em inglês traz o termo “Godhead”, cuja tradução correta é  “Divindade”. Por isso, colocamos o termo “Divindade” no texto acima.

Obs. 2: Os termos [da / a partir da] são as duas traduções possíveis do termo “of” existente no texto original, considerando-se a língua inglesa na época em que o texto foi escrito, por volta de 1890. Assim, a preposição “of” pode tanto ser traduzida como “da”, como também ser traduzida “a partir da”

Uma vez que este texto foi analisado na primeira seção deste material, apresentamos novamente o que foi visto de forma um pouco mais resumida, apenas para lembrar a você do que já foi visto. Dividimos a frase em duas partes, para compreendermos seu significado:

1 - Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira pessoa a [da / a partir da] Divindade

Esta frase está comentando sobre a “terceira pessoa da Divindade”, ou “a partir da Divindade”. Assim, ela nos dá todas as evidências de estar tratando da mesma pessoa descrita no texto de Special Testimonies Series B, analisado na seção 1, a terceira do trio celestial.

2 - a qual viria, não como energia modificada, mas na plenitude do divino poder.

Enquanto o texto anterior afirmava que esta pessoa era, ou representava um terceiro grande poder, o espírito Santo, o texto que estamos analisando afirma que esta pessoa viria na plenitude do divino poder. Perceba que o texto diz apenas isto. Não afirma se esta pessoa possui em si mesma a plenitude o divino poder, nem tampouco afirma que nela habita a plenitude do divino poder. Apenas afirma que esta pessoa viria na plenitude do divino poder. Assim, o texto acima não está afirmando que esta pessoa é um Deus, pois em um Deus habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Ex.: Cristo - ver Colossenses 2:9). Entender isto a partir do texto acima, significa ir além do que está escrito.

Outro textos do espírito de Profecia que dissertam sobre a terceira pessoa, nos dão um pouco mais de informações e podem contribuir no processo de identificá-la. Apresentamos abaixo alguns deles:

Cumpre-nos cooperar com os três poderes mais altos no Céu - o Pai, o Filho e o espírito Santo - e esses três poderes operarão por meio de nós, fazendo-nos coobreiros de Deus. Special Testimonies, Series B, Nº 7, pág. 51 (1905) / Evangelismo, pág. 61

Até o momento, pelos textos que analisamos, obtivemos as seguintes informações sobre a “terceira pessoa a partir da Divindade” ou “terceira pessoa da Divindade”:

-É uma pessoa (DTN pág. 671);

-É um grande poder (Special Test. Series B Nº7, pág. 63; Ev. Pág. 617)

-É um dos três poderes mais altos do Céu (Special Test. Series B. Nº 7, pág. 51 / Ev. 617)

Para compreendermos quem é a terceira pessoa, vamos pesquisar as informações que possuímos na Bíblia e no espírito de Profecia sobre a origem dos seres desde os tempos mais remotos, para identificarmos se a terceira pessoa teve alguma origem, e se teve, quando surgiu e quem ela é. Está claro para nós que, se existe uma “terceira pessoa da Divindade”, ou “terceira pessoa a partir da Divindade”, também existe uma segunda pessoa da Divindade e uma primeira pessoa da Divindade.

Biblicamente falando, e também como  já vimos no início deste material, inquestionavelmente reconhecemos ser Deus, o Pai, a primeira pessoa da Divindade, ou a partir da Divindade, aquele de quem são todas as coisas, tal como nos coloca o texto de I Coríntios 8:6:

todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.

A Bíblia também nos mostra uma segunda pessoa da Divindade, ou a partir da Divindade, pelo qual são todas as coisas, na qual habita a plenitude da Divindade, porque ao Deus Pai, a primeira pessoa, aprouve que nela residisse a plenitude:

“...e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.”       I Coríntios 8:6

Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.” Colossenses 2:8,9

porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude Colossenses 1:19 

Assim, Cristo é, sem dúvida, a segunda pessoa “da Divindade”, ou “a partir da Divindade”. 

Ao pesquisarmos o espírito de Profecia, no que tange aos seres existentes desde os primórdios da eternidade, percebemos que nestes escritos há informações bastante pertinentes ao nosso objetivo - definir quem é a terceira pessoa, mencionada por Ellen G. White na passagem do livro “Desejado de Todas as Nações”, pág. 671, que estamos analisando. Trazemos a seguir ao lume as citações mais esclarecedoras que encontramos.

 

a.1) O Princípio

"Deus é amor." Sua natureza, Sua lei, são amor. Assim sempre foi; assim sempre será. "O Alto e o Sublime, que habita na eternidade", "cujos caminhos são eternos", não muda. NEle "não há mudança nem sombra de variação."...

O Soberano do Universo não estava só em Sua obra de beneficência. Tinha um companheiro - um cooperador que poderia apreciar Seus propósitos, e participar de Sua alegria ao dar felicidade aos seres criados. "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus." João 1:1 e 2. Cristo, o Verbo, o Unigênito de Deus, era um com o eterno Pai - um em natureza, caráter, propósito - o único ser que poderia penetrar em todos os conselhos e propósitos de Deus.” Patriarcas e Profetas, págs. 33, 34

O texto acima nos mostra como foi o princípio de tudo. No princípio da eternidade, havia Deus o Pai, e Jesus o Filho. Segundo o texto acima, Jesus, o Filho, era um em natureza, caráter e propósito com o Pai. O texto afirma também que Jesus era o único ser que possuía esta prerrogativa. Assim, no princípio de tudo, haviam apenas dois seres, Deus e Jesus. Outro texto do espírito de Profecia coloca isto de forma bem clara:

Antes que os homens ou anjos fossem criados, “o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. João 1:1.” A Verdade Sobre os Anjos, pág. 23

 

a.2) Quem veio à existência depois de Deus e Cristo?

Vimos, pelos textos do espírito de Profecia acima apresentados, que no princípio haviam dois seres, Deus e Jesus Cristo - a primeira e segunda pessoas “da”, ou “a partir da” Divindade. Após isto, a primeira referência que a mensageira nos dá quanto à existência de outros seres aparece no relato da criação das inteligências celestiais, os anjos:

O Pai operou por Seu Filho na criação de todos os seres celestiais. "NEle foram criadas todas as coisas, ... sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por Ele e para Ele." Col. 1:16. Os anjos são ministros de Deus, radiantes pela luz que sempre flui de Sua presença, e rápidos no vôo para executarem Sua vontade. Mas o Filho, o Ungido de Deus, "a expressa imagem de Sua pessoa", o "resplendor da Sua glória", "sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder", tem a supremacia sobre todos eles.” Patriarcas e Profetas, pág. 34

Quando o Senhor criou esses seres [angélicos] parar estarem diante de Seu trono, eram eles belos e gloriosos. Sua amabilidade e santidade equivaliam a sua exaltada posição. Estavam investidos da sabedoria de Deus e cingidos com a armadura celestial.” A Verdade Sobre os Anjos, pág. 26

Segundo os textos que vimos acima, após o Pai e o Filho, foram criados os seres celestiais, os anjos. Estes foram “investidos da sabedoria de Deus e cingidos com a armadura celestial”, o que demonstra sua exaltada posição. Entre os anjos que foram criados, um foi exaltado para ser o líder de todas as inteligências celestiais:

Deus o fez [a Lúcifer] bom e formoso, tão semelhante quanto possível a Si próprio” A Verdade Sobre os Anjos, pág. 26

Deus o havia feito [a Lúcifer] nobre, havendo-lhe outorgado ricos dotes. Concedeu-lhe elevada posição de responsabilidade. Nada lhe pediu que não fosse razoável. Deveria ele administrar o cargo que Deus lhe atribuíra, num espírito de mansidão e devoção, buscando promover a exaltação de Deus, o qual lhe dera glória, beleza e encanto.” A Verdade Sobre os Anjos, págs. 26 e 27

Lúcifer, no Céu, antes de sua rebelião foi um elevado e exaltado anjo, o primeiro em honra depois do amado Filho de Deus.” A Verdade Sobre os Anjos, pág. 27

Lúcifer, o "filho da alva", sobrepujando em glória a todos os anjos que rodeavam o trono, ... [estava] ligado pelos mais íntimos laços ao Filho de Deus.” A Verdade Sobre os Anjos, pág. 28

Lúcifer foi criado como o primeiro dos anjos, tão semelhante quanto possível à Deus. Ele era o primeiro logo abaixo de Cristo, antes de Sua queda. Entretanto, ele não era Deus. Ele era um ser criado, pois fora criado por Deus. Assim, por ser era criado, ele não fazia parte da Divindade, pois não era Deus. O texto abaixo confirma exatamente o que concluímos até aqui:

Lúcifer era o querubim cobridor, o mais exaltado dentre os seres criados. Sua posição era a mais próxima do trono de Deus,” A Verdade Sobre os Anjos, pág. 28

Perceba pelo texto que Lúcifer, além de ser o mais exaltado dentre os seres criados, era o mais próximo do trono de Deus. Assim, com facilidade podemos entender que no Céu haviam três pessoas, necessariamente nesta ordem de importância: Deus o Pai, Deus o Filho - Jesus Cristo, e Lúcifer, o primeiro dos seres criados, querubim cobridor que estava mais próximo do trono. Todos os outros seres do universo estavam abaixo destes três seres em hierarquia. Teríamos então a seguinte estruturação de pessoas, a partir da Divindade, antes da queda de Lúcifer:

    -1ª pessoa a partir da Divindade: Deus Pai, que é Deus;

    -2ª pessoa a partir da Divindade: Jesus Cristo, que é Deus;

    -3ª pessoa a partir da Divindade: Lúcifer, que não é Deus.

