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Capítulo I

Capítulo 63 do livro O Desejado de Todas as Nações.

Quantas vezes ouvistes dizer ou vós próprios o dissestes: 'Não devemos criticar os outros'? Ainda me lembro de existir algo conhecido por crítica construtiva. Encontramo-nos tão afastados desses dias de correcção honesta, que até deixámos de usar tal terminologia. Porquê? Porque quando alguém, nas nossas fileiras hoje em dia, diz que não se deve criticar os outros, está a dizer que deveríamos evitar falar de coisas "negativas", especialmente se dirigidas aos "líderes" da "igreja".

Atrás deste comentário vem quase sempre outro que declara que Jesus nunca condenou ninguém. E mais uma vez este comentário é feito com a intenção de condenar alguém que "não procedeu do mesmo modo que Cristo agiu". Talvez, numa Escola Sabatina, vós tenhais tentado discutir um dos pontos críticos da lição, ou tenhais desafiado algum dos líderes por causa dos seus actos errados e alguém tenha dito (numa deixa): "Jesus nunca condenou ninguém". Quase podeis ouvir as mentes de todos os membros da Escola Sabatina declarando-se aborrecidas com tal intervenção e vós deixais de poder participar na passagem da lição. A vossa influência acabou de perder todo o seu poder!

Mas tais declarações, na realidade, mostram o preconceito do comentário e expõem a ignorância dos que as fazem. Se Jesus nunca condenou ninguém, então porque é que a "igreja" o crucificou? Não é preciso ser-se um génio para verificar a inexactidão deste tipo de afirmação e esta situação mostra apenas que, os que dizem tais coisas, não conhecem o que o Espírito de Profecia e a própria Bíblia ensinam.

Tudo o que temos que fazer é ler os quatro Evangelhos e prestar atenção ao que lá está escrito. Garanto-vos que ireis descobrir em tudo o que lerdes que Jesus, na realidade, condenou os líderes da Associação do Seu tempo. Negar este facto tão óbvio, é negar os mais simples registos históricos do Novo Testamento. Jesus chamou aos líderes apóstatas do Seu tempo "filhos do diabo" (João 8:44), "hipócritas" (Mat. 6:2; 15:7; 23:13; etc.) e "sepulcros caiados" (Mat. 23:27). Ele certamente concordou com João Baptista, o Seu primo, que apelidou os líderes de "raça de víboras" em Mat. 3:7. Na realidade, Jesus disse que João foi o maior profeta que jamais viveu (Mat. 11:11).

É também muito simples provarmos que Cristo condenou os líderes da "igreja" e para isso basta que leiamos muitas das afirmações do Espírito de Profecia. Iremos verificar uma ou duas delas. DTN 666: "O Salvador continuou [o que significa que Ele já o estaria fazendo] as Suas acusações aos escribas e fariseus: 'Ai de vós, condutores cegos! Pois dizeis: qualquer que jurar pelo templo, . . .'". Outro exemplo encontra-se no DTN 668: "Mas quando a obediência a Deus requer abnegação e humilhação, estas mesmas pessoas abafam as suas convicções e recusam obedecer. Deste modo manifestam o mesmo espírito dos fariseus a quem CRISTO CONDENOU" (Tudo o que autor quer enfatizar aparece em letras maiúsculas ou dentro de parêntesis, a menos que seja apresentado de outro modo).

Mais adiante, no nosso estudo, iremos comentar estas passagens, mas um estudante atento precisará de pouco tempo para descobrir que as pessoas que declaram que Jesus nunca condenou ninguém, pela mais simples razão que fosse, não sabem do que estão a falar. Quando passamos a conhecer a verdade sobre este assunto, somos obrigados, pelo amor que temos à Verdade e ao povo de Deus, professo ou não, a ensinar aqueles que continuam ignorantes. Poderemos perguntar-nos a nós próprios: "Onde fomos buscar a ideia de que Jesus nunca condenou ninguém, ou que nós mesmos nunca o deveremos fazer?" A resposta encontra-se no mesmo local onde os discípulos a foram buscar - aos líderes que Cristo condenou.

Eis uma outra afirmação que, em si própria, é maravilhosa mas que, por vezes, serve apenas para calar os reformadores: "Eu só quero ser igual a Jesus". Esta declaração parece tão pia e tão boa. Mas devemos ter muito cuidado com a forma como utilizamos esta afirmação. A questão apropriada para aqueles que tentam usá-la para silenciar uma abordagem honesta em relação à verdade será - tem a certeza de realmente desejar ser como Jesus?

Ser como Jesus é falar tal como Ele falou. Sem pormenorizar, torna-se claro que as palavras e actos de Jesus fizeram com que a Sua própria igreja o matasse! Estaremos nós realmente preparados para ser como Jesus? Se assim acontece, deveremos prestar mais atenção ao que o Seu Pai nos diz para fazermos, em vez de escutarmos os homens que ocupam posições de liderança e as suas opiniões. Foi isto que Jesus fez e, por isso, Ele foi rejeitado por aqueles que se declaravam interessados na justiça, ao mesmo tempo que conspiravam para matar Deus! Eles, os líderes da Associação desse tempo, conseguiram realmente matar Deus e todos os que lhes permaneceram leais, acabaram com o mesmo crime escrito nos livros do céu, mesmo ao lado dos seus nomes. Pense nisso.

E relativamente a esta afirmação: "A igreja continua a avançar"? Acredito que quase todos os que são adventistas, não importando há quanto tempo o são, já ouviram alguém declarar tal coisa de vez em quando. Mas mesmo na própria afirmação em si e na forma como é feita vemos um engano subtil sobre o qual falaremos em detalhe mais adiante. Por agora ficamo-nos com o que estas palavras querem realmente dizer a maior parte do tempo: "A Associação continua a safar-se". Quando as pessoas não querem que a sua vida se torne numa confusão, não tomam a responsabilidade de buscar a sua própria salvação. Em alguns casos, as pessoas estão apenas confusas. Quando dizem que a igreja continua a avançar, querem realmente dizer que a Associação continua a avançar. Isto, como iremos descobrir, é uma vertente "ensinada" pelos que tentam proteger os seus próprios interesses. As palavras "Associação e "igreja", no sentido bíblico, não são a mesma coisa, embora os líderes nos queiram fazer acreditar que sim.

A nossa compreensão da verdade, sobre esta matéria, é crucial e o nosso estudo sobre o Desejado de Todas as Nações será abençoado no sentido de nos ajudar a entender a definição que Deus dá relativamente à igreja verdadeira.

Eis uma outra afirmação: "A Associação é a voz de Deus". A verdade sobre esta questão é que o último comentário de Ellen G. White sobre este assunto ainda permanece válido e nunca foi revogado. Encontra-se em Manuscript Release #37 (a minha família verificou esta matéria junto do Espólio White), escrito em 1901, na página 8: "A Associação Geral de 1901 está trabalhando sobre princípios errados, que trazem à causa de Deus as dificuldades que ela actualmente enfrenta. O povo perdeu a sua confiança naqueles que gerem a obra. Contudo, ouvimos dizer que a voz da Associação é a voz de Deus. Ao ouvir tal coisa, vi-a como blasfémia. A voz da Associação deveria ser a voz de Deus, mas não o é porque alguns dos que a ela se encontram ligados não são homens de fé e oração; não são homens de princípios elevados. Não se busca a Deus de todo o coração; não existe uma compreensão real da terrível responsabilidade que repousa sobre os que, nesta instituição, devem moldar e dar forma às mentes, para que se assemelhem à mente divina".

Se devemos compreender e analisar os princípios que a Irmã White estabeleceu sobre o modo como se devem formar líderes para Deus, então o facto de quem ou o quê é a igreja poderá ser simplesmente determinado a partir das declarações acima citadas. Deverão seguir-se os princípios divinos, ou então nada terá sentido. Notai, também, que ela não fala em "todos" os líderes que estão relacionados com a obra mas em apenas "alguns" líderes. É uma grande diferença que sempre se tem mostrado verdadeira, quando investigada. Quando Jesus, ao subir ao céu, deixou a "verdadeira igreja" do Seu tempo sozinha, nem TODOS os líderes eram apóstatas, mas MUITOS deles o eram. Se o povo esperar pelo dia em que poderá dizer: "Bom, eu sei que os líderes, na estrutura da organização, se encontram em apostasia", antes de poderem decidir sobre qual o caminho a seguir, ver-se-ão do lado de fora da arca, batendo para que a porta lhes seja aberta. Mas a porta já se encontrará fechada há muito.

Vós tereis, provavelmente, ouvido mais uns quantos comentários que se tornaram vulgares nos últimos anos: "Eu não deverei ser responsabilizado pelo que acontece com o meu dinheiro, depois de o entregar à Associação". Oh, realmente!? Por favor, permiti que eu demonstre o quão ridículo é este comentário nos nossos dias. Digamos que vós e eu nos encontramos a percorrer uma rua de uma das grandes cidades aqui na América. Vamos discutindo sobre quão maravilhoso o Senhor tem sido para nós e relatando algumas das bênçãos que Ele nos concedeu. A meio dos nossos testemunhos, um homem surge, cambaleante, à nossa frente, vindo de um beco pelo qual passávamos. Em alguns segundos, nós formamos uma opinião sobre ele.