Cientes disso, podemos responder com segurança qual é o entendimento e a tradução correta do termo “third person of the Godhead”, que aparece reiteradas vezes nos escritos de Ellen G. White. Como vimos anteriormente, há dois entendimentos possíveis quanto a esta expressão:

    -“terceira pessoa da Divindade”;

    -“terceira pessoa a partir da Divindade”.

Acabamos de perceber, pela análise dos textos do espírito de Profecia, que haviam dois seres que eram e são Deus - o Pai e Jesus Cristo, e logo abaixo deles, mais próximo do trono estava um ser que era em importância o primeiro depois de Cristo - Lúcifer, querubim cobridor, um ser criado, que não era Deus. Assim, no princípio, haviam dois seres que são Deus e um terceiro que não é Deus. Não havia três Deuses. Se não havia três Deuses já naquele tempo, não haveria depois daquele tempo. Isto porque um dos atributos divinos é a eternidade, e uma vez que já existiam seres criados (os anjos), não haveria como “aparecer” um terceiro Deus que fosse eterno após eles terem sido criados, que substituiria eventualmente a posição de Lúcifer. Desta forma, vemos que só há uma maneira de entender o termo “third person of the Godhead” escrito diversas vezes por Ellen G. White, e esta é:

 

“TERCEIRA PESSOA A PARTIR DA DIVINDADE”.

Só podemos entender desta maneira este texto, porque se aceitássemos o entendimento “terceira pessoa da Divindade”, estaríamos admitindo que há um terceiro Deus, o que vimos não ser verdade pelos textos do espírito de Profecia que analisamos a pouco. Os textos afirmam claramente haverem dois seres que são Deus: Deus Pai e Jesus Cristo, e o terceiro ser em importância no universo já não era um Deus, mas sim um anjo criado.  Um anjo criado não é um Deus, e portanto não faz parte da Divindade. Assim, ele só pode ser considerado a “terceira pessoa a partir da Divindade” expressão que deixa claro não ser ele um Deus.

Nossa história não termina por aqui. Sabemos que Lúcifer se rebelou contra o governo do Céu, tornando-se Satanás, a serpente, o acusador. Por isso, Satanás foi destituído de sua exaltada posição e por fim expulso do Céu:

Houve então batalha no Céu. O Filho de Deus, o Príncipe dos Céus, junto com Seus anjos leais, empenhou-se em conflito com o arqui-rebelde e os que a este se uniram. O Filho de Deus e os anjos sinceros e leais prevaleceram, ao passo que Satanás e seus simpatizantes foram expulsos do Céu.” A Verdade Sobre os Anjos, pág. 45

Caindo Lúcifer de seu elevado posto, poderíamos imaginar que este ficara vazio, por não estar mais lá o seu antigo ocupante. Entretanto, o espírito de Profecia nos mostra que houve um ser que foi elevado a este posto que outrora fora de Lúcifer. Vejamos alguns textos esclarecedores do espírito de Profecia sobre esta questão:

Na crise suprema, quando coração e alma se rompem sob o fardo do pecado, Gabriel é enviado para fortalecer o divino Sofredor, animando-O a prosseguir no caminho manchado de sangue. Signs of the Times, 9 de dezembro de 1897.

Nessa horrível crise, quando tudo estava em jogo, quando o misterioso cálice tremia nas mãos do Sofredor, abriu-se o Céu, surgiu uma luz por entre a tempestuosa treva da hora da crise, e o poderoso anjo que se acha na presença de Deus, ocupando a posição da qual Satanás caíra, veio para junto de Cristo. O anjo não veio para tomar-Lhe o cálice das mãos, mas para fortalecê-Lo a fim de que o bebesse, com a certeza do amor do Pai.” A Verdade Sobre os Anjos, pág. 195

As palavras do anjo: "Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus", mostram que ocupa posição de elevada honra, nas cortes celestiais. Quando viera com uma mensagem para Daniel, dissera: "Ninguém há que se esforce comigo contra aqueles, a não ser Miguel [Cristo], vosso príncipe." Dan. 10:21. De Gabriel, diz o Salvador em Apocalipse: "Pelo Seu anjo as enviou e as notificou a João, Seu servo." Apoc. 1:1. E a João o anjo declarou: "Eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas." Apoc. 22:9. Maravilhoso pensamento - que o anjo que ocupa, em honra, o lugar logo abaixo do Filho de Deus, é o escolhido para revelar os desígnios de Deus a homens pecadores.” A Verdade Sobre os Anjos, págs. 152, 153

Os textos acima revelam claramente que o anjo Gabriel foi elevado à posição da qual Satanás (Lúcifer) havia sido destituído, e é ele o ser comissionado por Deus para revelar Seus desígnios aos homens pecadores. Por ocupar o lugar que outrora pertencera a Lúcifer, é ele que passou a ser a terceira pessoa a partir da divindade:

 

Gabriel... o anjo que ocupa, em honra, o lugar logo abaixo do Filho de Deus

Assim, segundo o espírito de Profecia, após a queda de Lúcifer, a hierarquia do universo ficou da seguinte forma:

    -1ª pessoa a partir da Divindade: Deus Pai, que é Deus;

    -2ª pessoa a partir da Divindade: Jesus Cristo, que é Deus;

    -3ª pessoa a partir da Divindade: Gabriel, querubim cobridor, que não é Deus.

Percebemos então que o entendimento da citação de Ellen G. White “third person of the Godhead” deve continuar sendo o mesmo: “TERCEIRA PESSOA A PARTIR DA DIVINDADE”, uma vez que quando o ser que era a terceira pessoa a partir da Divindade - Lúcifer, um anjo criado - foi destituído de seu posto, foi colocado em seu lugar outro ser criado - Gabriel, um anjo, que também não é Deus. Confirmando então o que entendemos até aqui temos que:

-  o anjo Gabriel, querubim cobridor, é atualmente a terceira pessoa a partir da Divindade, posição que uma vez pertenceu a Lúcifer.

Uma vez que compreendemos isto, voltemos ao texto do livro “O Desejado de Todas as Nações”, pág. 671, objeto de nossa análise, buscando agora compreendê-lo na íntegra:

Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira pessoa a [da / a partir da] Divindade, a qual viria, não como energia modificada, mas na plenitude do divino poder. É o espírito que torna eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mundo. É por meio do espírito que o coração é purificado. Por Ele torna-se o crente participante da natureza divina. Cristo deu Seu espírito como um poder divino para vencer toda a tendência hereditária e cultivada para o mal, e gravar Seu próprio caráter em Sua igreja.” DTN, pág. 671

Sobre este texto, já havíamos chegado às seguintes conclusões:

1 - O Pai, atendendo a oração de Jesus, dá glória ao Seu Filho (o glorifica - ver I Ped. 1:21);

2 - Jesus, tendo recebido a promessa do Pai, concede a plenitude de Sua glória, que é o Seu espírito, à terceira pessoa (Atos 2:32, 33; DTN pág. 671);

3 - Mediante a operação da terceira pessoa, a glória é concedida aos discípulos (DTN pág. 671), na medida do que estes podem suportar (II Cor. 3:18).

Pela análise do processo, percebemos que a terceira pessoa recebe a plenitude do poder divino de Cristo e o comunica para os homens.