Perante nós encontra-se um homem com um ar sujo e desleixado. As suas roupas e aspecto geral estão em desalinho. Ele diz qualquer coisa sobre não comer há já vários dias e pergunta-nos se, por acaso, não teremos alguns dólares para lhe dar. Ao escutarmos a sua história, não podemos deixar de notar o odor repulsivo que emana da sua pessoa, assim como a sua voz empastada. No entanto, mostramo-nos solidários para com a sua má sorte na vida.

Quando ele termina de relatar os seus problemas, nós oferecemo-nos polidamente para o acompanhar até ao café por onde já tínhamos passado antes. Dizemos-lhe que lhe vamos comprar a refeição que ele tanto deseja mas ele recusa e tenta convencer-nos de que se conseguirá desenvencilhar sozinho se apenas nós lhe dermos o dinheiro necessário.

Agora, irmãos e irmãs, nesta altura, qualquer pessoa que conheça minimamente a vida nas ruas saberá que este homem não nos está a pedir dinheiro para comer, mas sim para beber. Fazendo uma profissão de Cristianismo nesta conjuntura, devemos tomar uma decisão no que diz respeito à resposta a dar a este pedido. Deixai-me colocar-vos uma questão, enquanto contemplais esta cena. Sabendo que este homem irá pegar no dinheiro que o Senhor vos concedeu e se irá dirigir ao bar mais próximo para "comer a sua refeição", não acreditais que o Senhor vos poderá considerar responsáveis por vos desfazerdes assim do vosso dinheiro?

A resposta é demasiado óbvia. Claro que sim. Eis porque nós não deveríamos, nem poderíamos dar dinheiro a este homem. Nós sabemos perfeitamente que aquele homem iria gastar o nosso dinheiro na bebida, se somente nós lho déssemos. Podeis imaginar que Deus não aprovaria tal acto. Bom, o que é que marcou a diferença na vossa decisão? Sim, a informação em vosso poder fez com que compreendêsseis que o Senhor não aprovaria a "ajuda" que daríeis a este homem do modo que ele a desejava.

Agora permiti que vos coloque uma outra pergunta simples. Se sabeis que estais dando para uma causa ou uma igreja em que o dinheiro de Deus vai ser mal gasto, sereis vós responsáveis pelo modo como ele vai ser utilizado? A resposta é tão simples como a anterior. Claro que o sereis! Eu não estou a dizer-vos o que fazer com o vosso dinheiro mas, se não estais a agir de acordo com os princípios correctos, sereis considerados responsáveis. Ao dizer-se, neste tempo e época (estou a relacionar isto com a actual situação da "igreja"), que tudo o que temos que fazer é colocar o nosso dinheiro no saco e que a minha responsabilidade pára aí, é estarmos a ser voluntariamente ingénuos, colocando-nos numa posição perigosa. Ser um bom mordomo significa educarmo-nos relativamente às soluções possíveis, no tocante às melhores capacidades de cada um. Depois de fazermos isto, a nossa responsabilidade estará completa se agirmos de acordo com uma consciência honesta.

O último comentário do qual desejamos falar tem sido ouvido com mais frequência do que os anteriores: "Se a Associação vos riscar dos livros da igreja, estareis irremediavelmente perdidos, a menos que vos arrependeis e que sejais aceites de volta novamente". Mas o Espírito de Profecia ensina claramente que o facto de termos os nossos nomes nos livros da Igreja Adventista do 7º Dia não faz com que, automaticamente, vejamos os nossos nomes inscritos nos registos do Céu. No livro "A Maravilhosa Graça de Deus" (God's Amazing Grace) e na página 249, lemos: "O facto de os nossos nomes se encontrarem nos livros da igreja não nos dará a certeza de termos entrada garantida no reino do céu. Deus pergunta: 'Usastes vós todas as oportunidades para servir e para desenvolver um carácter cristão? Negociastes fielmente com os bens que pertencem ao Senhor? Conhecendo a vontade de Deus relativamente à vossa pessoa, como obedecestes vós a essa vontade?'"

Claro que o contrário também é verdade. Só porque alguém tirou o nosso nome dos livros da "igreja", isso não quer dizer que ele tenha sido riscado do céu. Irmãos e irmãs, se isto fosse verdade, então o próprio Jesus estaria perdido. Pois ninguém poderá ser mais rebaixado do que aquele que é crucificado pela própria igreja!

Assim, tendo em mente estes pontos iniciais, iniciemos o nosso estudo do Desejado de Todas as Nações e dos Paralelismos Proféticos. Lembrem-se que iremos focar, neste nosso estudo, o que aconteceu no tempo de Cristo, fazendo depois o paralelismo com os nossos dias. Capítulo 63 -

DTN 615: "Quinhentos anos antes do nascimento de Cristo, o profeta Zacarias predisse assim a vinda do Rei de Israel." E no fim do seguinte parágrafo: "Surgia mais uma vez a esperança do novo reino.".

Permiti que vos explique algo agora, para que, mais tarde, não sejamos censurados desnecessariamente. O nosso estudo, embora detalhado relativamente a certos aspectos, abrangerá, todavia, os pontos mais importantes e pertinentes. Por necessidade, saltaremos vários parágrafos e palavras, a fim de sermos o mais eficientes possível. Mas para que não nos acusem de tentar enganar-vos, ao passarmos por alto estes parágrafos, desejamos que vos sintais livres para ler tudo o que, nesse livro, é dito, tal como eu tenho feito tantas vezes. Vereis que não iremos depreciar, com os nossos paralelismos, essas partes encobertas e, na realidade, ireis muitas vezes pensar: "Terry, deveria ter usado também este parágrafo!"

Portanto, durante 500 anos, o Senhor deu a conhecer a mensagem de que o Messias vinha a caminho. Mas sabeis o que aconteceu antes de Ele chegar? O sistema educacional dos antigos adventistas tornou-se poluído. Quando Jesus chegou a esta terra, os líderes da Associação "sabiam" mais do que Ele próprio. Lembram-se de quando eles Lhe perguntaram com que autoridade Ele pregava? Eles acusaram-no de não ter autoridade porque Cristo não frequentara nenhuma das suas escolas, não obtendo, por isso, qualquer autoridade da parte deles. Estes mesmos líderes apóstatas fizeram, mais tarde, as mesmas acusações em relação aos discípulos.

Na altura em que Cristo veio a este mundo, a "igreja" possuía uma má concepção deste acontecimento. E onde é que eles foram buscar esta concepção errada? Aos líderes da Associação, claro. O Desejado de Todas as Nações explica isto em detalhe na página 495: "Muitos dentre os ouvintes de Cristo, moradores em Jerusalém, e que não ignoravam o que os governantes preparavam contra Ele, sentiram-se atraídos para Jesus por uma força irresistível. Assaltava-os a convicção de que Ele era o Filho de Deus. Mas Satanás estava pronto para lhes sugerir dúvidas; e para isso o caminho estava preparado pelas suas próprias ideias falsas que tinham quanto ao Messias e à Sua vinda. Acreditava-se em geral que Cristo havia de nascer em Belém, mas depois de algum tempo desapareceria e, na Sua segunda aparição, ninguém saberia donde Ele vinha. Muitos sustentavam que o Messias não teria nenhum parentesco natural com a humanidade. E devido ao conceito popular de a glória do Messias não se cumprir em Jesus de Nazaré, muitos deram ouvidos à sugestão: 'Todavia bem sabemos donde este é; mas, quando vier o Cristo, ninguém saberá donde Ele é.'

"Ao vacilarem assim entre a dúvida e a fé, Jesus descobriu-lhes os pensamentos e respondeu-lhes: 'Vós conheceis-Me, e sabeis donde sou; e Eu não vim de Mim mesmo, mas Aquele que Me enviou é verdadeiro, o qual vós não conheceis'. Pretendiam saber qual deveria ser a origem de Cristo, mas ignoravam-No completamente. Se tivessem vivido em harmonia com a vontade de Deus, conheceriam o Seu Filho quando Este Se lhes manifestou."

Como vêem, o "povo escolhido" de Deus não prestou atenção ao modo como Ele disse que viria. Não podiam discernir correctamente as coisas espirituais porque não viviam "de acordo com a vontade de Deus".

Quando Cristo veio, a "igreja" encontrava-se corrompida pela liderança de professores iludidos. Mesmo os discípulos não estavam imunes a estas coisas e, ao escutarem as palavras de Cristo, "a esperança do novo reino voltou a brotar". DTN 616: ""…a esperança raiou-lhes no coração com o feliz pensamento que Ele [Jesus] estava prestes a entrar na capital, proclamar-Se Rei e firmar o Seu poder real. Ao cumprirem as ordens recebidas, comunicaram a sua agradável esperança aos amigos de Jesus, e a excitação espalhou-se por toda a parte, fazendo com que a expectativa do povo chegasse ao máximo."

Vemos os discípulos de Cristo a espalharem o "evangelho" da vinda de Cristo, incitando o povo com as suas novas. Mas estas "novas" baseavam-se na crença popular do seu tempo, crença essa que lhes tinha sido transmitida pelos seus líderes, homens de concepções erradas. Na realidade, embora os discípulos não o compreendessem, no momento em que incitavam todo o povo, estavam realmente a prepararem-se a eles próprios e ao povo para um grande desapontamento. Vemos aqui um paralelo com o período de 1843. Por causa da crença que se depositou na teologia popular, não se compreendeu plenamente este evento, nem a forma como ele decorreria.