Agora que entendemos que a terceira pessoa a partir da Divindade é Gabriel, vemos que é pela atuação dele que a glória de Jesus (que vimos ser o “Consolador”, o espírito Santo da promessa)é transmitida para os homens. Gabriel vem na plenitude do poder divino, ou da glória divina, uma vez que a glória contém o poder, porque recebe esta plenitude da glória de Jesus, no qual habita a plenitude da Divindade (Colossenses 2:9)

Por ocupar a posição da qual Lúcifer foi destituído, Gabriel também foi investido da função de comandar as hostes de anjos leais. O espírito de Profecia confirma isto, conforme podemos ver pelo texto abaixo:

O anjo mais poderoso do Céu, aquele que ocupava o lugar antes pertencente a Satanás, recebeu ordens do Pai e, revestido da armadura celestial, afastou as trevas de seu caminho. Seu rosto lembrava um relâmpago, e suas vestes eram tão alvas como a neve. …

O rosto que [os soldados romanos] contemplam não é o de um guerreiro mortal; é a face do mais poderoso dos exércitos do Senhor. Este mensageiro é o que ocupa a posição da qual caiu Satanás. Fora aquele que nas colinas de Belém proclamara o nascimento de Cristo. A terra treme à sua aproximação, fogem as multidões das trevas.” A Verdade Sobre os Anjos, pág. 208

Percebemos que Deus, operando por Seu poder na pessoa do anjo Gabriel, fez com que as hostes das trevas, juntamente com o príncipe das trevas, Satanás, fugissem.  Outro texto do espírito de Profecia confirma que as hostes satânicas fugiram de diante de Gabriel naquela ocasião:

Satanás não triunfara. Seus anjos haviam fugido diante da intensa e penetrante luz dos anjos celestes. Queixaram-se amargamente a seu rei, de que a presa lhes fora arrebatada com violência, e que Aquele a quem tanto odiavam havia ressuscitado dentre os mortos.” A Verdade Sobre os Anjos, págs. 210, 211

Através de Gabriel, Deus opera para manter em sujeição as hostes das trevas. Este processo é descrito por Ellen G. White na seguinte citação:

O príncipe da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da divindade, o espírito Santo.” Special Testimonies, Série A, Nº 10, pág. 37 (1897) / Evangelismo, pág. 617

Não podemos confundir o que é o espírito Santo da promessa, o “Consolador”, que conforme vimos é a glória do Pai, com a menção que Ellen G. White faz na citação acima sobre a terceira pessoa a partir da Divindade - Gabriel. Porque ela chama Gabriel de espírito Santo, nesta citação? Simples. Primeiro porque ela mesmo afirma que os anjos são espíritos ministradores:

Precisamos conhecer melhor do que conhecemos a missão dos anjos. Convém lembrar que cada verdadeiro filho de Deus tem a cooperação dos seres celestiais. Exércitos invisíveis, de luz e poder, auxiliam os mansos e humildes que crêem nas promessas de Deus e as invocam. Querubins, serafins e anjos magníficos em poder, estão à destra de Deus, sendo "todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação". Heb. 1:14.” Atos dos Apóstolos, pág. 154.

Assim, fica claro que Ellen G. White afirma serem os anjos “espíritos”. Desta forma, não é sequer estranho que ela chame a Gabriel de “espírito”. A palavra “Santo” significa “separado para um fim sagrado”. Não podemos negar de forma alguma que um anjo que é escolhido para estar logo abaixo de Cristo, e comissionado para revelar os desígnios de Deus a homens pecadores (ver “A Verdade Sobre os Anjos”, pág. 153), foi “separado para um fim sagrado”. Assim, porque Gabriel, um espírito ministrador, foi separado para um fim sagrado, ele é de fato UM espírito Santo. Ele não é o espírito Santo da promessa (conforme já vimos, este é a glória de Deus). Assim como Gabriel é um espírito Santo, uma vez que ele é um espírito ministrador que foi separado para um fim sagrado, outros anjos também o podem ser, na medida que são separados por Deus para um fim sagrado.  A diferença neste caso entre Gabriel e os outros anjos é que aqueles não são a “terceira pessoa a partir da divindade”, como Gabriel o é.

Pelo que vimos até agora, após analisar os dois textos concernentes à terceira pessoa a partir da divindade (“O Desejado de Todas as Nações”, pág. 671 e “Evangelismo”, pág 617), percebemos que Gabriel vem na plenitude do poder divino porque o recebe de Cristo, no qual “habita corporalmente a plenitude da Divindade” (Col. 2:8,9). Uma vez que Gabriel vem até a Terra na plenitude do poder divino, os anjos maus, inclusive Satanás, que compõem as hostes da trevas, fogem de diante da sua presença. Assim, Gabriel pode ser um agente repressor das forças do mal, representadas por Satanás e seus anjos, quando comissionado por Deus para isso. Sendo o mais poderoso anjo dos exércitos do Céu, Gabriel, comissionado por Deus, dirige as hostes de anjos santos na constante batalha travada para restringir os poderes das trevas. Assim, o trabalho de Gabriel, pela ação do poder divino que lhe foi concedido por Cristo, é de restringir as forças do mal (os anjos de Satanás), e também de entregar ao homem a glória que o capacitará a vencer o pecado e resistir o mal,  representado por Satanás e seus anjos. O espírito de Profecia deixa este conceito claro pela seguinte citação:

O mal vinha se acumulando por séculos e só poderia ser restringido pelo eficaz poder do espírito Santo, a terceira pessoa a partir da Divindade, que viria com não modificada energia, mas na plenitude do poder divino.” Testemunhos para Ministros, pág. 392

[Obs.: Embora a versão em língua portuguesa do livro apresente o termo “Trindade”, a invés de “Divindade”, o texto original apresenta o termo “Godhead”, cuja tradução correta é “Divindade”. Por isso, apresentamos o texto com sua tradução correta. Outro ponto pertinente é a colocação da expressão “a partir da”, ao invés da expressão “da”. Esta diferença também existe entre o texto que apresentamos acima e o texto do livro traduzido para o português e editado pela Casa Publicadora Brasileira porque, conforme já vimo anteriormente neste material, o único entendimento possível (e portanto que representa a melhor tradução) do termo “third person of the Godhead”, pertencente ao original inglês deste texto, é: “terceira pessoa a partir da Divindade”.]

Uma vez que Gabriel recebe de Cristo a plenitude do poder divino, ele, a terceira pessoa a partir da Divindade, tem então poder para restringir a mal (Satanás e seus anjos), e também distribui o poder que recebeu para os homens, a fim de que eles sejam capacitados a resistir o mal. Perceba que, mesmo ao Gabriel receber a plenitude do poder divino, ele não passa a possuir este poder para nunca mais o perder. Ele é apenas apresentado como um “conduto transmissor” deste poder (deste particular trataremos com detalhes na próxima seção). Gabriel não se tornou um grande poder para combater o mal porque ele assim o quis. Ele tornou-se um grande poder para combater o mal porque a Providência Divina assim o determinou. Deus o escolheu como conduto, de forma que pela vontade divina Gabriel foi comissionado a entregar-se completamente ao plano da redenção.

Naturalmente, concluímos que se Gabriel hoje desempenha este importante papel na execução do plano da redenção, o faz apenas porque aceitou este plano para sua vida de forma voluntária, uma vez que Deus aceita de suas criaturas apenas uma obediência voluntária, e não compulsória. Ellen G. White mostrou ter esta compreensão do papel de Gabriel quando escreveu a seguinte citação, que traduzimos diretamente do original em inglês do livro “Consels on Health”:

“The Godhead was stirred of pity for the race, and the Father, the Son and the Holy Spirit gave themselves to the working out of the plan of redemption.” Consels on Health, pág. 222

Tradução:

A Divindade moveu-se de compaixão pela raça, e o Pai, o Filho e o espírito Santo deram-se a si mesmos ao executarem o plano da redenção.

(Obs.: Embora a tradução mais correta e mais comumente utilizada do termo “working out” do idioma inglês seja “execução”, a versão que contém a tradução para o português deste livro apresenta como tradução deste termo a palavra “elaboração” que além de praticamente não ser utilizada é altamente tendenciosa neste caso, considerando-se o contexto onde esta está inserida, uma vez que favorece um entendimento trinitariano. Explicamos: Se for utilizado como tradução do termo “working out”a palavra “elaboração”, o texto passa a dar o entendimento de que três serem fizeram parte da elaboração do plano da redenção. Isto contradiria o próprio espírito de Profecia, que afirma claramente que somente “dois”, duas pessoas participaram da elaboração do plano da redenção:

Deus e Cristo sabiam, desde o princípio, da apostasia de Satanás e da queda de Adão mediante o poder enganador do apóstata. O plano da salvação foi elaborado para remir a raça caída, para dar-lhe outra oportunidade. Cristo foi designado para o cargo de Mediador da criação de Deus, destinado desde a eternidade a ser nosso substituto e penhor.” A Verdade Sobre os Anjos, pág. 24

O texto acima afirma que Deus, o Pai, e Jesus Cristo sabiam desde o princípio que o homem cairia. Assim, elaboraram o plano da redenção antes que fosse trazida à existência qualquer criatura. Isto fica explicito pelo texto a seguir:

O plano da nossa redenção não foi um pensamento posterior, formulado depois da queda de Adão. Foi a revelação “do mistério que desde tempos eternos esteve oculto”.” A Verdade Sobre os Anjos, pág. 25

Se só existiam o Pai e o Filho quando o plano da redenção foi elaborado, foram somente eles, duas pessoas, que participaram da “elaboração” de tal plano.)

Percebemos pelo texto do livro “Consels of Health” que vimos acima, que Gabriel, a terceira pessoa da divindade, neste caso chamado de espírito Santo, deu-se ao trabalho da execução do plano da redenção, cumprindo o comissionamento divino, a exemplo do que a Divindade (o Pai e o Filho) havia feito. Já estudamos a pouco que não há qualquer problema em Ellen G. White nominar a Gabriel de espírito Santo. Também vale a pena re-enfatizar que o fato de Gabriel vir à terra na plenitude do poder divino não o qualifica de forma alguma como um Deus, isto porque, segundo a Bíblia, o próprio homem pode receber a plenitude de Deus:

e assim, habite Cristo em vosso coração, ... a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.” Efésios 3:17-20

Assim como o homem, quando recebe toda a plenitude de Deus, mediante o recebimento de Sua glória, não se torna Deus por isso, Gabriel, ao receber a plenitude da glória de Deus, não se torna Deus por isso.

 

4.5 - O derramamento do espírito Santo na visão do profeta Zacarias

Agora que entendemos qual é o papel de Gabriel no processo de outorga da glória divina ao homem, estamos em condições de responder a segunda pergunta que propomos nesta seção:

b) Como se processa a operação da terceira pessoa, ou seja, como ela (Gabriel) recebe a plenitude do poder divino de Cristo e o outorga aos homens?

Para responder esta pergunta, vamos recorrer ao espírito de Profecia. Vemos no livro “Testemunhos para Ministros” uma citação bastante esclarecedora:

A contínua concessão do espírito Santo à igreja é representada pelo profeta Zacarias por meio de outro símbolo, que contém uma admirável lição de encorajamento para nós. Diz o profeta: "E tornou o anjo que falava comigo, e me despertou, como a um homem que é despertado de seu sono, e me disse: Que vês? E eu disse: Olho, e eis um castiçal todo de ouro, e um vaso de azeite no cimo, com as suas sete lâmpadas; e cada lâmpada posta no cimo tinha sete canudos. E, por cima dele, duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e outra à sua esquerda. E falei e disse ao anjo que falava comigo, dizendo: Senhor meu, que é isto? E respondeu e me falou, dizendo:

 Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força, nem por violência, mas pelo Meu espírito, diz o Senhor dos Exércitos. E, falando-lhe outra vez, disse: Que são aqueles dois raminhos de oliveira que estão junto aos dois tubos de ouro e que vertem de si ouro? Então Ele disse: Estes são os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda a Terra." Zac. 4:1-4, 6, 12 e 14. Das duas oliveiras, o óleo dourado era conduzido através de tubos de ouro, para o bojo do castiçal e daí para as lâmpadas de ouro que iluminavam o santuário. Da mesma sorte, dos santos que permanecem na presença de Deus, Seu espírito é transmitido aos instrumentos humanos que se consagram ao Seu serviço. A missão dos dois ungidos é comunicar luz e poder ao povo de Deus. É para receber bênção para nós que eles estão na presença de Deus. Como as oliveiras esvaziam-se nos tubos de ouro, assim procuram os mensageiros celestes comunicar tudo que de Deus receberam.” Testemunhos para Ministros, págs. 509 e 510

O texto acima mostra que a concessão do espírito Santo à igreja é representada pela visão de Zacarias capítulo 4. Nela o profeta vê duas oliveiras, das quais verte um óleo dourado para o bojo (recipiente acumulador) do candelabro. O que representa o óleo da profecia de Zacarias? Outro texto do  espírito de Profecia nos dá a resposta:

O óleo é o símbolo do espírito Santo. Assim é representado o espírito na profecia de Zacarias.” Parábolas de Jesus, pág. 40

Entendemos então que o que verte das oliveiras para o bojo do castiçal é o espírito Santo, representado pelo óleo na visão de Zacarias. O texto do livro “Testemunhos para Ministros” que estamos analisando afirma que as oliveiras são os santos que permanecem na presença de Deus. São também os dois ungidos:

Das duas oliveiras, o óleo dourado era conduzido através de tubos de ouro, para o bojo do castiçal e daí para as lâmpadas de ouro que iluminavam o santuário. Da mesma sorte, dos santos que permanecem na presença de Deus, Seu espírito é transmitido aos instrumentos humanos que se consagram ao Seu serviço.... A missão dos dois ungidos é comunicar luz e poder ao povo de Deus. É para receber bênção para nós que eles estão na presença de Deus. Como as oliveiras esvaziam-se nos tubos de ouro, assim procuram os mensageiros celestes comunicar tudo que de Deus receberam.” Testemunhos para Ministros, pág. 510

Como acabamos de ler, o texto também afirma que os dois ungidos são mensageiros celestes. Estes dois ungidos permanecem na presença de Deus e comunicam tudo o que dEle recebem. Quem são estes mensageiros celestes? Uma citação do livro “A Verdade Sobre os Anjos” nos traz a importante revelação:

"Falei mais e disse-lhe: Que são as duas oliveiras à direita do castiçal e à sua esquerda? E, falando-lhe outra vez, disse: Que são aqueles dois raminhos de oliveira que estão junto aos dois tubos de ouro e que vertem de si ouro? E ele me respondeu: ... São os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda a Terra." Zac. 4:11-14.

Os ungidos que estão diante do Senhor de toda Terra mantêm a posição uma vez outorgada a Satanás como querubim cobridor. Por intermédio dos seres santo

que circundam Seu trono, o Senhor mantém constante comunicação com os habitantes da Terra.” A Verdade Sobre os Anjos, págs. 150 e 151

Percebemos, pela revelação dada no texto acima, que os dois ungidos que estão diante do Senhor de toda a Terra, são dois querubins cobridores. A missão dos dois querubins cobridores é comunicar tudo o que de Deus receberam. Eles recebem o óleo, que é o espírito Santo (a glória divina) e então vêm à Terra e “esvaziam-se”, comunicando aos homens o espírito Santo. Segundo a Bíblia, é desta maneira que o espírito Santo, a glória divina é comunicada aos homens. O Senhor de toda a Terra, mencionado no texto, representa Cristo. A Bíblia mesmo revela que Deus, após a ressurreição de Cristo, o pôs como Senhor de toda a Terra

Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome,  para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra,  e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” Filipenses 2:9-11

Assim, os dois ungidos comunicam aos homens a glória divina (espírito Santo) que receberam de Cristo. Como vimos anteriormente neste estudo, dos querubins cobridores o mais exaltado é Gabriel. Assim, temos que Gabriel é um dos ungidos mencionados em Zacarias 4. Por ser o mais exaltado entre os anjos e o primeiro abaixo de Cristo (a terceira pessoa a partir da Divindade), Gabriel é o mais exaltado entre os dois ungidos, e é por isso que Ellen G. White afirma em diversas citações que ele vem na plenitude do poder divino. Sendo o mais exaltado, é o que mais glória recebe de Cristo, e por isso é o mais capacitado a comunicar glória aos homens.

Ellen G. White compreendia que o derramamento da glória de Cristo (o espírito Santo) se fazia pela ministração dos dois querubins cobridores ungidos de Zacarias 4. Isto fica explícito ao lermos a seguinte citação do livro Evangelismo:

Há homens que ficam nos púlpitos como pastores, professando alimentar o rebanho, enquanto as ovelhas estão morrendo por falta do pão da vida. Há longos e arrastados discursos grandemente compostos de narrativas de anedotas; mas o coração dos ouvintes não é tocado. Pode ser que os sentimentos de alguns sejam tocados, podem derramar algumas lágrimas, mas seu coração não foi quebrantado. O Senhor Jesus tem estado presente ao apresentarem o que se chamava sermão, mas suas palavras eram destituídas do orvalho e chuva do Céu. Davam evidências de que os ungidos descritos por Zacarias (ver capítulo quatro) não lhes haviam ministrado para que pudessem ministrar aos outros. Quando os ungidos se esvaziam pelos canudos de ouro, o dourado óleo flui deles para os vasos de ouro, para escorrer para as lâmpadas, as igrejas. É esta a obra de todo fiel e dedicado servo do Deus vivo.” Evangelismo, pág. 209

O texto declara claramente que o orvalho e chuva do Céu que representam o espírito Santo, não acompanhavam as palavras dos pastores mencionados no texto porque estes não haviam recebido a ministração dos dois querubins ungidos. Ela ainda explica didaticamente como o espírito Santo (a glória) é distribuído às igrejas:

Quando os ungidos se esvaziam pelos canudos de ouro, o dourado óleo flui deles para os vasos de ouro, para escorrer para as lâmpadas, as igrejas.