Em 1843, as pessoas pensaram que Cristo estaria prestes a vir novamente. Os líderes do seu tempo tinham-lhes ensinado que a terra era o santuário e se Cristo estava prestes a purificar o santuário, isso só poderia querer dizer que estaria quase a repetir-se a experiência da sua segunda vinda. Foram muitos os que ficaram animados com estas "novas do evangelho" e começaram fervorosamente a partilhar com todos aqueles que se predispunham a escutá-los e a esperança do povo cresceu a ponto de pararem com todas as actividades, deixando mesmo as suas quintas e postos de trabalho. Mas, ao pensarem que estavam a fazer o que era correcto, eles estavam, na realidade, a prepararem-se para o grande desapontamento de 1843-44.

Hoje em dia estáá a acontecer a mesma coisa novamente. Perguntar-me-ãão vocêês como. Pois, eu vou dizer-lhes. O "evangelho" geralmente ensinado hoje (e lembrem-se que estamos
a falar de adventismo) éé que podemos continuar a pecar e porque Deus sabe que somos humanos, salvar-nos-áá mesmo assim. Embora a maioria dos adventistas se possa mostrar excitada com tudo isto, estãão, na realidade, a preparar-se, pela úúltima vez, para o grande desapontamento. Existe uma grande diferençça, contudo. Desta vez seráá um desapontamento eterno e quando se derem conta de que foram enganados, seráá tarde demais.

Porque estamos a estudar os Paralelismos Proféticos, este será o momento exacto para estabelecermos algumas regras-base. Dir-vos-ei neste momento que, neste estudo, iremos descobrir que, na sua essência, nada mudou na História desde há 2000 anos. Digo-vos também que Jesus inspirou intencionalmente a feitura deste paralelismo com o Desejado de Todas as Nações e que graciosamente permitiu que ele surgisse neste momento porque era tempo que isso acontecesse. Tendo isto em mente, façamos uma pausa para falarmos dos "intervenientes" neste drama.

Se tivéssemos vivido há 2000 anos e possuíssemos apenas o conhecimento que os judeus possuíam, saberíamos exactamente quem constituía a igreja nessa altura. A maior parte de nós reconheceria que a "igreja" era o Sinédrio. Teríamos dito que Jerusalém era a "Sede da Associação" e que os sacerdotes, os escribas e os Fariseus eram os líderes da Associação do nosso tempo. E estaríamos correctos, pois basear-nos-íamos nos mesmos pressupostos em que hoje a maioria se baseia. Este facto é bastante óbvio e é até ilustrado pelos versículos da Bíblia já mencionados e também por declarações feitas pelos próprios discípulos, tais como: "Sabes que os fariseus, ouvindo estas palavras, se escandalizaram?" (Mat. 15:12). Será bom também que noteis a resposta dada por Cristo.

Se tivéssemos sido considerados culpados de não estudarmos diligentemente com o objectivo de nos apresentarmos como parte do pensamento popular desse tempo, há 2000 anos, teríamos definitivamente acreditado que a Associação era a igreja e que a Associação era a hierarquia ou o Sinédrio. Negar esta simples verdade é a admissão de uma grande ignorância, ou o topo de uma piedade orgulhosa.

A Irmã White sabia-o certamente e mencionou publicamente este paralelismo muitas, muitas vezes, ao apelidar o povo adventista do 7º dia de "Israel dos tempos modernos". Em cerca de 40 citações dos seus escritos (eu verifiquei-as todas) ela mostra claramente, ao apelidar o povo adventista do 7º dia de "Israel dos tempos modernos", que este paralelismo é verdadeiro.

Nestes últimos anos, muito de vós por certo ouvistes alguém mencionar o termo "adventistas de outros tempos" aplicado ao antigo Israel. Se assim aconteceu, sabereis provavelmente que foi o autor deste livro quem inventou esta frase. O esclarecimento dado anteriormente explica o modo como cheguei a este nome. Se somos o "Israel dos tempos modernos", então não estaremos a fazer mau uso do termo, no sentido espiritual, quando falamos de "adventistas de outros tempos". Por ser assim tão simples e porque quase todos aqueles com quem falei prontamente reconheceram a analogia bíblica, não gastarei mais tempo com explicações. Mas, ao continuarmos com este estudo, se ainda existirem quaisquer dúvidas, as coisas não permanecerão confusas por muito tempo. Se assim acontecer, podereis deparar-vos com muitos mais problemas do que imaginam.