Assim, percebemos claramente como se processa a operação não somente da “terceira pessoa a partir da Divindade” - Gabriel, como também do segundo querubim ungido para que a glória divina, o “Consolador”, o espírito Santo da promessa, seja comunicada aos homens.

Por tudo o que estudamos até aqui, percebemos claramente qual era o entendimento de Ellen G. White com relação à natureza do espírito Santo e a maneira pela qual é distribuído aos homens e opera no seu coração. Fica claramente estabelecido que não há utilizar os textos da mensageira do Senhor, quando analisados à luz de tudo o que ela escreveu sobre o tema, para apoiar a crença em uma doutrina como a Trindade. Como verificamos que o mesmo ocorre ao analisarmos os textos bíblicos concernentes ao tema, a não crença nesta doutrina hoje resulta da impossibilidade de encontrar qualquer base na bíblia ou nos escritos de Ellen G. White que possa eventualmente apoiá-la. De fato, segundo a revelação divina, não existem três deuses, e sim “dois”, que são “um” - o Pai e o Filho. Portanto:

...Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.” (Apocalipse 5:13). Amém!!!

 

5 - As promessas de Deus são condicionais

Deus, em Seu infinito amor e misericórdia, recheou Sua maravilhosa palavra de promessas para que por elas os seres humanos cativos do pecado fossem fortalecidos. Entretanto, a mesma Palavra de Deus que nos dá a promessa do derramamento da Chuva Serôdia e tantas outras, adverte que há condições que o homem precisa cumprir para recebê-las. Moisés, inspirado por Deus, citou ao povo de Israel antigo quais eram as condições a serem cumpridas para que este recebesse as promessas de Deus:

9 O SENHOR te constituirá para Si em povo santo, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do SENHOR, teu Deus, e andares nos seus caminhos.

10 E todos os povos da terra verão que és chamado pelo nome do SENHOR e terão medo de ti.

11 O SENHOR te dará abundância de bens no fruto do teu ventre, no fruto dos teus animais e no fruto do teu solo, na terra que o SENHOR, sob juramento a teus pais, prometeu dar-te.

12 O SENHOR te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo e para abençoar toda obra das tuas mãos; emprestarás a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado.” Deut. 28:9-12

A aplicação  das palavras contidas no livro de Deuteronômio é extensível a todos os que desejam servir a Cristo Jesus. Nela o Senhor afirma que constituirá para Si como povo santo aqueles que guardarem os mandamentos de Deus (verso 9). Assim, somente aqueles que guardarem os mandamentos de Deus, receberão suas bênçãos.

Um clássico exemplo de que as promessas de Deus são concedidas mediante obediência está em Isaías 58:13, 14:

Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no SENHOR. Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do SENHOR o disse.

Este texto apresenta uma promessa de prosperidade para aqueles que guardarem o dia de sábado como sendo santo e sagrado. Naturalmente, aqueles que não guardarem o sábado não podem ser participantes desta promessa, e não receberão as bênçãos ali prometidas.

Entre as bênçãos prometidas para aqueles que guardam os mandamentos de Deus, em Deuteronômio capítulo 28, está “a chuva no seu tempo”  (verso 12):

O SENHOR te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo

A promessa da chuva aqui apresentada abrange tanto a chuva literal, que traz fertilidade ao solo e por conseguinte prosperidade à terra, quanto a chuva espiritual, ou seja, o derramamento do espírito. Notem que a promessa do verso 12 menciona o derramamento da chuva no seu tempo. Isto significa que, assim como esta promessa se cumpriu no derramamento da chuva temporã, ao tempo predito por Jesus, ela se cumprirá também nos últimos dias, com o nome de Chuva Serôdia, após a lei dominical, conforme está profetizado:

A grande questão que está tão próxima [o cumprimento da lei dominical] eliminará aqueles a quem Deus não designou, e Ele terá um ministério puro, leal, santificado e preparado para a chuva serôdia.” Eventos Finais, pág. 155

 

6 - A Chuva Serôdia - uma das promessas divinas, também é condicional

Todos nós, como adventistas do sétimo dia, aguardamos o cumprimento da promessa do derramamento do espírito Santo, para capacitar os servos fiéis de Deus para pregar a Terceira Mensagem Angélica com poder. Muitos de nós inclusive oramos a Deus repetidas vezes pedindo o cumprimento desta promessa. Assim o fazemos, porque sabemos pela Bíblia e pelo espírito de Profecia que ela certamente virá. Apresentamos abaixo alguns textos que nos dão esta certeza:

Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, regozijai-vos no Senhor, vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva; fará descer, como outrora, a chuva temporã e a serôdia.” Joel 2:23

O derramamento do espírito nos dias dos apóstolos foi a “chuva temporã”, e glorioso foi o resultado. A chuva serôdia será mais abundante, porém. Qual é a promessa para os que vivem nos derradeiros dias? - “Voltais à fortaleza, ó presos de esperança; também hoje vos anuncio que vos recompensarei em dobro.” “Pedi ao Senhor chuva no tempo da chuva serôdia; o Senhor, que faz os relâmpagos, lhes dará chuveiro de água, e erva do campo a cada um.” Zac. 9:12; 10:1.

Esta é uma promessa maravilhosa para todos os que por ela pedem.  Entretanto, vimos na seção anterior que a Bíblia afirma expressamente que somente aqueles que guardam os mandamentos de Deus recebem as promessas divinas. Portanto, sendo a Chuva Serôdia uma promessa divina, a condição para que os homens a recebam é a mesma condição estabelecida para que se receba as outras promessas bíblicas, ou seja, a observância dos mandamentos de Deus. Assim, aqueles que estiverem conscientemente em transgressão de qualquer um dos 10 mandamentos da lei de Deus certamente não receberão o cumprimento da promessa da Chuva Serôdia, não sendo portanto agraciados com uma porção especial do espírito de Deus. A fim de não dar margem a entendimentos errôneos, vamos esclarecer o que significa uma transgressão consciente da lei:

Uma pessoa que tinha o hábito de adulterar, não sabia que isto era pecado. Então, em dado momento, ela recebe um estudo bíblico e toma conhecimento da lei de Deus, que afirma que adulterar é pecado. Até o momento em que não sabia que adulterar era pecado, ela pecava inconscientemente, isto é, sem saber que aquilo era uma transgressão da lei de Deus. A partir do momento em que esta pessoa teve conhecimento da lei de Deus, e descobriu que isto era pecado, caso ela continue a pecar, o estará fazendo conscientemente, ou seja, ao cometer novamente adultério ela o fará sabendo que isto representa uma transgressão da lei de Deus. Assim, percebemos que “pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rom. 3:20) e então “todos os que com lei pecaram mediante lei serão julgados”. Deus não leva em conta o tempo da ignorância, mas desde que o homem tem conhecimento de que algo que faz atualmente é pecado, não poderá receber de Deus as promessas decorrentes da obediência a menos que coloque sua vida em conformidade com os requisitos da lei de Deus que lhe foram apresentados.

 

7 - A Crença na Trindade e o primeiro mandamento

Talvez muitos adventistas do sétimo dia ainda não tenham visto o que é a crença da Trindade adventista segundo reza o manual da igreja. O manual reza o seguinte:

Há um só Deus: Pai, Filho e espírito Santo, uma unidade de três Pessoas co-eternas. Deus é imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo e sempre presente. Ele é infinito e está além da compreensão humana, mas é conhecido por meio de Sua auto-revelação. É para sempre digno de culto, adoração e serviço por parte de toda a criação. (Deut. 6:4; Mat. 28:19; II Cor. 13:13; Efés. 4:4-6; I Pedro 1:2; I Tim. 1:17; Apoc 14:7.)

Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia, 14º edição - 2001, pág. 9.

Como pode ser visto pelo texto acima, a doutrina da Trindade afirma que o espírito Santo é um Deus e que portanto é “digno de culto, adoração e serviço”. Na Bíblia, não encontramos qualquer passagem que ordene a adoração ao espírito Santo. Pelo contrário, a Bíblia afirma expressamente que só se deve adorar ao Pai e ao Filho:

Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.  E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram.” Apocalipse 5:13,14

A doutrina da Trindade afirma também que o espírito Santo é um terceiro ser pessoal, pertencente à divindade, e portanto é Onisciente. Um ser onisciente deve conhecer intimamente o Deus Pai. Mas a Bíblia afirma expressamente que só existem dois seres que são uma unidade e que se conhecem:

Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” Mateus 11:27

E Jesus afirma:

Eu e o Pai somos um.” João 10:30

Assim, aceitar a doutrina da Trindade, significa aceitar a adoração a um deus (o espírito Santo) que não é Deus, segundo a Bíblia. Ao adorarmos um deus que não é Deus segundo a Bíblia, estamos transgredindo o primeiro dos 10 mandamentos, no qual Deus afirma expressamente:

Não terás outros deuses diante de mim.” Êxodo 20:3

Assim, ao aceitar a doutrina da Trindade estamos transgredindo o primeiro mandamento, pois estamos adorando um deus que não é Deus, e desta forma colocando outro deus diante do Deus vivo.