Juntamente com as verdades já mencionadas, surge uma outra que declara que, enquanto nos mantivermos fiéis à linha de pensamento seguida pela Associação, nunca aceitaremos verdadeiramente a Cristo, tal como acontece com as pessoas conflituosas que acabamos por riscar da igreja. Dou-me conta de que isto é difícil de aceitar, mas não será assim tão difícil quanto o foi para as pessoas a quem os discípulos dirigiram tais palavras. O que devemos fazer com esta informação é decidir como iremos reagir em relação a ela. No tempo de Cristo existiam dois grupos: o das pessoas que decidiram continuar a lutar contra estas verdades e o daquelas que se arrependeram por se terem mostrado fiéis àquilo que fez com que Cristo fosse pregado na cruz.

No Seu tempo, como teríamos identificado Cristo e os Seus discípulos? A maioria de nós tê-los-ia reconhecido como ministros que se mantinham a si próprios. Não teriam sido reconhecidos como tendo autoridade para transmitir as suas mensagens e isto é claramente mencionado nas Escrituras. Lembrem-se de que, somente aqueles que começaram a procurar a verdade por si próprios, é que descobriram que os líderes da Associação do seu tempo estavam errados. Todos aqueles que se mantiveram fiéis à ideia autopromovida de que a "igreja" (Associação) estava a avançar, morreram na chacina de 70 DC. Não somente foram eles removidos, desse modo, da face da terra, como o foram também do Livro da Vida do Cordeiro!

Compreendemos nós, irmãos e irmãs, que se não se apoiassem os pastores que avançam pelos seus próprios meios, nada teria acontecido em 1844? Na realidade, o movimento adventista nem sequer teria tido qualquer hipótese de ver a luz do dia. Os nossos antepassados dos tempos modernos foram acusados, pela sua própria igreja, por algumas das coisas que nós hoje somos acusados de praticar. Eles passaram pelas mesmas coisas por que Jesus teve que passar e nós sentimo-nos gratos porque assim foi!

E o que é que inicialmente provocou a queda da estrutura dos tempos antigos? Foi a escolha de um rei. As Escrituras ensinam claramente que tal não foi nunca o plano de Deus. Leiamos o que I Samuel 8:5-8 diz sobre o assunto: "Constitui-nos, pois, agora um rei para nos julgar, como o têm todas as nações. Mas pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei para nos julgar. Então Samuel orou ao Senhor. Disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não é a ti que têm rejeitado, porém a mim, para que eu não reine sobre eles."

O "Israel dos tempos modernos" seguiu estes mesmos passos e depara-se agora com os mesmos problemas. A razão porque Deus não queria que Israel tivesse um rei era bastante aceitável. Não é plano de Deus que seja um homem a dirigir a Sua causa, pois na maior parte das vezes em que isso aconteceu, esse "rei" acabou sempre protegendo o seu próprio reino da destruição que Deus, em seguida, fez cair sobre eles.

DTN 618: "Este dia, que pareceu aos discípulos o mais glorioso da Sua vida, ter-se-ia toldado por nuvens sombrias, se eles soubessem que a cena de regozijo [a entrada triunfal] não era senão um prelúdio dos sofrimentos e morte do Mestre. Embora Ele lhes tivesse falado repetidas vezes do Seu sacrifício certo, com o alegre triunfo do presente esqueceram as Suas dolorosas palavras e anteciparam o Seu próspero reino do trono de David."

O Grande Conflito fala sobre este paralelismo; no momento em que a igreja pensar que está a gozar de algum tempo de prosperidade, surgirá repentina destruição. Jesus tentou avisá-los mas as suas mentes estavam tão cheias de ideias preconcebidas, lá colocadas por sacerdotes corruptos, que as Suas palavras caíram em ouvidos moucos. Embora Cristo tenha renovado os Seus avisos, dirigindo-os ao Seu professo povo através dos vários livros do Espírito de Profecia, hoje em dia e na sua maioria, esses avisos estão caindo também em ouvidos moucos. Num tempo em que a "igreja" proclama a paz e a segurança, num tempo em que a "igreja" espera ansiosamente por dias de prosperidade, estará prestes a cair sobre ela uma repentina destruição.

DTN 619: "Muitos fariseus testemunhavam a cena, e, ardendo de inveja e maldade, procuravam desviar a corrente dos sentimentos populares. Com toda a sua autoridade tentaram silenciar o povo; mas os seus apelos e ameaças não faziam senão aumentar o entusiasmo. Temiam que esta multidão, por ser numerosa, conseguisse coroar Jesus rei. … Declararam que eram ilegais manifestações tão ruidosas e que não seriam permitidas pelas autoridades."

Os Pastores da Associação que testemunharam a cena, encontravam-se cheios de inveja e rancor. Sabeis vós o que é rancor? Se procurardes num dicionário o seu significado, vereis que quer dizer "ódio ou ódio intenso". Porque é que os pastores adventistas de outros tempos odiavam Jesus, Aquele a quem eles declaravam adorar? Lemos também que estes mesmos pastores temiam que o povo fizesse de Jesus o seu rei. Porque é que eles temiam que tal acontecesse?

Eu dir-vos-ei porquê, pois a razão não mudou nestes 2000 anos. Os pastores adventistas temiam que, se o povo fizesse tal coisa, todos acabassem por descobrir quem eles eram na realidade e também qual era o seu tipo de actuação perante o povo. Temiam ainda que a sua autoridade fosse anulada, ficando eles sem trabalho! Temiam perder o controlo sobre o dinheiro, assim como toda a sua autoridade. Quereis saber algo? Eles estavam certos! Espero que estejais a pensar nos paralelismos que se poderão fazer em relação aos dias de hoje.

DTN 621: "Por entre uma cena de regozijo, em que todos Lhe prestavam homenagem, o Rei de Israel chorava; não com lágrimas silenciosas de alegria, mas com pranto e gemidos de inexprimível angústia. …

"As lágrimas de Jesus não eram a antecipação dos Seus próprios sofrimentos."

Jesus tinha alguns inimigos muito reais e terríveis mas Ele sempre mostrou possuir um espírito de amor altruísta. Ele chorou por aquele povo perdido. Partiu-se-Lhe o coração ao saber que a Igreja Adventista dos tempos antigos, essa mesma igreja que ele fundara, O rejeitara. Derramou as suas lágrimas, não por Ele próprio, mas por este povo que declarava ser "a igreja", encontrando-se, no entanto, cego por causa do seu próprio orgulho e teimosia.

DTN 621: "O pensamento da Sua própria agonia não intimidava aquela nobre Alma pronta para o sacrifício. Foi a vista de Jerusalém que afligiu o coração de Jesus - Jerusalém [a Sede dos adventistas de outros tempos], que rejeitara o Filho de Deus e desdenhara o Seu amor, que recusou convencer-se pelos Seus numerosos milagres e que estava prestes a tirar-Lhe a vida. Viu que ela era, na sua culpa de rejeitar o seu Redentor, e o que poderia ter sido caso O houvesse aceitado a Ele, o único que podia curar-lhe a ferida."

DTN 622: "Aí se encontravam registados mais de mil anos do protector cuidado e do terno amor de Cristo, como de um pai que trata com um filho único. Naquele templo os profetas emitiram as suas solenes advertências. Ali foram agitados os ardentes incensários, enquanto o incenso, de mistura com as orações dos adoradores, ascendia para Deus. Ali tinha sido derramado o sangue de animais, tipo do sangue de Cristo. Ali Jeová manifestara a Sua glória sobre o propiciatório. Ali os sacerdotes tinham oficiado, e a solenidade do símbolo e da cerimónia havia continuado por séculos. Mas tudo isto deve ter um fim."

Cristo não desiste facilmente do Seu povo, nem o coloca rapidamente de lado. Durante séculos, Ele trabalhou e cuidou desta igreja que criou mas tudo teve o seu fim. Podereis dizer: "Sim, Terry, os sacrifícios de cordeiros e outros animais terminaram" e teríeis razão; mas voltai atrás e lede toda a citação acima mencionada. Aí se lê que a "igreja" no tempo de Cristo terminara. Porquê? Porque O tinha rejeitado, tornando-se corrupta. Embora Cristo tivesse estado com eles desde o princípio, eles já não representavam a obra e o propósito inicial e, por isso, tudo tinha que terminar. Cristo já não aceitava a sua apostasia e eles deixaram de incorporar a Sua igreja. Existem alguns paralelismos com o que se passa hoje? Se as circunstâncias do nosso tempo forem as mesmas, não se obterão os mesmos resultados que se obtiveram no tempo dos nossos antepassados espirituais? Para o cristão que honestamente procura a verdade, a resposta é clara.

DTN 622: "Nesta altura o Salvador calou-Se e deixou por dizer qual seria a condição de Jerusalém, se tivesse aceitado o auxílio que Deus lhe desejava dar, … O glorioso destino que podia ter exaltado Jerusalém, se a cidade tivesse aceitado o Seu Redentor, surgiu aos olhos do Filho de Deus. …

"Mas a brilhante visão do que poderia ter sido Jerusalém desvaneceu-se dos olhos do Salvador. Compreende o que ela é agora sob o jugo romano, alvo do desagrado de Deus, condenada ao Seu juízo retribuidor."