   

8 - Uma razão suficiente para não receber a Chuva Serôdia

Trazemos agora a lume um conselho impressionante, extraído da revelação, que nos mostra a importância de obedecer a toda a verdade para que se receba a promessa do espírito - a Chuva Serôdia:

Disse o anjo: “Deus operará mais e mais rigorosamente a fim de experimentar e provar cada um entre Seu povo.” Alguns são prontos em receber um ponto; mas quando Deus os leva a outro ponto probante, recuam diante dele e ficam para trás, pois acham que isto golpeia diretamente um ídolo acariciado. Aí têm eles o ensejo de ver o que, em seu coração, está excluindo a Jesus. Prezam alguma coisa mais que a verdade, e o coração não está preparado para receber a Jesus. Os indivíduos são experimentados e provados por um espaço de tempo a ver se sacrificarão seus ídolos e darão ouvidos ao conselho da Testemunha Verdadeira. Caso alguém não seja purificado pela OBEDIÊNCIA À VERDADE, e vença o egoísmo, o orgulho e as más paixões, os anjos de Deus têm a seguinte recomendação: “Estão entregues a ídolos; deixai-os”, e eles passarão adiante à sua obra, deixando esses com seus pecaminosos traços não subjugados, à direção dos anjos maus. Os que satisfazem em todos os pontos e resistem a toda prova, e vencem, seja qual for o preço, atenderam ao conselho da Testemunha Verdadeira, e receberão a chuva serôdia, estando aptos para a trasladação.” Testemunhos Seletos, vol. 1, págs. 64 e 65

Perceba que o texto acima é enfático em afirmar que aqueles que não forem obedientes à verdade serão passados por alto e não receberão a chuva serôdia. Também é claro em esclarecer que somente aqueles que “satisfazem todos os pontos”, ou seja, que manifestarem por palavras e ações obediência implícita à Lei de Deus, receberão a promessa do espírito. Uma obediência parcial à Lei não habilitará ninguém a receber a chuva serôdia. Somente aqueles que abraçarem a mensagem da Justificação pela Fé segundo o Senhor deu a Waggoner e Jones, e a viverem, serão habilitados pelo poder de Deus a guardarem todos os mandamentos da Lei de Deus, e então receberão a promessa, pois segundo Ellen G. White, a própria justiça de Cristo é manifesta no homem quando este observa todos os mandamentos da Lei de Deus (ver Eventos Finais, pág. 172).

Aqueles que serão habilitados pelo poder de Deus a observarem todos os mandamentos de Sua Lei, guardarão também o primeiro mandamento, pois ele faz parte da Lei. O primeiro mandamento afirma expressamente:

Não terás outros deuses diante de mim” Êxodo 20:3

Pelo estudo da seção anterior deste material, verificamos que aquele que aceita a doutrina da Trindade, aceita a adoração a um deus que não é Deus (o espírito Santo), e está transgredindo o primeiro mandamento. Uma vez que só receberão a Chuva Serôdia aqueles que manifestarem observância implícita dos 10 mandamentos da Lei de Deus, todos aqueles que aceitam a doutrina da Trindade, e por conseqüência estão em transgressão do primeiro mandamento, não a receberão, sendo passados por alto pelos santos anjos de Deus, segundo o texto da revelação que vimos a pouco. Assim, aqueles que aceitam a doutrina da Trindade não receberão a Chuva Serôdia porque não cumpriram as condições estabelecidas por Deus para que a recebessem (não manifestam obediência aos 10 mandamentos).

  

9 - Receberão todos os adventistas do sétimo dia luz sobre a questão da Trindade?

A esta altura de nosso estudo você pode raciocinar o seguinte:

Muitos adventistas do sétimo dia não receberam luz sobre este assunto, e sequer sabem que hoje se questiona a respeito da doutrina da Trindade no meio adventista. Seria Deus injusto, não outorgando a promessa do espírito para aqueles que não tiveram oportunidade de receber a mensagem contra esta doutrina, uma vez que estes não terão como realizar uma escolha consciente de manter esta crença ou deixá-la, já que não foram advertidos?

Antes de responder a esta pergunta, vejamos qual é a visão de Deus quando decide sobre o cumprimento de Suas promessas, manifestada através dos escritos de Sua serva:

Há condições para o cumprimento das promessas de Deus, e a oração nunca pode substituir o dever. “Se Me amardes”, diz Cristo, “guardareis os Meus mandamentos.” “Aqueles que tem os Meus mandamentos e o guarda esse é o que Me ama; e aquele que Me ama será amado de Meu Pai, e Eu o amarei, e Me manifestarei a ele.” S. João 14:15 e 21. Aqueles que apresentam suas petições a Deus, reclamando Sua promessa, enquanto não satisfazem as condições, ofendem a Jeová. Apresentam o nome de Cristo como autoridade para o cumprimento da promessa, porém não fazem aquilo que demonstraria fé em Cristo e amor a Ele.

         Muitos infringem a condição sob a qual são aceitos pelo Pai. Devemos examinar minuciosamente o ato de confiança de nos achegarmos a Deus. Se somos desobedientes apresentamos ao Senhor uma nota para ser paga, quando não preenchemos as condições que no-la tornaria pagável. Expomos a Deus Suas promessas e Lhe pedimos cumprir as mesmas, quando se o fizesse desonraria Seu nome.” Parábolas de Jesus pág. 143

Obs.: Antes de analisarmos o texto acima, gostaríamos apenas de salientar que aqui estamos analisando as promessas feitas por Deus aos homens sob condição de obediência. Estas não incluem as promessas incondicionais de Deus, como por exemplo a promessa do arco-íris, feita a Noé,  ou mesmo a promessa de justificação pelo sacrifício, que é imputada ao homem sem que haja a exigência de que ele esteja em conformidade com a Lei - pelo contrário, é através dela que o homem pode ser colocado em conformidade com a Lei divina.

O texto acima traz duas afirmações claras sobre qual é a posição de Deus quanto a outorgar Suas promessas condicionais para os que não estão em conformidade com Sua Lei. Segundo Deus, nossa maior prova de amor a Ele é a manifestação de obediência aos Seus mandamentos.  Para Ele, aqueles que reclamam Suas promessas condicionais e não guardam Seus mandamentos O ofendem. Na Sua visão, se Ele outorgasse Suas promessas feitas para aqueles que não estão em conformidade com Seus mandamentos, isto desonraria ao Seu nome.

Sabemos que Deus é, acima de tudo, amor e justiça, e Sua justiça é tão perfeita que todos os seres criados, inclusive Satanás, a reconhecerão no futuro breve (ver Rom. 3:4-6). Assim, sendo um Deus justo, Ele não discrimina nenhum filho Seu que lhe suplica suas promessas por estar em desconformidade com Sua vontade sem que este filho o saiba. Deus, em Seu infinito amor e misericórdia, sempre apresenta ao homem as promessas decorrentes da obediência quando lhe apresenta um dever a ser cumprido. Se por um lado este filho percebe que há uma dificuldade a ser superada para cumprir um dever para com Deus que lhe foi recém apresentado, ele é fortalecido pela esperança de uma maravilhosa promessa a ser cumprida que lhe é apresentada por Seu criador caso ele confie no poder divino e supere o obstáculo. Um exemplo disto é a própria promessa dada por Deus para aqueles que guardarem o sábado, contida em Isaías 58:13 e analisada na seção 1 deste material. O homem se vê diante das dificuldades que Satanás lhe coloca procurando impedir que ele guarde o sábado. Em contrapartida, Deus lhe confere a preciosa promessa de Isaías 58:13 que lhe motiva e fortalece para que seja fiel ao mandamento. O mesmo ocorre no tocante à chuva serôdia. Vimos que ela cairá somente sobre aqueles que estiverem em conformidade com todos os mandamentos, resistindo a toda a prova (I T. S. 64, 65). Mas para que o homem possa estar em conformidade com a Lei é necessário que ele primeiro conheça todas as suas exigências. É preciso que Deus mostre ao homem, passo a passo, os deveres a serem cumpridos, permitindo que ele seja provado cada vez mais, para que seu caráter possa ser moldado e sua vida possa ser colocada em conformidade com a lei. Isto significa que para todos aqueles que buscarem sinceramente saber a verdade e andar em conformidade com a Lei divina, Deus lhes conduzirá a conhecerem toda a verdade, e isto inclui a mensagem de que a crença na Trindade representa uma transgressão do primeiro mandamento da Lei de Deus. Assim, todos os adventistas sinceros serão conduzidos por Deus a receberem e aceitarem a mensagem de que a crença em uma Trindade é transgressão aberta do primeiro mandamento, segundo o processo assim descrito pela serva do Senhor:

Disse o anjo: “Deus operará mais e mais rigorosamente a fim de experimentar e provar cada um entre Seu povo.” Alguns são prontos em receber um ponto; mas quando Deus os leva a outro ponto probante, recuam diante dele e ficam para trás, pois acham que isto golpeia diretamente um ídolo acariciado. Aí têm eles o ensejo de ver o que, em seu coração, está excluindo a Jesus. Prezam alguma coisa mais que a verdade, e o coração não está preparado para receber a Jesus. Os indivíduos são experimentados e provados por um espaço de tempo a ver se sacrificarão seus ídolos e darão ouvidos ao conselho da Testemunha Verdadeira.” Testemunhos Seletos, vol 1, págs. 64 e 65

Perceba que o texto deixa claro que alguns param de prosseguir na caminhada cristã da santificação porque não desejam abandonar algum ídolo acariciado. Muitos podem estar se negando a investigar a doutrina da Trindade à luz da Bíblia, porque idolatram a igreja, pensando que esta é a menina dos olhos de Deus e nunca poderá estar errada. Esquecem-se de que a igreja não é uma estrutura infalível; ao contrário, ela é composta por homens falíveis e estes podem errar. Ao confiar assim implicitamente na igreja, estão fazendo como os judeus do tempo de Jesus, que olhavam para o templo e diziam, “vejam, que pedras!”, considerando-o como símbolo de uma igreja perfeita e inexpugnável aos assaltos do inimigo que só existia de fato em suas mentes iludidas.

Segundo o espírito de Profecia, aqueles que param em algum ponto da caminhada cristã, e por amor aos seus pecados e ídolos acariciados não permitem que o Senhor continue a operar uma obra de transformação de seu caráter, começarão a negar a luz, até que passem por completo para as fileiras do inimigo:

Se vos entregais à dureza de vosso coração, e por orgulho e justiça própria não confessais vossas faltas, sereis abandonados às tentações de Satanás. Se quando o Senhor revela vossos erros não vos arrependeis ou os confessais, Sua providência os trará uma e outra vez sobre o mesmo terreno. Sereis abandonados a cometer erros da mesma natureza, continuareis carecendo de sabedoria, e chamareis ao pecado justiça, e a justiça pecado. A multidão de enganos que prevalecerão nestes últimos dias os rodearão e trocareis de líderes sem saber-lo. Review and Herald, Vol. 2, pág. 449

Pelo texto acima, percebemos que Deus deixa claro que aqueles que não abandonam um pecado acariciado revelado por Ele, passarão a negar mais e mais a luz, até que mudarão de líder sem o saber. Assim, de acordo com este texto, podem haver adventistas que, por estarem na negligência de um dever conhecido para com Deus, ou por estarem recusando-se a abandonar um pecado acariciado, podem chegar a não receber a mensagem contra a doutrina da Trindade e mesmo assim serem por ela julgados e achados em falta. Desta forma, veremos cumprir-se o seguinte testemunho, dado pelo Senhor à Sua serva:

Deus a ninguém condenará no Juízo por honestamente haver crido numa mentira, ou conscienciosamente alimentado um erro; mas será por terem negligenciado as oportunidades de se familiarizarem com a verdade. O descrente será condenado não por ser descrente, mas porque não aproveitou os meios que Deus colocou ao seu alcance para habilitá-lo a se tornar cristão.” Testemunhos para Ministros, pág. 437

Desta forma, todos aqueles que crerem na doutrina da Trindade por ocasião da chuva serôdia, seja por terem rejeitado a mensagem que mostra ser ela uma transgressão de mandamento, seja por não terem recebido esta mensagem por desdenharem as oportunidades de recebê-la devido a estarem em negligência de outros deveres conhecidos para com Deus, e por isso impossibilitados de receber maior luz, não a receberão. Também não receberão a chuva serôdia aqueles que, mesmo não crendo nesta doutrina, estiverem vivendo em negligência de deveres conhecidos para com Deus. Como afirma a revelação, somente aqueles que resistirem à toda a prova, pelo poder concedido pelo Senhor, receberão a promessa.       

  

10 - Como serão confirmados no erro os que não receberem a Chuva Serôdia?

Jesus adverte-nos através de Sua serva que somente receberão a chuva serôdia e serão selados com o selo do Deus vivo aqueles que lamentam e choram pelas abominações cometidas na casa de Israel. Veja que tremendo testemunho O Senhor nos deixou sobre esta questão:

A ordem é: “Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela.” Ezeq. 9:4. Esses que suspiram e gemem haviam estado a pregar as palavras da vida, haviam reprovado, aconselhado e suplicado....

A classe que não se entristece por seu próprio declínio espiritual, nem chora sobre os pecados dos outros, será deixada sem o selo de Deus. O Senhor comissiona Seus mensageiros, os homens que têm armas destruidoras nas mãos: “Passai pela cidade após ele, e feri: não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, mancebos, e virgens, e meninos e mulheres até extermina-los; mas a todo homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo Meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa.”Ezeq. 9:6

         Vemos aí que a igreja - o santuário do Senhor - foi a primeira a sentir o golpe da ira de Deus. Os anciãos, aqueles a quem Deus dera grande luz, e que haviam ocupado o lugar de depositários dos interesses espirituais do povo, haviam traído o seu depósito. Colocaram-se no ponto de vista de que não precisamos esperar milagres e as assinaladas manifestações do poder de Deus, como nos dias da antiguidade. Os tempos mudaram. Estas palavras fortaleceram-lhes a incredulidade, e dizem: O Senhor não nos fará bem nem mal. É demasiado misericordioso para visitar Seu povo em juízos. Assim, paz e segurança é o grito de homens que nunca mais erguerão a voz como trombeta para mostrar ao povo de Deus suas transgressões, e à casa de Jacó os seus pecados. Esses cães mudos, que não querem ladrar, são aqueles que sentirão a justa vingança de um Deus ofendido. Homens, virgens e crianças, todos perecerão juntos.” Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 64-66

Pelo claro testemunho apresentado acima, fica evidenciado que já estava profetizado que a IASD - Igreja Adventista do Sétimo Dia, será a primeira a sentir o golpe da ira de Deus. Ao ler este texto, você pode perguntar:

Por que a igreja sentirá a ira de Deus? Ellen G. White não havia afirmado que a igreja é a menina dos olhos de Deus? Estaria a mensageira do Senhor se contradizendo?

A melhor resposta para estas perguntas é que todas as afirmações feitas pela mensageira do Senhor são verdadeiras. Tanto a confortante mensagem que afirma ser a igreja a única pela qual o Senhor tem um cuidado especial quanto a profecia de que a igreja estaria envolvida em uma apostasia sem precedentes logo antes do derramamento da Chuva Serôdia são verdadeiras. O fato é que a segunda, que fala da ira de um Deus ofendido por um povo apóstata que se auto-intitula povo escolhido, Israel espiritual, os adventistas do sétimo dia, se adequa exatamente para o tempo presente. Como podemos afirmar isto? Simples:

O testemunho que lemos afirma que “Paz e Segurança é o grito de homens que nunca mais erguerão a voz como trombeta para mostrar ao povo de Deus suas transgressões, e à casa de Jacó os seus pecados.

Compare as palavras escritas pela mensageira do Senhor, apresentadas acima, com as atitudes dos líderes de igreja atuais. Está ela muito diferente do que foi profetizado? Estão os líderes e pastores erguendo sua voz, mostrando ao povo de Deus as suas transgressões, pregando as mensagens de reforma de saúde,  de educação dadas por Deus à Sua serva para preparar um povo a fim de que permaneça em pé no Dia do Senhor, ou estão a fazer sermões agradáveis, sem pregar o reavivamento e a reforma, tão necessários nos dias de hoje? Se você tem por hábito ler os escritos de Ellen G. White e ir a uma igreja adventista ao menos aos sábados não terá dificuldades de perceber que estamos vivendo neste tempo descrito pelo testemunho.

O texto coloca claramente que aqueles que estão propagando as mensagens “Paz e Segurança” em nosso tempo nunca mais erguerão a voz, como trombeta. Também acusa os autores de tais mensagens de cães mudos, que não querem ladrar. Perceba que o texto não afirma que os líderes que são denominados de cães não sabem ladrar, e sim que eles não querem ladrar. Isto faz uma tremenda diferença. Significa que estes líderes poderiam ladrar, se quisessem. Poderiam anunciar à casa de Jacó os seus pecados. Não o fazem, não porque não podem, mas sim porque não querem, ou talvez porque não seja conveniente no momento. Assim, Deus não os terá por inocentes por haverem traído seu depósito.