Prestaram realmente atenção ao que leram, meus amigos? Estarão a ver algum paralelismo profético entre o que se encontra escrito nesta passagem e o que acontece nos nossos dias? Será que vos apercebeis de que a organização adventista do 7º dia cada vez mais se aproxima de Roma? Sabeis vós que serão os adventistas do 7º dia apóstatas que se sujeitarão completamente ao jugo romano, que trairão os verdadeiros adventistas do 7º dia e que estes serão perseguidos, encarcerados e/ou presos?

Com certeza que já tereis ouvido falar, ou mesmo lido vós próprios, a seguinte citação - 1ME 122: "Temos muito mais a temer de dentro do que de fora. Os obstáculos à força e ao êxito são muito maiores da parte da própria igreja do que do mundo. Os incrédulos têm direito de esperar que os que professam observar os mandamentos de Deus e ter fé a fé de Jesus, façam muito mais que qualquer outra classe para promover e honrar mediante a sua vida coerente, o seu exemplo piedoso, a sua influência activa, a causa que representam. Mas quantas vezes se têm os professos defensores da verdade demonstrado o maior entrave ao seu progresso! A incredulidade com que se contemporiza, as dúvidas expressas, as sombras acariciadas, animam a presença dos anjos maus, e abrem o caminho para a execução dos ardis de Satanás."

Haveis notado que ela fala aqui do facto de devermos temer aqueles que são descrentes mas que professam guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus? Existe alguma dúvida nas vossas mentes de que ela está a falar do facto de devermos temer os que se declaram adventistas do 7º dia mas que não vivem de acordo com o que professam? Notai que ela nunca diz que devemos temer os verdadeiros adventistas mas sim aqueles que o professam ser, sem que se vejam as obras correspondentes baseadas na inspiração do verdadeiro adventismo que é a Bíblia e o Espírito de Profecia.

DTN 623: "Cristo veio para salvar Jerusalém e os seus filhos; mas o orgulho, a hipocrisia, a inveja e a maldade dos fariseus impediram-n'O de realizar o Seu intento."

Jesus veio salvar Jerusalém. Quererá isto dizer que Jesus não veio salvar mais ninguém, incluindo os judeus que não viviam em Jerusalém? Lembrai-vos de que a Sua própria mãe não vivia em Jerusalém. A razão porque a cidade de Jerusalém é aqui mencionada é porque Jerusalém era, na realidade, a Sede e, por isso, representava todo o Israel, ou Adventismo Primitivo.

Mas Jesus não pôde salvar a Sede do Adventismo Primitivo. Porquê? Por causa do orgulho farisaico (pastoral), da hipocrisia (ensinando ao povo uma coisa e eles próprios praticando outra totalmente diferente), da inveja (o amor por si próprios em vez do amor pelo próximo e a Deus) e do rancor (ou ódio). Foi por causa destas coisas que Jesus não pôde realizar o que, de outro modo, teria podido fazer. Apercebei-vos vós da gravidade do que aqui está a ser dito? Jesus veio trazer a este povo a mensagem que os teria tornado parte do Seu reino, mas os líderes da Igreja Adventista Primitiva impediu-O activamente de prosseguir com esta obra tão vital. Se tivéssemos que rescrever toda esta situação agora, fá-lo-íamos da seguinte maneira:

Cristo veio salvar Silver Springs e os seus habitantes; mas o orgulho pastoral, que professa uma coisa e faz outra, que protege os seus empregos mas não protege os outros nem a verdade e que odeia as coisas sagradas, impediu muitos de conhecerem a verdade, pessoas essas que, de outro modo, poderiam ter sido salvas.

DTN 623: "Jerusalém tinha sido a filha dos Seus cuidados e como um terno pai chora um filho extraviado, assim chorava Jesus sobre a bem-amada cidade. Como posso renunciar a ti? Como te posso ver votada à destruição? … Quando o sol, em declínio rápido, se ocultasse no céu ocidental, terminaria o dia da graça de Jerusalém."

Jerusalém representava, na realidade, a Sede do sistema religioso que Cristo criara. Israel, os adventistas de outros tempos, era realmente o povo "escolhido" e a quem Cristo confiara uma obra especial. Ele também prometeu que eles sobreviveriam. Mas, tal como aconteceu com cada uma das outras promessas, o povo escolhido ou as esqueceu, ou pura e simplesmente ignorou o facto de que tudo se baseia na obediência às instruções divinas. Os nossos livros dizem-nos que a História se repete e que "nós somos piores do que eles". Se Deus não muda, então esta geração "escolhida" de professos sem fé, juntamente com a sua Sede, sofrerá o mesmo fim dos nossos antepassados descrentes. Se se der o caso de Deus mudar, ninguém poderá confiar Nele, nem poderemos ansiar pela esperança da salvação.

 

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