Quem serão aqueles selados, que receberão a Chuva Serôdia, segundo o texto? Os que lamentam e choram pelas abominações cometidas na casa de Israel, ou seja, aqueles que oram a Deus pedindo que poupe se possível o Seu povo que está na Igreja Adventista do Sétimo Dia por estar cometendo abominações. Mas que tipo de pecado é caracterizado por Deus como abominação? A Bíblia nos traz uma importante elucidação sobre o tema:

Fez Acabe, filho de Onri, o que era mau perante o SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele.

Como se fora coisa de somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o adorou.

Levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria.

Também Acabe fez um poste-ídolo, de maneira que cometeu mais abominações para irritar ao SENHOR, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele.” I Reis 16: 30-33

O texto acima deixa de forma enfática o conceito de que pelo fato de o rei Acabe ter andado nos pecados de Jeroboão (adorar ao bezerro de ouro), servir e adorar a Baal e fazer um poste ídolo, ele cometeu mais “abominações” do que todos os reis de Israel que foram antes dele. Uma vez que a Bíblia é a palavra de Deus, e portanto uma revelação de Sua forma de ver os fatos, percebemos por este texto que Deus considera o pecado de idolatria como uma “abominação”. Não negamos aqui que Deus também considere outros pecados como abominação (ex.: desonestidade nos negócios - ver Deut. 25: 14,16), mas o que colocamos é que para Deus a idolatria é uma abominação. Ora, a idolatria caracteriza claramente a transgressão do primeiro mandamento, que reza:

Não terás outros deuses diante de Mim” Êxodo 20:3

Vimos anteriormente neste estudo que a crença na doutrina da Trindade também caracteriza claramente a transgressão do primeiro mandamento. Como a crença na doutrina da Trindade implica também na adoração de um deus que não é Deus, ela caracteriza-se também como idolatria, tal qual o culto dos israelitas a Baal. Assim, podemos dizer que o adventistas do sétimo dia, o Israel moderno, que crêem na doutrina da Trindade estão em pecado de idolatria. Uma vez que, como vimos, o pecado de idolatria é abominação aos olhos do Senhor, e a crença na doutrina da Trindade caracteriza-se como idolatria, temos que aqueles que aceitam esta doutrina estão cometendo “abominação” perante Deus. Isto implica então em que aqueles que lamentam e choram pelas abominações cometidas na casa de Israel, que receberão a Chuva Serôdia e serão selados não aceitam a doutrina da Trindade, pois eles estarão exatamente chorando e gemendo pela abominação cometida por aqueles que aceitam tal doutrina.

Satanás, como estudioso das profecias, sabe que o professo povo de Deus, adventista do sétimo dia, alimenta a esperança de receber a promessa da Chuva Serôdia. Assim, para poder manter os adventistas que não estiverem preparados para a receber a chuva serôdia, procurará efetuar uma contrafação. O livro “O Grande Conflito” traz uma citação que confirma esta estratégia do inimigo:

Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos. O espírito e o poder de Deus serão derramados sobre Seus filhos. Naquele tempo muitos se separarão das igrejas em que o amor deste mundo suplantou o amor a Deus e à Sua Palavra. Muitos, tanto pastores como leigos, aceitarão alegremente as grandes verdades que Deus providenciou fossem proclamadas no tempo presente, a fim de preparar um povo para a segunda vinda do Senhor. O inimigo das almas deseja estorvar esta obra; e antes que chegue o tempo para tal movimento, esforçar-se-á para impedi-la, introduzindo uma contrafação. Nas igrejas que puder colocar sob seu poder sedutor, fará parecer que a bênção especial de Deus foi derramada; manifestar-se-á o que será considerado como grande interesse religioso. Multidões exultarão de que Deus esteja operando maravilhosamente por elas, quando a obra é de outro espírito. Sob o disfarce religioso, Satanás procurará estender sua influência sobre o mundo cristão.” O Grande Conflito, pág. 464

Perceba que Satanás procurará introduzir uma contrafação da chuva serôdia “antes que chegue o tempo” para que esta seja derramada sobre o povo de Deus fiel. Onde ele introduzirá sua contrafação? O texto mesmo apresenta a resposta: “nas igrejas que puder colocar sob seu poder sedutor”. A pergunta que nos restaria então seria: será possível que Satanás possa efetuar sua obra de contrafação em igrejas adventistas do sétimo dia?

Um texto extremamente esclarecedor do espírito de Profecia nos traz luz sobre isto:

Se a igreja de Deus se torna morna, não goza do favor de Deus mais que as igrejas que são representadas como havendo caído e se converteram em habitação de demônios e guarida de toda ave imunda e aborrecível. Aqueles que tiveram oportunidades de escutar e receber a verdade e que se têm unido à Igreja Adventista do Sétimo Dia, chamando-se a si mesmos o povo que guarda os mandamentos de Deus e todavia não possuem uma maior vitalidade e consagração a Deus que as igrejas nominais, receberão as pragas de Deus tão certamente como a receberão as igrejas que se opõem à lei de Deus. Letter 35, 1898, Manuscript Releases, Vol. 19, pág. 176

Percebemos portanto que as igrejas adventistas do sétimo dia que estão “mornas” estão na mesma condição que as igrejas de Babilônia, sendo moradas de demônios. Se são moradas de demônios, naturalmente Satanás terá poder sobre elas para operar a sua obra de contrafação da Chuva Serôdia. Assim, segundo a revelação divina, muitas igrejas adventistas do sétimo dia receberão o espírito de Satanás no lugar do verdadeiro espírito de Deus. De uma forma geral, os adventistas trinitarianos, transgressores do primeiro mandamento da Lei de Deus, que cometem abominação perante Ele, por admitirem a adoração a um deus que não é Deus, não poderão receber a promessa divina do derramamento do espírito, e serão “agraciados” (se é que podemos dizer assim) como o espírito de Satanás.

A menos que o poder divino seja introduzido na experiência do povo de Deus, falsas teorias e idéias errôneas cativarão as mentes, Cristo e sua justiça serão deixados fora da experiência de muitos, e sua fé carecerá de poder e de vida. Os tais não terão uma experiência diária e viva do amor de Deus no coração; se não se arrependem zelosamente, estarão entre aqueles que serão vomitados da boca de Deus.” Review and Herald, 3 de setembro de 1889  

 

11 - Quem é a IASD para Deus?

Talvez você, irmão leitor, após ler este compêndio e constatar que líderes apóstatas da IASD trabalharam para "manufaturar" uma crença não baseada na revelação divina relativa ao espírito Santo, pergunte-se: deixou então a IASD de ser o povo de Deus na Terra? Quem Deus reconhece atualmente como sendo a Sua igreja na Terra? Estaria eu enganado por ser adventista?  Antes de iniciarmos as exposições do próximo capítulo, gostaríamos de apresentar um testemunho ao mesmo tempo revelador e confortador, dado por Deus à Sua serva, que esclarece estas dúvidas:

"Deus possui uma igreja. Não é uma grande catedral, nem uma igreja oficialmente estabelecida, nem as diversas denominações, mas, sim, o povo que ama a Deus e guarda seus mandamentos. Porque onde estão dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles. (Mat. 18:20). Ainda que Cristo esteja entre poucos humildes, esta é Sua igreja, pois somente a presença do Alto e Sublime que habita a eternidade pode constituir uma Igreja." Manuscript Releases, Vol. 17, págs. 81, 82

Assim, pelo texto acima, podemos constatar que, uma vez que a organização adventista adotou um credo diferente das escrituras, Deus reconhece como sendo Sua igreja aqueles que procuram adorá-lo em espírito, mas principalmente em Verdade. O que determina se um conjunto de pessoas pertence ao povo de Deus é seu amor a Ele e a obediência aos Seus mandamentos. Desta forma, se você agora descobriu que a adoração deve ser dada somente a Deus Pai e a Seu Filho Jesus Cristo, porque somente eles são Deus, torne-se obediente a partir de hoje, e Ele certamente te reconhecerá como integrante de Sua verdadeira igreja. Deus não leva em conta os tempos de ignorância, mas aprecia que Seus filhos vivam em concordância com a luz que receberam.

Apelamos, portanto a você leitor, que abandone esta doutrina errônea (Trindade) e procure adorar a Deus em espírito e em Verdade, pedindo a Ele que derrame sobre ti a promessa do verdadeiro espírito de Deus - a Sua glória.

Que Deus te abençoe,

Jairo Carvalho

 

Se eu disser ao ímpio: O ímpio, certamente morrerás; e tu não falares para dissuadir o ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniqüidade, mas o seu sangue eu o requererei da tua mão. Todavia se advertires o ímpio do seu caminho, para que ele se converta, e ele não se converter do seu caminho, morrerá ele na sua iniqüidade; tu, porém, terás livrado a tua alma. Eze 33:8

 

HOME